Publicado em: 03/10/2013 às 08:50hs
Os resultados do trabalho foram editados em um livro lançado na 33ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, em Londrina, nos dias 13 e 14 de agosto.
A pesquisa respondeu diversas dúvidas que o setor ainda possuía sobre a validade do manejo para o controle de percevejos. Os resultados comprovaram que a qualidade (vigor e viabilidade) da semente de soja obtida é idêntica a do sistema de manejo de percevejos do produtor, com a vantagem de exigir um número menor de pulverizações de inseticidas. Para a sociedade isso garante um produto com menos defensivo e ao produtor redução de custos.
Os pesquisadores explicam que o uso racional de inseticidas se tornou uma necessidade e uma exigência crescente para a produção brasileira de soja. “Há um desafio de produção sustentável, visando a redução dos impactos ambientais e evitando a imposição de barreiras comerciais à exportação brasileira de soja e derivados.” Além disso, a ocorrência de populações de percevejos resistentes a inseticidas e surtos populacionais de pragas secundárias, como lagartas e ácaros, se tornaram frequentes nas lavouras de soja do Brasil.
“A pesquisa põe um final a uma onda de controvérsias e falácias sobre o MIP, no tocante à sua aplicabilidade e resultados”, explica o engenheiro agrônomo da cooperativa e Coordenador da Fazenda Experimental, Joaquim Mariano Costa. Ele explicou que estudos aconteceram em 189 localidades de todos os estados da área de abrangência da cooperativa. “Foi validado de maneira definitiva e inquestionável todas as dúvidas existentes sobre os parâmetros fixados pela pesquisa visando aplicação no manejo de percevejos na cultura da soja no Brasil”, complementa.
Ele relatou que os percevejos são atualmente um dos fatores mais impactantes entre as pragas que atacam o sistema produtivo. “No cenário atual da sojicultora brasileira, as táticas de manejo integrado foram negligenciadas, o seu uso foi muito reduzido, contribuindo para um aumento nas aplicações de inseticidas”, revela antes de acrescentar que esse procedimento desencadeou problemas mais sérios com pragas considerando-se níveis e diversidade, assim como a ocorrência de populações de insetos resistentes, levando a ambientes totalmente desequilibrados.
Costa destacou que os resultados obtidos nas unidades conduzidas durante as safras 2010/2011 e 2011/2012 indicam que os critérios recomendados pelo MIP são viáveis no sistema produtivo da soja. Para isso, o monitoramento dos percevejos é fundamental na tomada de decisão de controle e, deve continuar até a fase de maturação da soja. “É importante acrescentar também que os danos variaram de região para região e estiveram diretamente relacionados às diferentes intensidades de ataque da praga.”
Ainda segundo Costa, a Coamo esteve intensamente presente junto com a pesquisa na implantação e desenvolvimento do MIP desde o seu lançamento na década de 70. Ele lembra que em 1981 a Coamo lançou um programa inédito de controle biológico de pulgões do trigo, em 1985 em nível de Brasil foi instalado o primeiro laboratório particular para a produção do inseticida biológico Baculovirus anticarsia, na década de 90 esteve junto com um grupo de trabalho para implantação, monitoramento e estudos do controle biológico de percevejos na microbacia do Rio do Campo, em Campo Mourão. “Esses e outros trabalhos mostram que a Coamo sempre esteve preocupada com a sustentabilidade da agricultura.”
Outro dado levantado mostrou que as aplicações para o controle dos percevejos antes do início do desenvolvimento de vagens não resultaram em melhoria da produtividade ou da qualidade dos grãos, e também não reduziram a densidade populacional de percevejos na fase crítica da soja ao dano da praga. A redução da eficiência de controle ocorreu quando as aplicações foram realizadas com densidades populacionais de percevejos muito acima do nível de controle.
Manejo Integrado de Percevejos
Muitos ainda acreditam que quando se fala em manejo significa não aplicar defensivos na lavoura. Contudo, é preciso mudar essa ideia, segundo o supervisor do Departamento Técnico, Luiz Carlos de Castro. “O manejo é fazer a aplicação com critérios técnicos, ou seja, saber o momento certo de cada ação”, esclarece.
Castro explica que a hora certa da aplicação é o que faz a diferença, e o produtor não deve antecipar o controle de percevejos. “Ele tem que fazer o controle na fase do enchimento do grãos. É nesse período que as populações de percevejos aumentam. Ele tem que realmente ter atenção e fazer o monitoramento e o controle”, orienta.
Outro aspecto destacado pelo supervisor técnico é a necessidade de tomar cuidado com os insetos, como se todos fossem praga. “Existem insetos que realmente prejudicam a lavoura e temos outros benéficos, que chamamos de inimigos naturais . Eles fazem o controle biológico. Por este motivo, o produtor precisa conhecê-los e aplicar produtos seletivos para eles, pois eles fazem o controle biológico sem custo nenhum para o produtor, basta preservá-los”.
PANO DE BATIDA – Um importante aliado do MIP é o pano de batida, uma ferramenta que permite ao produtor em um período muito curto obter uma boa avaliação da área e a quantidade na mão. Castro reforça que o pano de batida não deixou de ser eficiente com as novas tecnologias. “Sem o pano de batida, os insetos caem no chão e você os perde de vista. Então, o pano é uma ferramenta simples, barata e rápida”, afirma o engenheiro agrônomo.
PESQUISA – A pesquisa foi conduzida pela bióloga Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira, pela licenciada em matemática Maria Cristina Neves de Oliveira e pelos engenheiros agrônomos, Luiz Carlos de Castro, Samuel Roggia, Nei Leocadio Cesconetto e Joaquim Mariano da Costa.
SERVIÇO – Exemplares do estudo estão disponíveis na sede da Embrapa Soja, em Londrina.
Fonte: Assessoria de Imprensa Coamo
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