Publicado em: 16/01/2012 às 11:35hs
O Brasil é uma das maiores nações agrícolas do planeta e o mundo todo está de olho em tudo o que se faz e se produz aqui. Mas a vida do produtor rural não tem sido fácil por conta dos entraves que ele encontra no meio do caminho, na hora de levar o produto até o consumidor.
O sul de Minas Gerais nasceu com vocação para a agricultura. A fartura é grande: frutas, legumes, flores, ovos, grãos e, os mais importantes, leite e café. Essa mistura de culturas é uma herança dos colonizadores. Os agricultores de hoje aprenderam com os antepassados que uma propriedade deve ter de tudo.
“Toda produção agrícola e pecuária vem das tradições familiares, de pessoas que têm uma tradição na terra, que administram como o avô administrou, como o pai administrou, eles vão herdando”, diz Ricardo Setti, professor de administração rural da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
O maior desafio para os agricultores é conciliar a parte boa da herança dos antigos com os novos métodos de produção. Segundo o professor, no mundo conectado que vivemos, é necessário se profissionalizar para enfrentar as dificuldades do mercado. “Os tradicionais que não encararem a propriedade como uma empresa estão fadados ao fracasso e vão sair da atividade.”
A pecuarista Rosângela Alves Fonseca ainda tenta entender como as coisas funcionam na fazenda. Ela passou por maus momentos na ordenha e teve que aprender a conviver com a chegada da tecnologia. “Se eu não abrisse mão dos conhecimentos antigos e usasse essa tecnologia existente aí eu não conseguiria produzir.”
A roça é como uma empresa. Na maior região produtora de café do Brasil, quem vive da cultura também sabe que não é nada fácil equilibrar as contas. Os avanços tecnológicos ajudam, mas o cafeicultor depende mesmo é da mão de obra. A maior parte das lavouras está nas encostas dos morros. No final, pesam os salários e encargos sociais.
Na fazenda de Eduardo Duarte, em Guaranésia, são produzidas 1,2 mil sacas de café todo ano. Ele investiu em máquinas para reduzir os custos e aumentar a segurança. A sacaria usada para armazenar a produção foi extinta, os R$ 4 mil que ele gastava para ensacar o café empregou num equipamento moderno, que manda o café a granel para a cooperativa. “É uma estrutura barata, com duas pessoas você carrega um caminhão a qualquer hora”, conta.
Da porteira para fora, o produtor ainda vai encontrar outros desafios. O primeiro deles é de escoamento da produção, depois a dificuldade de comercialização e encontrar melhores preços para o produto, além de aspectos políticos e legais.
“A alternativa que o produtor tem é do associativismo, seja através do sindicalismo para uma representação política, seja através do cooperativismo para que ele possa ajudar na comercialização, força na compra de insumos de maneira mais barata e também na própria venda e escoamento da sua produção”, afirma o professor Ricardo Setti.
O porto seco de Varginha resolveu estender o horário de carregamento e despacho dos containers de café. Os caminhões eram liberados até as 16h, agora, o expediente vai até as 20h. O resultado foi que as exportações de café pelo porto seco quase dobraram.
Trabalhar no campo atualmente exige dedicação e muito conhecimento. Ficar na roça requer muito mais. “Eu e o Gilmar temos uma herança de família, todos produtores rurais. Então a paixão pela atividade é grande, isso que nos motivou a chegar até onde nós estamos e pretendemos melhorar mais”, diz Rosângela.
Fonte: EPTV - Emissoras Pioneiras de Televisão
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