Pragas e Doenças

Evolução na pesquisa com Vírus do Nanismo Amarelo


Publicado em: 02/12/2010 às 16:23hs

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Os vírus que causam o nanismo amarelo (BYDV e CYDV) têm impacto nas diversas regiões do globo onde se plantam cereais de inverno. O agente causal da “amarelidão dos trigais”, foi registrado pela primeira vez no sul do Brasil em 1929, conforme trabalho publicado pelo pesquisador da Embrapa, Vanderlei da Rosa Caetano. Os trabalhos realizados por Caetano são um marco da pesquisa científica com estes vírus, contemplando espécies vegetais hospedeiras, estudos de transmissão por espécies de afídeos vetoras, caracterização de estirpes do vírus, sintomatologia, epidemiologia, importância econômica e avaliação da reação de genótipos de trigo.

Nos anos de 1970, as populações de pulgões atingiam níveis alarmantes, promovendo todos os anos danos diretos e disseminação em altos níveis do vírus do nanismo amarelo dos cereais. Os estudos na época, visando conhecer o comportamento de variedades de trigo em relação ao BYDV, indicavam que mais de 85% dos genótipos de trigo eram suscetíveis e intolerantes à virose com redução de produtividade acima de 80%. Um fator de mudança neste cenário foi introduzido a partir do final da década, com o controle biológico de pulgões por meio de vespas, um tipo de parasito oriundo principalmente da Ásia, centro de origem do trigo. A era pós-controle biológico foi e continua sendo marcada por uma drástica redução da população e pela importância relativa das espécies de afídeos. Os levantamentos realizados de 2008 a 2010 revelaram que a população atual de afídeos corresponde a 6% da população dos anos 1970 (1971 a 1977).

No trabalho de seleção de plantas de trigo com resistência genética aos vírus, Caetano identificou que 11% dos genótipos disponíveis na década de 1970 apresentaram de moderada tolerância a tolerância, entre eles estavam as cultivares IAC 5 Maringá (moderadamente tolerante) e Londrina (tolerante), que formaram a base de resistência no programa de melhoramento de novas cultivares de trigo. Entre os descendentes destes dois genótipos destaca-se BR 35 apontado como um genótipo a ser utilizado como genitor em programas de melhoramento de trigo que visem à obtenção de combinações genéticas com tolerância ao BYDV. Apesar das alterações na população viral e vetora ocorridas desde a década de 1970, avaliações atuais da reação de genótipos como Londrina, IAC-Maringá e seus descendentes, como BR-35, indicam que a tolerância ao BYDV manteve-se estável. Atualmente, BYDV-PAV é a espécie viral predominante na região sul-brasileira, sendo que os isolados desta espécie são transmitidos eficientemente por R. padi e também por S. avenae e M. dirhodum.

Os estudos conduzidos pela Embrapa, considerando o tripé vírus-vetor-hospedeiro tem reflexos até hoje, seja pelo valor histórico das observações que permitem estudos comparativos entre épocas, seja pela relevância ainda manifesta de fontes de tolerância descobertas no passado que ainda hoje mantém sua efetividade.

Douglas Lau - Pesquisador da Embrapa Trigo

Adriane Rebonatto & Gabriela Parizoto - Pós-Graduação Universidade de Passo Fundo

Fonte: Embrapa Trigo

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