Soja

O Lado “Dark” do Agronegócio

A semana terminou em alta,em Chicago o contrato maio/09 fechou em US$11,34/ bushel e o contrato julho/09 fechou em US$9,72/ bushel


Publicado em: 11/05/2009 às 09:34hs

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A semana terminou em alta,em Chicago o contrato maio/09 fechou em US$11,34/ bushel e o contrato julho/09 fechou em US$9,72/ bushel. Na BM&F BOVESPA o contrato junho/09 fechou em US$25,31/saca, e o contrato julho/09 fechou a US$25,15/saca.

Durante as últimas semanas o preço da soja oscilou bastante, mas na última sexta-feira a alta foi influenciada pela China, pois circulava um boato de que este país estava cancelando as importações americanas da commodity. A falta de qualquer informação concreta a este respeito fez os compradores voltarem ao mercado…o mercado desceu no boato e subiu no fato.

Na semana passada estive participando do Seminário promovido pela BM&F BOVESPA e assisti os painéis da soja e do café, e falarei um pouco sobre o que foi apresentado sobre a soja pelos especialistas deste mercado: um consultor brasileiro e um argentino.

Para o brasileiro o cenário a médio e longo prazo é que haverá uma relativa escassez de soja na América do Sul, e um potencial excesso de soja nos Estados Unidos. Segundo ele, as commodities procuram um novo equilíbrio de preço, baseando-se nos fundamentos da oferta e da demanda e estima-se que no segundo semestre o preço da soja será de US$11,10/bushel…vamos aguardar.

Ele também disse que a renda do produtor rural está no pior nível dos últimos 4 anos, isso é fácil de perceber se considerarmos os efeitos da atual crise financeira na renda do produtor, que viu o enxugamento do crédito público e privado, sofre com os problemas climáticos, precisa manter a sua produtividade alta e na hora de vender depara com todo o tipo de problema.

Uma questão interessante que este consultor levantou refere-se ao melhor período de venda da produção, segundo ele no período de maio e agosto historicamente ocorrem os melhores momentos de compra da commodity. Para ele o produtor deve procurar não postergar a compra de insumos para a próxima safra, pois os preços oscilam bastante e os insumos representam uma parcela significativa dos seus custos de produção.

Para o consultor argentino, a situação brasileira é mais favorável que a da Argentina que sofre com a seca em suas plantações, com as questões políticas e com a queda das suas exportações de soja para a China. Mas, ele salientou que o país processa muita soja e exporta produtos com valor agregado e vem lutando contra a pirataria de sementes, o que contribuiu para que a semente exportada tivesse uma melhor qualidade e não fosse portadora de doenças.

Aqui no Brasil ainda impera este “lado dark” do agronegócio, que precisa diminuir, pois acabar é muito difícil. Segundo um executivo do setor a porcentagem de sementes piratas na agricultura brasileira chega a 50% e ela é vendida por cerealistas que compram as sementes, ensacam e vendem, sendo que uma boa parte vem de grandes produtores, que colhem a semente e vendem para as propriedades vizinhas, sem se preocupar com a sanidade e o vigor. Existem também as sementes pirateadas de outros países e que são vendidas sem a autorização do Ministério da Agricultura.

Mas, esse lado dark do agronegócio, onde impera a ilegalidade, a clandestinidade ocorre não só com as sementes, mas nas mudas que não são certificadas, no abate e comércio clandestino de carnes, no agrotóxico falsificado. A ilegalidade só traz prejuízos para o agronegócio, que para ser sustentável precisa combater esse mal, a sociedade também pode ajudar, evitando comprar produtos que venham de fontes duvidosas, e a certificação dos produtos, a rastreabilidade é uma forma de diminuir este lado negro do agronegócio.

Maria Flávia Tavares - www.agroblog.com.br

Fonte: Agroblog

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