Pragas e Doenças

Soja guaxa mantém viva ameaça da ferrugem asiática em Mato Grosso

Às margens das rodovias de Mato Grosso ?pequenas lavouras? de soja, plantas em estágios diferentes de crescimento e até mesmo atingindo a floração, alerta para a existência das chamadas plantas guaxas, responsáveis por manterem vivas uma das maiores ameaças ao sojicultor: a ferrugem asiática


Publicado em: 20/07/2012 às 14:50hs

Soja guaxa mantém viva ameaça da ferrugem asiática em Mato Grosso

Cenas constatadas nas últimas semanas durante ações de fiscalização pelo coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, e que dão o tom de alerta para o setor produtivo estadual. Na unidade federada o plantio da oleaginosa está proibido, atendendo ao período de vazio sanitário, um mês em vigência.

Conforme Guerra, as plantas aproveitam as condições ideais para sobreviverem e acentuam o grau de risco para a próxima safra. “Temos uma condição de umidade espetacular. Tem planta de soja já florescendo, plantas novas já com ferrguem e um aspecto que vai levar a sobrevivência da doença”, comenta.

Somente na última safra em Mato Grosso – estado que mais produz oleaginosa no Brasil – a ferrugem reduziu os ganhos no campo em produção e produtividade. O ciclo anteriormente projetado em 22 milhões de toneladas na safra 2011/12 encerrou em 21,3 milhões de toneladas, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja). Baixa especialmente vinculada à doença.

Esporos do fungo causador da ferrugem foram identificados pelas regiões norte e sul, especialmente entre Rosário Oeste e Sinop. Além disso, vistos também em cidades como Jaciara, Dom Aquino e Campo Verde, aponta Wanderlei Guerra, do Mapa.

Pesquisadora da Embrapa Soja, Claudine Seixas lembra que os riscos associados à soja guaxa devem-se ao fato de as plantas hospedarem o fungo Phakopsora pachyrhizi. “O fungo que causa a ferrugem sobrevive somente em plantas vivas e a soja é o hospedeiro. Se tem a soja guaxa permite que dure e quando tem a semeadura da safra a doença pode ocorrer”, frisou, em entrevista ao G1.

Em Mato Grosso até o vazio sanitário segue até 15 de setembro. Mesmo período também para Rondônia, Mato Grosso do Sul e Paraná, segundo a Embrapa. “Com o vazio de um ano para o outro vimos a situação mudar favoravelmente. Infelizmente não temos como erradicar a doença do país, mas adotamos as estratégias para diminuir os riscos”, observou Claudine Teixeira.

Fiscalização – Durante a proibição ao plantio, agentes do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) vão percorrer as propriedades para verificar o cumprimento da medida. Pelo menos 50 fiscais do Indea devem visitar propriedades durante os 90 dias de vigência.

Em 2011, 2.813 propriedades foram fiscalizadas durante o intervalo. Ao todo, 331 foram notificadas pela existência das plantas involuntárias e outras 40 multadas pela não eliminação.

A soja é atualmente o principal item comercial do agronegócio matogrossense. Em 2011/12 pelo menos 88 focos da doença foram contabilizados por meio do Consórcio Antiferrugem da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O número deixou a unidade federada na segunda posição do ranking nacional, encabeçado por Goiás, que durante a safra contabilizou 108 casos.