Publicado em: 13/11/2024 às 11:45hs
Seis espécies de cochonilhas-de-escama foram registradas pela primeira vez no Submédio do Vale do São Francisco, uma das principais regiões produtoras de frutas tropicais do Brasil, localizada na área semiárida. As pragas foram encontradas em pomares de manga e uva, causando danos diretos aos frutos e comprometendo a qualidade das colheitas, além de afetar o desenvolvimento das plantas.
Segundo Tiago Cardoso da Costa Lima, pesquisador da Embrapa Semiárido, a identificação das espécies causadoras de danos é fundamental para o manejo integrado de pragas. “Com essa informação, é possível entender melhor a biologia dos insetos e as medidas de controle que podem ser adotadas. Este trabalho contínuo tem sido essencial para apoiar os produtores no monitoramento dessas pragas,” explicou.
As cochonilhas-de-escama, ao se alimentar, podem causar a despigmentação da casca dos frutos e, mesmo após a morte dos insetos, suas carcaças permanecem fixadas à planta, prejudicando a aparência do produto. “É fundamental que os produtores monitorem essas pragas na fase vegetativa para evitar seu aumento populacional e migração para os frutos,” destacou Lima.
Os primeiros relatos de infestação ocorreram entre 2021 e 2022, quando produtores de manga notaram danos em folhas e frutos. Em 2023, a infestação foi observada também em videiras, afetando os troncos e causando até a morte das plantas. Em resposta, a Embrapa Semiárido realizou um levantamento em diversas fazendas dos municípios de Petrolina (PE), Belém de São Francisco (PE) e Curaçá (BA). O material coletado foi enviado ao Centro Estadual de Pesquisa Agronômica (Ceagro), no Rio Grande do Sul, para análise da taxonomista Vera Wolff, e os resultados foram publicados no International Journal of Tropical Insect Science.
Entre as espécies identificadas, duas cochonilhas atacam as videiras: a Melanaspis arnaldoi, que causa danos aos troncos e é registrada apenas no Brasil, e a Aonidiella orientalis, que infesta folhas e pecíolos e é conhecida por afetar uma ampla variedade de plantas hospedeiras, incluindo citros, mamão e manga. Já em mangueiras, foram observadas quatro novas espécies: Mycetaspis personata, Aonidiella comperei, Chrysomphalus aonidum e Hemiberlesia lataniae. A última espécie foi encontrada apenas em folhas, enquanto as outras três infestaram tanto folhas quanto frutos. A Aonidiella comperei é a única ainda não registrada em cultivo de manga em qualquer outro país.
As cochonilhas-de-escama são insetos sugadores que pertencem à família Diaspididae e se destacam pela formação de um escudo protetor, o que dificulta seu controle, especialmente com o uso de inseticidas. De acordo com a taxonomista Vera Wolff, essas pragas podem causar sérios danos, como a deformação de frutos e até a morte das plantas em infestações mais graves. “Quando as cochonilhas estão em grande quantidade, é essencial controlá-las. Para isso, é necessário identificar corretamente a espécie, para aplicar o manejo mais eficaz,” afirmou Wolff.
Além disso, as cochonilhas identificadas foram encaminhadas ao Museu de Entomologia Professor Ramiro Gomes Costa, onde são mantidas em um banco de dados que documenta a distribuição geográfica e a biodiversidade das cochonilhas no Brasil.
Em 2022, a Embrapa Semiárido e seus parceiros registraram outras espécies de cochonilhas no Submédio do Vale do São Francisco, incluindo a Pseudischnaspis bowreyi (cochonilha-de-escama) e duas espécies de cochonilhas-de-cera (Ceroplastes floridensis e Ceroplastes stellifer), com os resultados também publicados na International Journal of Tropical Insect Science.
Esses registros indicam um aumento da importância das cochonilhas na região, o que tem motivado o desenvolvimento de novos projetos focados em estratégias de controle eficazes para essas pragas. O pesquisador Tiago Costa Lima destaca que a identificação e o monitoramento dessas pragas são essenciais para garantir a saúde das culturas e a sustentabilidade da produção agrícola na região.
Fonte: Portal do Agronegócio
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