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Projeto sobre Sistema Plantio Direto tem ações reforçadas na região serrana do RJ

Cultivo de hortaliças em Sistema Plantio Direto (SPD), com foco em plantas de cobertura e manejo de fertilidade baseado nesse sistema, foi o tema do minicurso ministrado pelo pesquisador Nuno Madeira a produtores do município fluminense de Nova Friburgo em dezembro de 2011


Publicado em: 05/01/2012 às 16:45hs

Projeto sobre Sistema Plantio Direto tem ações reforçadas na região serrana do RJ

Conforme o pesquisador, os participantes do minicurso já vinham desenvolvendo a tecnologia, estimulados por uma palestra de sensibilização realizada em agosto passado, e a abordagem mais específica sobre uma prática já conhecida teve o propósito de reduzir as dificuldades encontradas na adoção de um sistema em permanente construção como o SPD, e reforçar a ideia dos benefícios obtidos com sua adoção.

 A tecnologia foi apresentada aos agricultores da região em fevereiro de 2010, durante Dia de Campo promovido pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) e pelo Núcleo de Pesquisa e Treinamento para Agricultores (NPTA), em Nova Friburgo, coordenado pelo pesquisador Renato Linhares de Assis, da Embrapa Agrobiologia (RJ). À época, foram apresentadas as vantagens da tecnologia  para a sustentabilidade da produção de hortaliças, com foco especial nas brássicas como couve-flor, repolho e brócolis, culturas de grande importância socioeconômica na região.

A prefeitura de Teresópolis replicou a estratégia utilizada em Nova Friburgo ao realizar inicialmente uma palestra de sensibilização no dia 14 de dezembro na microbacia dos Lúcios para os agricultores locais, representantes da Emater-RJ, da Secretaria de Agricultura do município e do Programa Rio Rural. Segundo o técnico da Emater-RJ, Jorge Gil, “espera-se que a partir dessa palestra se inicie um trabalho de difusão do SPD em hortaliças na região, inclusive inserindo o tema como pauta no comitê técnico recém-formado para atuar junto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, fortalecendo as ações em andamento e estimulando outras iniciativas”.

Em razão das enchentes e dos deslizamentos de terra ocorridos em 12 de janeiro de 2011 e que atingiram com mais intensidade as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Sumidouro, o uso da tecnologia do plantio direto tem sido especialmente recomendado para reduzir riscos de novas ocorrências ou pelo menos minimizar os impactos provocados pelas chuvas.

“Trata-se de uma importante ferramenta para reduzir as perdas de solo na agricultura e proteger os solos dos efeitos de enxurradas e de erosão em geral, já havendo comprovação de resultados de pesquisas que indicam redução da ordem de 95% do material erodido”, salienta o pesquisador, que destacou ainda os efeitos positivos do engajamento de instituições locais na sensibilização de agricultores para a importância do plantio direto na redução dos danos provocados por desastres ambientais.

As ações de transferência de tecnologia desenvolvidas na região estão previstas no projeto Cultivo de Hortaliças em Sistema Plantio Direto – fase II, com atividades previstas até 2014,  e que dão continuidade a projetos alinhados à temática de “Cultivo de Hortaliças em Sistema Plantio Direto” em curso desde 2003.  “Na verdade, as palestras ou minicursos fazem parte de uma estratégia para ‘manter a chama acesa’ da sensibilização acerca da importância do Sistema Plantio Direto em áreas acidentadas, principalmente dentro do conceito de agricultura de montanha”, explicou o pesquisador.

Mas existem alguns entraves no meio do caminho. Nuno observa que a principal época de iniciar a palhada é no início do período chuvoso, que coincide com o verão. Entretanto, é justamente neste período que os preços das hortaliças sobem, e aí ocorre fortemente a pressão para produção comercial, relegando o plantio direto a um papel secundário, visto que a formação da palhada leva de 45 a 60 dias, ainda que se tenha a percepção de sua importância. “A proteção do solo com plantas de cobertura para formação da palhada deve ser feita o ano todo, com ênfase maior no período chuvoso,  já que no inverno a ocorrência de chuvas é bem menor e os processos erosivos são reduzidos”, sustenta. Para fazer um contraponto a esse desafio, ele defende o envolvimento de todos os órgãos ligados à agricultura e ao meio ambiente. “Deve haver um compromisso de fazer disso uma política de governo”.

TECNOLOGIA

A tecnologia do cultivo de hortaliças em Sistema Plantio Direto (SPD) consiste no plantio ou transplante de mudas sem revolvimento do solo, utilizando-se previamente plantas de cobertura para formação de palhada.  Como vantagens, o pesquisador aponta a redução em mais de 90% do processo de erosão e a maximização da eficiência do uso da água, diminuindo a necessidade de irrigação. A preservação da matéria orgânica do solo e o menor uso de maquinário também entram na lista dos efeitos positivos do SPD.

Fonte: Embrapa Hortaliças

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