Pragas e Doenças

Como controlar a Ferrugem Asiática da soja através dos fungicidas e do silício?

. Causada pelo pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, ela possui fácil disseminação e pode causar perdas de 30% à 75% na produção, segundo a Embrapa. Entenda sobre as principais estratégias de manejo e fungicidas para combater essa doença


Publicado em: 09/06/2021 às 08:25hs

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A Ferrugem Asiática é considerada uma das doenças mais importantes a ser manejada na soja para qual existe um leque de opções de fungicidas no mercado. Causada pelo pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, ela possui fácil disseminação e pode causar perdas de 30% à 75% na produção, segundo a Embrapa. Entenda sobre as principais estratégias de manejo e fungicidas para combater essa doença. 

O cenário atual de Ferrugem Asiática da Soja 

A Ferrugem Asiática foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2001 e, a partir de então, é monitorada e pesquisada por um grupo composto por instituições públicas e privadas, que recebe o nome de "Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas - FRAC". 

Ela é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, um micoparasita pertencente ao gênero pertence Acremonium. Os micoparasitas podem estabelecer dois tipos de interações com a planta: necrotróficas ou biotróficas. 

Enquanto na interação na interação necrotrófica o parasita destrói a célula hospedeira, na interação do tipo biotrófica, o fungo obtém nutrientes de células vivas, com pouco ou nenhum dano aparente para o hospedeiro, sendo a última o caso do fungo Phakopsora pachyrhizi. 

Geralmente, a invasão é freqüentemente iniciada por meio do enrolamento ou penetração direta das hifas, que são estruturas que permitem o desenvolvimento dos fungos. 

Devido a facilidade de dispersão, a Ferrugem Asiática não respeita fronteiras agrícolas. Isso faz com que países vizinhos do Brasil, como Bolívia e Paraguai, possuam um grande efeito na disseminação do fungo via correntes aéreas, por apresentarem um ciclo cultural em épocas anteriores ao do nosso país. 

soja-ferrugem-verde

Os sintomas causados pela ferrugem asiática são caracterizados pelo aparecimento de pontos mais escuros do que o tecido nas folhas inferiores da planta, que posteriormente evoluem para uma coloração castanho-claro generalizada. (Fonte: YORONORI, 2006) 

Pra o controle da doença, são utilizados dados vindos de pesquisas realizadas no Brasil inteiro e várias estratégias de manejo são tomadas baseadas na realidade do agricultor e visando o melhor controle da doença. Dentre essas estratégias de manejo da Ferrugem Asiática destacam-se: 

  • Fazer vazio sanitário de acordo com a sua região de produção; 
  • Utilização de cultivares precoces de soja; 
  • Realizar a semeadura no início da época recomendada para a sua região; 
  • Uso de cultivares com gene(s) de tolerância; 
  • Uso de fungicidas sempre revezando o princípio ativo. 

O controle químico com o uso de fungicidas é uma das estratégias mais utilizadas pelos agricultores dentro do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP). Mas como utilizar esses produtos de maneira responsável e eficiente? 

O uso de fungicidas para o combate da Ferrugem Asiática 

Os fungicidas fazem parte do controle químico, um dos cinco pilares do Manejo Integrado de Pragas e Doenças, também conhecido como MIP. Ou seja, a utilização dos fungicidas de forma isolada pode não ser eficiente para o controle efetivo da doença e sempre deve estar atrelado as demais técnicas de controle preconizadas pelo MIP, sendo eles: 

  • Controle biológico; 
  • Controle cultural; 
  • Controle genético; 
  • Controle varietal. 

Os produtos utilizados para controle químico possuem diferentes princípios ativos com mecanismos específicos de ação para controlar o fungo. Dessa forma, por mais que exista uma diversidade aparente de marcas e produtos, o mesmo não acontece com os princípios ativos. 

Os princípios ativos se referem a substância que exerce os efeitos esperados com o produto e geralmente a falta de entendimentos dos agricultores e profissionais da área, criam a conhecida resistência de pragas e doenças. 

O conceito é bem simples: Se aplicarmos sempre o mesmo princípio ativo, podemos acabar selecionando os fungos mais resistentes, eles vão se reproduzir, e na próxima safra esse mesmo fungicida perderá a eficiência de controle. 

A importância de utilizar diferentes princípios ativos de fungicidas no controle da ferrugem asiática da soja é justamente uma orientação do FRAC. 

Dados do FRAC sobre a safra 2007/08, demonstraram que foi detectada menor sensibilidade do fungo causador da ferrugem-asiática aos “triazóis”. Os trizóios são um dos três principios ativos disponíveis no mercado que aparecem na bula do produto, sendo eles os: 

  • Inibidores de desmetilação (IDM, "triazóis"); 
  • Inibidores da Quinona externa (IQe, "estrobilurinas"); 
  • Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, "carboxamidas").  

Já na safra 2013/14, foi observada a redução de eficiência das estrobilurinas. Nessa mesma safra foram registradas as primeiras misturas de fungicidas estrobilurinas e carboxamidas para a cultura da soja.  

Em seguida, na safra 2016/17, alguns fungicidas com carboxamidas apresentaram redução de eficiência nos ensaios cooperativos, em relação aos resultados da safra anterior, em regiões específicas. 

As diversas pesquisas e dados levantados pela FRAC estabelecem uma relação direta entre a resistência do fungo e a aplicação de produtos sem variação dos princípios ativos, que consequentemente vem aumentando a ocorrência da doença. Assim, a partir de 2008, a utilização de produtos isolados passou a não ser indicada, em decorrência da sua menor eficiência. 

Com isso,para garantir um controle efetivo da Ferrugem Asiática da Soja, os agricultores e profissionais da área devem optar pela utilização de fungicidas com diferentes princípios ativos e ainda buscar por outras técnicas de manejo complementares, contemplatadas pelos outros pilares do Manejo Integrado de Pragas e Doenças. 

A Doutora em Fitopatologia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), sócia-proprietária e pesquisadora da PlantCare, Dra. Simone Brand, explica mais sobre o Manejo integrado de doenças na cultura da soja confira: 

Dentre as demais técnicas de manejo que já comprovaram sua eficácia no combate da ferrugem asiática, destaca-se o uso do silício, reconhecido como um elemento benéfico para as plantas em 2015. 

O Silício como alternativa ao combate da ferrugem asiática

Um dos principais danos que a ferrugem asiática causa nas plantas, é a redução da taxa fotossintética em decorrência dos danos causados nos tecidos foliares. Como consequência, a planta tem sua capacidade de converter a luz solar e os nutrientes absorvidos em energia comprometidos.

E é nesse ponto que o Silício teve sua ação, aumentando os níveis de substâncias pigmentantes que são importantes para a fotossíntese das plantas e reduzindo os efeitos dos sintomas da Ferrugem Asiática. Efeito observado através da pesquisa Asian Soybean Rust Control on Soybean Sprayed with a New Source of Soluble Silicon, conduzida pelo Prof. Fabrício de Ávila Rodrigues e pesquisadores do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa. 

O agricultor passa então a ter os fertilizantes ricos em silício, como outra ferramenta para garantir o controle efetivo da Ferrugem Asiática da Soja.

Carla Pelizari é Engenheira Agrônoma e mestre em Fitopatologia e Nematologia de Plantas pela Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz', atualmente cursando MBA em Marketing pelo PECEGE/USP. Carla é Consultora Técnica de Vendas na Verde. 

Fonte: Verde Agritech

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