Pragas e Doenças

Pesquisadores africanos conhecem pesquisas de ponta para controle biológico de pragas de algodão

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 47 unidades da Embrapa, recebeu nesta quarta-feira (30) pela manhã, a visita de uma delegação africana composta por oito pesquisadores que trabalham com algodão.


Publicado em: 31/05/2012 às 13:40hs

Pesquisadores africanos conhecem pesquisas de ponta para controle biológico de pragas de algodão

A visita é uma das ações do Cotton 4, programa de cooperação técnica desenvolvido em parceria entre a Embrapa e a ABC - Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores desde 2007 com o objetivo de empreender ações de pesquisa voltadas ao desenvolvimento da cotonicultura em quatro países africanos: Benin, Burkina Faso, Chade, e Mali.

O algodão é um produto agrícola de extrema importância para cerca de 30 países africanos. Em alguns deles, chega a representar mais de 50% do PIB. Por isso, a ABC e a Embrapa resolveram unir esforços para apoiá-los no desenvolvimento da cotonicultura, com foco em ações de transferência de tecnologias e capacitação.

Segundo o pesquisador da Embrapa África, José Geraldo Di Stefano, que acompanhou a comitiva, a visita teve como objetivo conhecer as tecnologias de ponta desenvolvidas na Unidade em prol do controle de pragas de algodão, para então, identificar e selecionar as de maior interesse que serão incorporadas ao programa de transferência de tecnologias do Cotton 4.

Controle biológico de algodão

A delegação foi recebida pela pesquisadora Rose Monnerat (FOTO), que apresentou os inseticidas biológicos desenvolvidos pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia para controlar insetos transmissores de doenças e pragas agrícolas. Um dos que mais despertou o interesse dos pesquisadores africanos foi o “Ponto.Final”, eficiente no controle de lagartas que atacam culturas agrícolas, inclusive as do gênero Spodoptera (S.frugiperda e S. eridania), que estão entre as piores pragas de algodão no mundo. O “Ponto.Final.” foi desenvolvido a partir de uma bactéria denominada Bacillus thuringiensis (Bt), amplamente utilizada em programas de controle biológico de pragas em nível mundial, por ser eficiente contra as pragas e inofensiva à saúde humana, de animais e ao meio ambiente.

Com apenas um litro por hectare, o produto é capaz de matar as lagartas-alvo, preservando insetos benéficos ao ambiente, como as “joaninhas” e as “tesourinhas”, que também são eficientes como predadoras de lagartas e pulgões. Além disso, recebeu certificação para uso em agricultura orgânica. As bactérias utilizadas no desenvolvimento do “Ponto.Final” e dos outros inseticidas biológicos fazem parte do Banco de Bacilos Entomopatogênicos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que contém mais de 2.300 variedades de bactérias benéficas com potencial para controle biológico.

Ecologia e biossegurança

Depois, eles visitaram o Laboratório de Ecologia e Biossegurança, onde os pesquisadores Carmen Pires e Edison Sujji explicaram as pesquisas de biossegurança de algodão transgênico. A pior praga para a cotonicultura brasileira é o bicudo do algodoeiro, desde as pequenas propriedades da região nordeste até as grandes propriedades do centro-oeste. As diferenças entre os biomas não alteram os prejuízos causados por esse inseto, que são muito grandes em todo o país. Segundo Pires, as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa têm como objetivo estudar a vida desse inseto nos períodos de entressafras e os fatores ambientais associados ao seu comportamento.

Plantas transgênicas resistentes ao bicudo

Por fim, a delegação africana conheceu as pesquisas de interação molecular planta-praga, coordenadas pela pesquisadora Maria Fatima Grossi. Eles foram recebidos pelo pesquisador Wagner Lucena, que explicou as principais linhas de atuação da Embrapa nessa área, dirigidas ao controle de pragas do algodão e de outras três culturas: cana-de-açúcar, café e soja. Segundo Lucena, o objetivo das pesquisas é desenvolver plantas geneticamente modificadas resistentes a pragas e estresses bióticos e uma das principais está voltada ao controle do bicudo do algodoeiro. Os pesquisadores africanos fecharam a visita com uma visita à casa de vegetação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde conheceram as plantas transgênicas resistentes ao bicudo.

Fonte: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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