Publicado em: 31/01/2025 às 11:40hs
A colheita de soja no Brasil avança lentamente, retardando a chegada dos suprimentos aos compradores. No entanto, a China, destino de mais de 70% das exportações anuais brasileiras, não demonstra preocupação com os atrasos.
Em algumas ocasiões, o atraso na colheita do Brasil pode ampliar a janela de exportação da soja dos Estados Unidos, mas, recentemente, tanto os embarques gerais quanto a participação chinesa nas compras norte-americanas têm sido fracos.
As vendas de exportação de soja dos EUA para a China registraram um pico por uma semana em meados de janeiro, mas esse movimento parece ter sido pontual. Nos últimos meses, os volumes semanais de vendas ficaram, na maioria das vezes, abaixo da média, mesmo quando comparados a expectativas mais modestas.
Até 23 de janeiro, as vendas de soja dos EUA para a China no ano comercial de 2024-25 representavam 47% das reservas totais, o menor patamar em 17 anos sem guerra comercial. Outros 9% das vendas foram destinadas a destinos não especificados, um índice dentro da normalidade, sem indicar que as compras chinesas estejam sendo mascaradas.
Em termos de volume, as reservas chinesas de soja norte-americana caíram 3% no comparativo anual, refletindo uma redução semelhante à prevista pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para as importações chinesas de soja em 2024-25. Entretanto, as recentes importações da China ficaram abaixo dessa marca devido à menor oferta do Brasil. As compras chinesas nos meses de novembro e dezembro caíram 15% em relação ao ano anterior, mesmo com um aumento equivalente nos embarques dos EUA.
Além dos atrasos no Brasil, o ministro da Agricultura da China afirmou na última semana que o setor de suínos do país superou uma fase de prejuízos, o que, em tese, poderia impulsionar a demanda por soja. Além disso, as margens de esmagamento da soja na China também apresentaram melhora nas últimas semanas. No entanto, esses fatores ainda não se traduziram em uma retomada das compras chinesas no mercado norte-americano.
Há especulações no setor de que a China tenha antecipado compras de soja dos EUA para evitar possíveis tarifas comerciais. Entretanto, os dados de exportação norte-americanos não sustentam essa tese.
A tendência é que as importações chinesas continuem reduzidas nas próximas semanas, uma vez que as exportações do Brasil em janeiro ficaram abaixo dos níveis do ano passado e das previsões iniciais. No entanto, a partir de fevereiro, a oferta brasileira deve aumentar significativamente, com preços competitivos. Dados de embarque sugerem que as exportações do Brasil no próximo mês superarão a média histórica e podem até rivalizar com os volumes registrados no ano passado, apesar dos atrasos na colheita.
Apesar da previsão de exportações abaixo da média para 2024-25, as vendas de soja dos EUA para destinos fora da China apresentam um desempenho positivo. Até o momento, essas exportações são as terceiras mais altas da história para este período e cresceram 30% em relação ao ano anterior, com destaque para a Europa, onde os volumes estão acima do normal.
A China, no entanto, segue como um mercado crucial, respondendo por 54% das exportações norte-americanas de soja no ciclo 2023-24. Ainda não está claro se esse fluxo comercial será ainda mais afetado, especialmente diante da possibilidade de novas tarifas dos EUA sobre produtos chineses, cogitadas pelo ex-presidente Donald Trump na última quinta-feira.
O mercado reflete essa incerteza com quedas nos preços da soja, especialmente em comparação com o milho. Diante desse cenário, espera-se que agricultores norte-americanos reduzam a área plantada com soja na próxima safra, optando por maior cultivo de milho, o que pode ajudar a equilibrar a oferta de soja nos Estados Unidos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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