Publicado em: 25/09/2013 às 15:30hs
Um projeto desenvolvido por uma ONG, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tem incentivado a sustentabilidade entre pequenos produtores rurais. A iniciativa fica a 100 quilômetros de Porto Velho, em Itapuã do Oeste (RO).
Mais de mil produtores rurais estão cadastrados no projeto Semeando Sustentabilidade, coordenado pelo Centro de Estudos Rioterra, que realiza um mapeamento de áreas rurais desmatadas e, com a ajuda voluntária do homem do campo, promove o reflorestamento. A prioridade do projeto é atender áreas com até 240 hectares, onde haja agricultura familiar. Cinquenta propriedades já estão sendo recuperadas. Em uma delas, uma área verde com mais de 36 espécies já rende até frutos como, por exemplo, o ingá, fruta típica da Amazônia.
O trabalho na área do agricultor Manoel Lima começou há mais de dois anos. Quando o produtor rural chegou ao estado, no final da década de oitenta, parte da área da propriedade foi desmatada, e um igarapé que passava pelo local começou a secar. Com o projeto, mais de 4,5 mil árvores de espécies nativas foram plantadas e a área já mostra sinais de recuperação. ‘Quando eu comecei a desmatar, eu não tinha essa consciência ainda de que desmatando secaria [o rio] né? Por conta própria a gente começou a observar que onde eu tinha desmatado o igarapé secou, aí eu comecei a deixar 30, 40 metros de mata em cada lado. Água é tudo, sem ela a gente não vive. Aí eu fiz o reflorestamento para recuperar o que eu tinha perdido”, conta Lima. A ideia também ajuda a preservar os recursos hídricos da região. Como o próprio nome já diz, as chamadas matas ciliares protegem os rios assim como os cílios protegem os olhos humanos. A raiz das árvores segura os sedimentos, impedindo que eles avancem pelo leito.
Estima-se que cada hectare de floresta em desenvolvimento possui a capacidade de absorver, no mínimo, de 150 a 200 toneladas de carbono. Segundo o engenheiro agrônomo Flávio Pereira, a qualidade do solo recuperado já é visível. “A gente já tem folhas que estão servindo de nutrientes para outras plantas que estão ao redor. Observe a umidade do solo, está diferente, tem qualidade, matéria orgânica”, afirma o especialista.
A iniciativa fortalece a economia rural, ajuda a manter o homem no campo além de preservar a floresta, sendo um experimento na área do chamado sequestro de carbono, que é a retirada da atmosfera do gás carbônico em excesso, que contribui para o aquecimento global. O Brasil ocupa a 20ª posição na lista dos países que mais emitem gás carbônico. Tudo isso por causa das queimadas.
Fonte: O Globo
◄ Leia outras notícias