Publicado em: 26/07/2023 às 08:00hs
O aumento constante da demanda global por alimentos exige que os agricultores otimizem a produtividade de suas culturas. Neste contexto, a inoculação e co-inoculação têm se mostrado métodos eficazes para aumentar a produtividade da soja, ao mesmo tempo em que oferecem benefícios ambientais significativos.
A inoculação na agricultura é a prática de adicionar microrganismos benéficos (bactérias ou fungos) ao ambiente de crescimento de uma planta para estimular o crescimento vegetal e a produtividade da colheita. No caso da soja, a bactéria Rhizobium é comumente utilizada, uma vez que ela forma uma relação simbiótica com a planta.
Na simbiose, as bactérias habitam os nódulos nas raízes das plantas e convertem o nitrogênio atmosférico que a planta não pode usar em formas de nitrogênio que a planta pode absorver e usar para seu crescimento. Em troca, as bactérias recebem carboidratos e um ambiente protegido da planta. Assim, ambas as partes se beneficiam da relação: a planta recebe nitrogênio, um nutriente essencial, e as bactérias recebem nutrientes e um lugar para viver.
Por outro lado, a co-inoculação envolve a introdução de duas ou mais espécies de microrganismos benéficos. No caso da soja, Rhizobium é geralmente co-inoculado com Azospirillum, uma bactéria que pode promover o crescimento das plantas e auxiliar na fixação de nitrogênio.
A inoculação com Rhizobium e a co-inoculação com Azospirillum oferecem várias vantagens. De acordo com Hungria et al. (2006), a fixação de nitrogênio por esses microrganismos pode resultar em uma economia de até 200 kg de fertilizante nitrogenado por hectare. Este nitrogênio adicional promove o crescimento da planta e, consequentemente, a produtividade da colheita.
Além disso, a inoculação e a co-inoculação contribuem para a sustentabilidade agrícola, pois auxiliam na dinâmica da biota do solo, sendo que, os fertilizantes organominerais, associados aos inoculantes, auxiliam para um maior aproveitamento de seu uso no solo.
A inoculação e a co-inoculação são normalmente realizadas durante a semeadura. O Rhizobium pode ser adicionado diretamente à semente ou ao solo no sulco de semeadura. O Azospirillum pode ser aplicado diretamente às sementes, mas também pode ser aplicado via sulco de plantio e em algumas recomendações, por meio foliar nas fases iniciais da cultura da soja.
É importante garantir que as bactérias estejam viáveis no momento da inoculação. O tratamento das sementes deve ser feito com cuidado, evitando a exposição a altas temperaturas ou condições de seca que possam prejudicar os microrganismos.
Embora sejam principalmente utilizados o Rhizobium e Azospirillum, a inoculação e co-inoculação podem ser realizadas com uma variedade de outros microrganismos, dependendo do tipo de planta e dos objetivos do agricultor. Outros microrganismos comumente utilizados incluem várias espécies de Trichoderma, Pseudomonas e Bacillus, entre outros.
De qualquer forma, a prática da inoculação e co-inoculação na soja, por meio do uso de bactérias benéficas como Rhizobium e Azospirillum, se estabeleceu como uma estratégia eficaz para otimizar a produtividade e a sustentabilidade na agricultura. O uso adequado dessas técnicas pode resultar em benefícios econômicos, de produção e ambientais significativos para o agricultor e para o meio ambiente.
Estudos adicionais e pesquisas em andamento visam aprimorar ainda mais as técnicas de inoculação e co-inoculação. Isso pode levar à descoberta de novas combinações de microrganismos, que podem aumentar ainda mais a produtividade da soja. Além disso, é provável que essas práticas sejam expandidas para outras culturas, levando a benefícios semelhantes em uma ampla variedade de sistemas agrícolas.
Desta forma, o desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação pode permitir que os agricultores inoculem e co-inoculem suas culturas com mais eficiência. Isso poderia incluir novos métodos de aplicação que garantam uma cobertura mais uniforme e eficaz, ou o desenvolvimento de formulações que permitam que os microrganismos sobrevivam em condições adversas por períodos mais longos.
Embora se observem muitos benefícios da inoculação e co-inoculação, existem vários desafios a serem superados para otimizar seu potencial. Um desafio primordial é assegurar a sobrevivência e prosperidade dos microrganismos inoculados em condições de campo. Fatores como a saúde do solo, as condições climáticas, a presença de microrganismos nativos e as práticas de manejo do solo podem impactar na sobrevivência e eficácia dos microrganismos inoculados.
Outro fato importante é a necessidade de pesquisa contínua para desenvolver e aprimorar as técnicas de inoculação e co-inoculação. Apesar de muitos avanços, ainda há um grande desconhecimento acerca da interação entre plantas e microrganismos e como essa relação pode ser utilizada para incrementar a produtividade agrícola.
Como já mencionado anteriormente, a inoculação e co-inoculação são instrumentos valiosos para uma agricultura sustentável, contribuindo para a diminuição da dependência de fertilizantes químicos, ao mesmo tempo em que aprimoram a produtividade das colheitas. É fundamental reforçar que a compreensão e a implementação adequadas dessas práticas são de crucial importância para o futuro da agricultura.
Também é fundamental reconhecer que a inoculação e co-inoculação são apenas componentes de um sistema agrícola mais vasto. Para maximizar a produtividade e a sustentabilidade, é imprescindível que essas práticas sejam incorporadas a uma abordagem holística de manejo do solo, levando em conta outros aspectos, como a rotação de culturas, o manejo de pragas e doenças.
Portanto, diante de todos os fatores apresentados em consequência da crescente demanda por alimentos e da urgência em mitigar os impactos ambientais da agricultura, as técnicas da inoculação e co-inoculação com Rhizobium e Azospirillum, muito provavelmente, terão um papel cada vez mais relevante na agricultura nos próximos anos.
Fonte: Inpress PNI
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