Publicado em: 02/01/2012 às 16:15hs
A temporada não foi de boas notícias em várias regiões do Nordeste. Houve seca em determinadas áreas e os pequenos produtores perderam as lavouras. Muitos agricultores tiveram dificuldade para receber o seguro Garantia Safra do governo. No Piauí, houve até protesto no mês de outubro.
A seca, no entanto, ficou restrita a algumas regiões. De uma forma geral, o balanço 2011 foi positivo. No município do Crato, por exemplo, no Cariri cearense, os agricultores tiveram boa colheita de milho e feijão.
A gerente regional da Ematerce Maria Elcileide Mendonça confirmou os bons resultados. "É um ano de grande comemoração para a agricultura familiar, para os agricultores e para as famílias que tiveram a oportunidade de ter uma oferta maior de alimento e a venda também do excedente da produção nos municípios e na região”, explica Maria Elcileide.
Os agricultores nordestinos comemoram o aumento da renda em 2011 graças à safra recorde de grãos colhida no primeiro semestre. Apesar dos problemas provocados pela estiagem em algumas regiões; em outras, o clima ajudou e a produção total chegou a 15,9 milhões de toneladas, com um crescimento de 33% em relação ao mesmo período de 2010.
No município de Santa Cruz da Baixa Verde, no sertão do Pajeú, em Pernambuco, o agricultor Antônio Sabino conseguiu aumentar o rebanho de seis para 22 cabeças de gado e ainda concretizou um sonho de muitos anos com a compra do carro.
O agricultor Luís Gonçalves ganhou um bom dinheiro com a plantação de inhame e com as frutas diferentes que colheu no pomar de três hectares. Ele usou os lucros para construir dois mil metros de cerca, levar água encanada para a casa e cavar a barragem. Em 2012, o pequeno produtor pretende aprender a ler e escrever na escola improvisada que montou na garagem do sítio para os adultos da comunidade.
O município de Sorriso, que fica a pouco mais de 400 quilômetros de Cuiabá, em Mato Grosso, transformou-se em um grande canteiro de obras. No condomínio de alto padrão, 60% dos terrenos foram vendidos e 17 casas estão em construção.
A cidade também irá ganhar um hospital e maternidade. As obras, que começaram no primeiro semestre de 2011, são o resultado de uma sociedade entre médicos e agricultores. Em 2011, a soja e o milho renderam R$ 71 bilhões aos produtores brasileiros.
O mestre de obras Orley Onofre da Silva, que toca três empreendimentos ao mesmo tempo, reclama da falta de pessoas para trabalhar. O pedreiro Mauro Dias da Silva estava desempregado e arrumou um bico na obra onde já trabalham dois filhos e um sobrinho dele.
A falta de bons profissionais faz subirem os salários dos trabalhadores, o que causou aceleração no setor de veículos. Uma das lojas da região vendeu carros de todos os preços.
A renda proveniente do campo colocou Sorriso na lista dos municípios mais ricos do país. De acordo com dados recentes do IBGE, o lugar registra o maior PIB, Produto Interno Bruto, do setor agropecuário do Brasil, com um valor de R$ 791 milhões. O prefeito da cidade Clomir Bedin comemora os índices.
“É um número fantástico. Precisamos considerar que a nossa cidade tem apenas 25 anos. O município hoje não é só campo, mas todas as atividades econômicas são decorrentes desta atividade”, avalia Bedin.
O dinheiro dos grãos circula pelas ruas de Sorriso. Em 2011, o comércio também cresceu. “Se compararmos o crescimento de abertura de novas empresas com relação ao ano de 2010, tivemos um percentual em torno de 40%. Saímos de cerca de 440 empresas para mais de 650 empresas novas”, explica Hilton Polesello, presidente da Associação Comercial de Sorriso.
A administradora de empresas Kátia Da Silva Freitas, que abriu uma loja na cidade, levou para a região de clima quente o sorvete de iogurte. “A moeda de Sorriso é a soja. Se os agricultores vão bem, o comerciante também vai bem”, diz.
A lanchonete, que funciona na Faculdade de Sorriso, foi inaugurada há seis meses para atender à demanda vinda dos 400 novos alunos em 2011. Um dos cursos é de agronegócios. Na sala, tem vendedora de papelaria, caixa de supermercado e frentista.
O agricultor Moysés Bocchi mantém com os irmãos a fazenda de 7,1 mil hectares onde é feita a rotação entre soja e milho. A soja rendeu 27 mil toneladas em 2011, um número 5% maior em relação a 2010.
Na propriedade havia quatro silos onde cabem 24 mil toneladas de grãos, mas o aumento da safra provocou a necessidade de mais espaço. O produtor Bocchi decidiu investir na compra de dois silos capazes de armazenar 12 mil toneladas de grãos. Ele também comprou caminhão novo e investiu no maquinário. “Esse ano, foram comprados dois tratores, duas colheitadeiras e o pulverizador”, diz.
Fonte: G1 - Globo
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