Publicado em: 30/07/2024 às 17:00hs
Na última sexta-feira, 26 de julho, o governo argentino declarou estado de emergência nas províncias de Salta, Catamarca, La Rioja e Córdoba devido a uma infestação de gafanhotos. Os insetos, avistados em grandes números, têm gerado preocupação devido à densidade populacional, embora ainda não haja sinais de migração para outras áreas.
No Rio Grande do Sul, autoridades locais estão monitorando a situação. Entretanto, especialistas consideram o risco de invasão ao estado brasileiro como mínimo. "As temperaturas baixas e o clima desfavorável tornam a invasão ao estado praticamente impossível," afirma a Dra. Kátia Matiotti, taxonomista especializada em gafanhotos e entomóloga com pós-doutorado pela PUCRS. "Além disso, as enchentes recentes e os dias muito frios não criam um ambiente propício para os insetos."
Os gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata, caracterizados por sua coloração amarronzada e capacidade migratória, podem formar enormes enxames que percorrem até 150 km por dia em busca de alimento e condições adequadas para reprodução. "O aquecimento global e o desequilíbrio ambiental são fatores que favorecem a formação dessas nuvens de gafanhotos," explica Matiotti. "Temperaturas elevadas, ambientes secos e a eliminação de inimigos naturais, como pássaros e sapos, contribuem significativamente para essa situação."
Historicamente, o Brasil também já enfrentou severas infestações de gafanhotos, com registros no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina entre 1946 e 1948, causando danos significativos a cultivos como trigo, cevada, milho e feijão. "As nuvens de gafanhotos são uma das pragas agrícolas mais importantes e recorrentes na história," destaca Matiotti. "Elas se formam quando a densidade populacional e condições climáticas favoráveis induzem modificações fisiológicas nos insetos, tornando-os mais escuros e gregários."
Para o controle dessas infestações, Matiotti recomenda um manejo rigoroso e contínuo, especialmente durante o estágio ninfal dos insetos. "É essencial monitorar periodicamente os locais de postura para verificar a eclosão dos ovos," aconselha. "Em estágios mais avançados, o controle químico pode ser efetivo na redução da densidade populacional, seja por meio de aplicações aéreas ou terrestres."
Embora não representem perigo direto à saúde humana, os gafanhotos são altamente prejudiciais às lavouras, ameaçando especialmente culturas permanentes, hortaliças e monoculturas de trigo, aveia, café, arroz e cevada. "A vigilância e o controle são essenciais para proteger nossas plantações e garantir a segurança alimentar," conclui Matiotti.
Fonte: Portal do Agronegócio
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