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Plantios florestais, reserva legal, piscicultura e recuperação de pastagem são discutidos em em Guarantã do Norte (MT)

O evento abordou diferentes temáticas de interesse dos produtores locais, como plantios florestais, reserva legal, recuperação de pastagens e piscicultura


Publicado em: 21/08/2012 às 09:10hs

Plantios florestais, reserva legal, piscicultura e recuperação de pastagem são discutidos em em Guarantã do Norte (MT)

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e a Prefeitura de Guarantã do Norte (MT) promoveram no último sábado, dia 18, o II Ciclo de Palestras sobre Sistemas Produtivos, em Guarantã do Norte. O evento abordou diferentes temáticas de interesse dos produtores locais, como plantios florestais, reserva legal, recuperação de pastagens e piscicultura.

Participaram do evento cerca de 170 pessoas entre produtores, estudantes, professores, técnicos e profissionais ligados à agropecuária. Além de assistirem a palestras teóricas, eles fizeram visitas a campo, onde puderam ver um plantio comercial de pinho-cuiabano (ou paricá) e um experimento conduzido pela Embrapa Agrossilvipastoril com o pau-de-balsa.

Segundo o engenheiro agrônomo e coordenador do ciclo de palestras, Júlio Santin, os temas foram escolhidos conforme a demanda dos produtores do município. De acordo com ele, Guarantã do Norte tem procurado diversificar a produção, investido sobretudo, no plantio de espécies florestais de crescimento rápido, como o pinho cuiabano e o pau-de-balsa.

“Estamos trabalhando com estas espécies de crescimento rápido para atender a uma demanda local, além de diminuir a pressão sobre as reservas naturais, reduzir custos, ser mais competitivo no mercado nacional e internacional e gerar uma renda para nossos produtores, que são em sua maioria pequenos, com base familiar”, afirma Júlio, que considera estas espécies mais atrativas para os produtores locais do que algumas com maior valor agregado como teca e mogno devido ao retorno financeiro mais rápido.

Também conforme as necessidades do município, as palestras sobre recuperação de pastagem e piscicultura para principiantes foram ao encontro de duas importantes demandas dos produtores. Uma devido ao estado de degradação de muitas pastagens, já a outra como uma alternativa de renda explorando o recurso hídrico disponível em na maioria das propriedades.

Pau-de-balsa

Para dar suporte à crescente demanda por espécies florestais de crescimento rápido, a Embrapa Agrossilvipastoril conduz há um ano e meio um experimento em Guarantã do Norte com o pau-de-balsa. A espécie, caracterizada, sobretudo, pela baixa densidade de sua madeira, tem grande potencial de mercado e vem chamando a atenção dos produtores locais.

No experimento, que pôde ser visitado durante o II Ciclo de Palestras, pesquisadores estão avaliando as respostas a diferentes níveis de adubação e diferentes espaçamentos no plantio, em busca de um parâmetro para a produção da espécie.

Segundo o pesquisador Maurel Behling, o evento foi importante por já permitir aos visitantes visualizarem os primeiros resultados desta fase inicial de crescimento das plantas.

“Os participantes visualizaram árvores com o dobro da altura e da espessura do tronco em relação às testemunhas. Outro ponto que chamou a atenção é a deposição de folhas. Nas parcelas adubadas há uma deposição muito grande, enquanto nas parcelas testemunha o solo está desprotegido, com plantas invasoras grandes. Isto é um ponto que marcou bem os produtores”, afirma.

Segundo Maurel, é importante ressaltar que os dados apresentados não são conclusivos e fazem parte de uma etapa inicial da pesquisa.

“Estes resultados não são conclusivos, são dados parciais que dependem depois de uma avaliação econômica para ver qual nível de adubação é economicamente viável”.

Para os produtores locais, a expectativa de gerar parâmetros para a produção é animadora.

“Se a gente fizer o trabalho com conhecimento técnico, temos certeza de que vai produzir frutos. Sem conhecimento técnico, como fizemos no começo, a gente balançou”, afirma o produtor Izidoro Zitkoski.

Reserva legal

A atuação da Embrapa em Guarantã do Norte será ampliada neste ano com a implantação no município de uma área experimental de um projeto de pesquisa sobre recomposição de reserva legal. Este experimento também foi apresentado durante o II Ciclo de Palestras, quando o pesquisador Ingo Isernhagen buscou desmistificar a reserva legal ressaltando o seu potencial de manejo, muitas vezes desconhecido pelos produtores.

“A reserva legal é hoje vista como um empecilho para a produção rural, especialmente aqui em nossa região, entrando no bioma amazônico, onde 80% da propriedade têm de ser conservada através da reserva legal. E as pessoas não sabem, não existe a tradição de manejo destas áreas conservadas. Tem muito desta visão negativa da reserva legal e a falta de conhecimento de como manejar esta área produtivamente”, disse Ingo.

Neste experimento, de 15 a 20 espécies nativas serão testadas em sete tratamentos. Dentre eles, três técnicas de implantação serão utilizadas: o plantio de mudas, a regeneração natural e o plantio direto de sementes por meio da muvuca de sementes.

“Estes modelos que estamos implantando estão consorciando espécies nativas de cada região, justamente para valorizar o conhecimento local, e serem espécies que são mais aceitas pela população, nesta busca de desmistificar a reserva legal”, explica o pesquisador.

O experimento de recomposição de reserva legal em Guarantã do Norte será implantado no fim deste ano. Além da cidade no Norte de Mato Grosso, áreas experimentais serão instaladas em Sinop (MT), Campo Novo do Parecis (MT) e Vilhena (RO). No ano passado, outra área experimental já havia sido instalada em Canarana (MT).

Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril

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