Pragas e Doenças

Mato Grosso e Goiás lideram ocorrências de ferrugem na soja

Mato Grosso deixou o posto de estado com o maior número de focos de ferrugem asiática na soja nesta safra 2011/12


Publicado em: 15/02/2012 às 19:00hs

Mato Grosso e Goiás lideram ocorrências de ferrugem na soja

Nas últimas semanas, Mato Grosso figurava como o estado onde a doença mais havia se instalado. Agora, ocupa a segunda posição com 82 ocorrências, sendo ultrapassada por Goiás, que soma 87.

Os números são do Consórcio Antiferrugem, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com outras entidades. Juntos, os dois estados concentram 79,3% do total de casos confirmados para o ciclo no país.

Para o gerente-técnico da Associação de Produtores de Soja e de Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas, o fato de as ocorrências terem aumentado em Goiás não significa uma queda na velocidade de disseminiação da doença nas lavouras mato-grossenses. Segundo ele, tudo está associado ao início da colheita no estado vizinho."Ainda temos a mesma preocupação. É natural porque a colheita em Goiás inicou um pouco mais tarde", declarou o representante.

O clima ainda preocupa os sojicultores de Mato Grosso. O excesso de chuvas nas lavouras contribui para elevar a umidade do campo e tornar a cultura mais vulnerável à doença. De acordo com o gerente-técnico, ainda não é possível estimar quanto Mato Grosso perderá nesta safra em decorrência da ferrugem. "Em termos de perdas ainda não sabemos", contou Luiz Nery Ribas. Somente nos últimos seis anos, a doença gerou prejuízos de R$ 9,2 bilhões nas lavouras do estado. No Brasil, as perdas atingiram R$ 36,2 bilhões desde 2004.

Mato Grosso é o principal produtor brasileiro de soja e somente nesta safra deve colher 21,6 milhões de toneladas, resultado 6,3% frente a 2010/11 segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O estado reservou à cultura 6,8 milhões de hectares, o que também representa um avanço de 6,8% ante o ano anterior, com 6,3 milhões de hectares.

A colheita do grão já ultrapassou 24%, com a região oeste registrando maior avanço, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). "Sofremos um período difícil em janeiro com as chuvas intensas que dificulturam a colheita. No final do mês, o clima alinhou, possibilitando o andamento espetacular da colheita de soja. Acreditamos que fevereiro vai avançar muito bem, assim como o plantio da safrinha de milho", disse Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja em Mato Grosso.

O dirigente fala em dificuldades com a colheita da oleaginosa. "Algumas regiões estão colhendo muito bem, mas em algumas propriedades como no eixo BR-163 no norte e nordeste já vemos algumas com produtividade abaixo do esperado em função do excesso de chuva", pontuou Fávaro.

Os problemas gerados pelas adversidades climáticas no início da safra e também durante seu desenvolvimento vão influenciar diretamente o desempenho das lavouras, conforme o setor. "Primeiro houve uma falta de chuva durante o plantio. Depois se estabilizou e veio um excesso, dificultando as aplicações e a ferrguem asiática se instalou. Certamente teremos queda na produtividade", ponderou ainda.