Publicado em: 31/10/2024 às 18:20hs
O atraso no plantio da soja representa um desafio significativo para os produtores, exigindo um planejamento cuidadoso e a implementação de práticas de manejo apropriadas. De acordo com o boletim informativo do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura de soja no estado apresenta um atraso de 14,32 pontos percentuais em relação ao mesmo período da safra anterior, e de 6,59 pontos percentuais em comparação com a média dos últimos cinco anos.
As chuvas irregulares em Mato Grosso dificultaram o cumprimento do calendário de plantio para a safra 2024/25, resultando em um avanço da semeadura de apenas 55,73% dos 12,66 milhões de hectares previstos até meados de outubro. Esse percentual, inferior aos 65% registrados no mesmo período do ano passado, ressalta o impacto das condições climáticas adversas na produção de soja no estado.
O início seco da safra cria um ambiente propício para a proliferação de pragas e doenças, pois as plantas tendem a se debilitar. Com a adoção de medidas corretas, é possível minimizar os impactos dessa situação e garantir a sustentabilidade da produção agrícola. Neste contexto, a orientação de consultorias técnicas se torna fundamental para assegurar bons resultados nas lavouras. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), reconhecida por sua excelência em pesquisa, oferece as ferramentas necessárias para auxiliar os produtores na tomada de decisões adequadas.
A Dra. Lucia Vivan, pesquisadora da área de entomologia da Fundação MT, alerta que a seca pode favorecer a rápida proliferação da mosca branca na soja. Os danos podem se manifestar em estágios iniciais, resultando em fumagina nas folhas, seca e queda prematura, o que pode levar a perdas de produtividade. Além disso, lagartas como a elasmo, coleópteros e a Spodoptera frugiperda já têm causado danos significativos às plantas, comprometendo seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.
"Ademais, a infestação por tripes (Frankliniella schultzei) tem se intensificado em algumas áreas, podendo provocar deformações nas folhas e flores, resultando em queda de produtividade", observa Lucia.
Para minimizar os danos e garantir uma produção sustentável, é essencial o monitoramento constante das lavouras e a adoção de práticas de manejo integrado de pragas, que incluem o uso de produtos biológicos e químicos adequados. A Dra. Lucia ressalta que "o tratamento de sementes é vital neste momento; no entanto, se a seca persistir, a pressão de pragas iniciais, como o cascudinho-da-soja (Myochrous armatus), tende a aumentar. Quando as plantas germinam lentamente, o impacto deste inseto é acentuado, podendo resultar em perdas de plantas."
Na atual safra em Mato Grosso, a região Médio-Norte lidera o plantio, com 73,97% das áreas cultivadas, enquanto a região Nordeste apresenta o menor percentual, com apenas 35,23% da área plantada. A escassez de água causa estresse nas plantas, tornando-as mais vulneráveis ao ataque de nematoides, que se alimentam dos tecidos de raízes debilitadas pela seca.
O risco de infestação por nematoides é significativo, especialmente quando os produtores não têm conhecimento da situação em suas áreas. A Dra. Tania Santos, pesquisadora da área de nematologia da Fundação MT, enfatiza que "a falta de conhecimento sobre a infestação por nematoides pode agravar consideravelmente os problemas, especialmente em anos de seca." O diagnóstico precoce da presença desses parasitas é crucial para a implementação de estratégias de controle eficazes.
"As ferramentas de manejo incluem o uso de cultivares resistentes, a rotação de culturas, o controle biológico e, em alguns casos, a aplicação de nematicidas químicos. A seca pode intensificar os problemas causados por nematoides, tornando o diagnóstico precoce e as medidas preventivas ainda mais essenciais", destaca Tania.
Para um controle eficiente dos nematoides, o primeiro passo é realizar um diagnóstico preciso. "A análise nematológica é a forma mais comum de identificar a presença e a quantidade de nematoides em uma área. Essa análise permite determinar a espécie, raça, população e distribuição dos nematoides, informações essenciais para a escolha das estratégias de controle mais adequadas. Recomenda-se que essa análise seja realizada durante a safra vigente, aproximadamente 70 dias após o plantio, para que o produtor tenha tempo de planejar de maneira assertiva a safra seguinte", afirma Tania.
A precisão e agilidade na tomada de decisões são fundamentais para o sucesso dos produtores que buscam maximizar a eficiência e os resultados no planejamento da safra. Com o intuito de aprimorar seus serviços especializados, a Fundação MT lançou a FMT iD, uma plataforma digital que disponibiliza uma série de ferramentas técnicas acessíveis na palma da mão.
O aplicativo foi desenvolvido para transformar a maneira como os produtores utilizam dados coletados no campo, otimizando suas operações e facilitando as tomadas de decisões.
Fonte: Portal do Agronegócio
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