Publicado em: 29/10/2010 às 21:07hs
No ano de 2009 o Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) recebeu amostras de plantas de batata-doce com manchas e podridão nas porções das ramas próximas do coleto (base das plantas próximas do solo) provenientes de área de produção de batata-doce do Estado. Foi então diagnosticada a doença conhecida como mal-do-pé da batata-doce causada pelo fungo denominado Plenodomus destruens. Este fungo ocorre preferencialmente na base da planta, provocando uma podridão que anela a rama e interrompe a absorção de água e nutrientes (Figura 1). À medida que a cultura se desenvolve, observa-se grande quantidade de material vegetal seco e ramas com folhas murchas ou amareladas (Clark e Moyer, 1988) e a produção é severamente afetada.
Quando o fungo ocorre na fase de estabelecimento da cultura, as plantas murcham e amarelecem, mas parte das ramas atacadas pode sobreviver absorvendo água e nutrientes por meio das raízes adventícias, porém não produz raiz comercial. Quando o ataque ocorre mais tardiamente, as ramas emitidas pelas plantas sadias recobrem toda a superfície. Com isso, torna-se difícil identificar a ocorrência da doença, cujos danos somente são percebidos por ocasião da colheita (Silva et al., 2008).
O início da doença na lavoura se dá pelo uso de ramas sementes contaminadas oriundas de lavouras doentes ou ainda obtidas em viveiros contaminados. A partir das ramas doentes desenvolvem-se as estruturas do fungo na base da planta, onde se produz grande quantidade de esporos que são disseminados principalmente por respingos, contaminando outras partes da planta, porém não desenvolvendo aí as manchas. Portanto, a ramas podem permanecer aparentemente sadias, se tornando fonte de inóculo para novos plantios. O fungo é também disseminado pela incorporação dos restos da cultura, permanecendo no solo por vários anos (Silva et al., 2008; Lopes e Silva, 1993).
A principal medida de controle desta doença deve ser feita pela prevenção, ou seja, evitando a entrada do fungo da área da lavoura. Para tanto, se deve utilizar para o plantio ramas sementes provenientes de plantas sadias. Assim o agricultor deverá ter bastante cuidado com a procedência das ramas que vai utilizar para o plantio. O ideal é que ele mesmo construa seu viveiro de plantas matrizes livres de qualquer sintoma de doenças. O local de formação da lavoura deve ser escolhido de forma cuidadosa, evitando-se áreas onde o mal-do-pé já foi detectado. Nestes casos deve-se proceder ao arranquio e queima de plantas doentes e fazer rotação de culturas por dois ou três anos, preferencialmente utilizando gramíneas. A cultivar “Princesa” apresenta os melhores níveis de resistência para esta doença.
Viviane Talamini - Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Figura 1. Rama da batata-doce com sintomas da doença denominada mal-do-pé causada pelo fungo Plenodomus destruens. (Foto: Viviane Talamini, 2009).
Referências Consultadas
CLARK, C. A.; MOYER, J. W. Compedium of sweet potato diseases. St. Paul: APS Press, p. 74.1988.
LOPES, C. A.; SILVA, J. B. C. Management measures to control foot rot of sweet potato caused by Plenodomus destruens. International journal of pest management, v. 39, p.72-74, 1993.
PRINCESA- Cultivar de Batata-Doce Resistente ao "Mal-do-Pé". Disponível em: http://www.cnph.embrapa.br/cultivares/princesa.htm. Consulta em outubro/2010.
SILVA, J.B.C.; LOPES, C.A.; MAGALHÃES, J.S. Batata-doce (Ipomoea batatas). Embrapa Hortaliças, Sistemas de Produção, 6.
Fonte: Embrapa Tabuleiros Costeiros
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