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O processo que antecede a seva do mate

O cultivo ervateiro na região de Passo Fundo tem em torno de 1.520 produtores que plantam 4.300 hectares de erveiras e em 53 unidades industriais fazem o processamento de cerca de 1.100 toneladas de erva-mate por ano


Publicado em: 27/02/2012 às 11:30hs

O processo que antecede a seva do mate

Os dados são da Emater de Passo Fundo e traçam um panorama do cultivo de erva-mate na região, que tem produção com maior expressividade nos municípios de Novo Barreiro, Palmeira das Missões, Erval Seco, Mato Castelhano, Nova alvorada, Boa Vista das Missões, Soledade, Seberi, Ibirapuitã e Vila Maria. A produção em todo o Rio Grande do Sul chega a 59.400.00 toneladas. A cultura produz a bebida símbolo do Estado que é o chimarrão, a identidade do gaúcho. Além do chimarrão, a erva tem 152 princípios ativos que possibilitam fazer uma série de produtos, como balas, sorvete, cerveja, culinária, além de cosméticos.

Segundo o engenheiro agrônomo Ildevandro Barreto de Melo, a erva-mate está presente em cerca de 540 mil km² de área de ocorrência natural nos três países produtores, que são Brasil, Argentina e Paraguai. “Oitenta por cento dessa produção está no Brasil, nos estados da região Sul e Mato Grosso do Sul”, aponta ele. Além das 59.400.00 toneladas produzidas no Rio Grande do Sul, o estado de Santa Catarina produz 54.000.00, Paraná 63.000.00 e Mato Grosso do Sul 3.600.00 toneladas. “Quando isolamos o Rio Grande do Sul, basicamente a produção está centrada na metade Norte, que acompanha basicamente a floresta da Mata Atlântica”, frisa o agrônomo.

Na metade Norte do Estado estão os pólos produtores de erva-mate. Conforme Melo, nessa área de ocorrência natural, tanto a questão de clima, quanto de solo apropriados e altitude favorecem a produção da planta. “Estamos dento de um clima próprio, porque é uma planta nativa dessa área e a ocorrência do clima tem favorecido”, comenta. A temperatura média para desenvolvimento da cultura é de 21º. “Acima de 33º pode apresentar problemas, assim como abaixo de 12º”, afirma. A altitude ideal é acima de 500 metros.
 
Plantio e colheita

O produtor tem a possibilidade de fazer uma muda por meio de sementes – para produção; de clonagem por estaquia - que é usado para multiplicar materiais de grande qualidade genética; ou cultura de tecidos - mais usada em casos de pesquisa. “Na questão comercial é preferível que o plantio seja feito por sementes, onde se consegue um número maior de mudas”, aponta Melo.

Após o plantio, é necessário aguardar o terceiro ano para fazer a primeira poda comercial, onde a folha é retirada e pode ser processada. “Do primeiro ao terceiro ano somente é feita a poda de formação de verde”, destaca o agrônomo. A cada ano e meio é feita a coleta de folhas, ou seja, ocorre a safra. “A folha na erveira dura em média 18 meses, depois cai. É preciso colher no período que antecede esse tempo, podendo ser feita uma única vez ou duas vezes no ano essa, dependendo do sistema de poda”, enfatiza ele.

Conforme Melo, uma erveira dura até 200 ou 300 anos, desde que se tenha um cuidado adequado, mas a durabilidade comercial da planta é de 40 anos. O custo de implantação de um erval gira em torno de R$ 3 mil e o retorno maior acontece quando a erva-mate atinge a idade adulta, aos oito anos. “Na idade adulta, pode ter produtividade de 1.500 arrobas por hectare. Hoje o preço de uma erva-mate de boa qualidade e de sabor aceitável pela indústria está em torno de R$ 8,00, o mesmo o preço pago por uma erva nativa de boa qualidade”, salienta, observando que dentro desse rendimento por hectare o produtor pode ter um retorno de até R$12.000 a cada ano e meio, ou R$ 8.000 ao ano.

Diferentemente de outras culturas, a erva-mate tem uma resistência maior a estiagem. “Ocasiona estresse físico na planta que deixa de fazer o processo natural de fotossíntese e absorção de água e, também de produção de folha”, aponta Melo, informando que as regiões produtoras de erva-mate, em períodos de estiagem não tem um abalo econômico negativo quanto tem uma região agrícola. “Tem redução em função da estiagem que é normal, mas a planta mantém produtividade, ou seja, as perdas não são tão significativa nas regiões que estão centradas na cadeia produtiva da erva-mate.

Fonte: Diário da Manhã - Passo Fundo

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