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Novo informe IICA, FAO e CEPAL apresenta radiografia da agricultura e do desenvolvimento rural da América Latina e do Caribe

Documento analisa a posse de terras na região, apresenta o contexto macroeconômico e um estudo setorial da agricultura, pecuária, pesca, florestas e bem estar rural


Publicado em: 05/11/2012 às 20:40hs

Novo informe IICA, FAO e CEPAL apresenta radiografia da agricultura e do desenvolvimento rural da América Latina e do Caribe

O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a  Organização Mundial das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) apresentam sua nova publicação conjunta Perspectivas da agricultura e do desenvolvimento rural nas Américas, que faz uma radiografia do contexto macroeconômico da América Latina e do Caribe (ALC), o estado de sua agricultura, pecuária, florestas, pesca e desenvolvimento rural, e inclui um caderno especial que analisa a posse de terra na região.
 
Segundo as três agências, o contexto atual é favorável para resgatar o papel do Estado na provisão de bens públicos para a agricultura, para promover uma maior participação dos atores do setor nos processos de elaboração de políticas e para proporcionar uma maior colaboração público-privada, sobre tudo para aumentar o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (IDi).
 
“O potencial da agricultura nas Américas está limitado, em grande parte, pelas crescentes brechas de produtividade, o que se faz necessário retomar o investimento em IDi, assim como criar estratégias de desenvolvimento tecnológico dirigidas à pequena agricultura”, disse Victor M.Villalobos, Diretor Geral do IICA.
 
O informe afirma que ALC segue experimentando um processo de mudança estrutural, que inclui processos de concentração de terras.
 
Desigualdade na posse de terra

Segundo Perspectivas, a região tem milhões de pequenas propriedades rurais coexistem com fazendas de médio e grande porte, criando uma estrutura agrária muito heterogênea. Neste cenário se reproduz um esquema desigual de distribuição de ativos que perpetua e acentua as diferenças de produtividade.
 
As fazendas antigas dão lugar a grandes empresas capitalistas embutidas nos circuitos no comércio internacional, enquanto que a pequena propriedade passa por um processo de fragmentação, oriundo de vendas e heranças. Em alguns países, as tensões entre camponeses, latifundiários e sem-terra ainda se manifestam com força.
 
Outro problema enfrentado é a irregularidade de posse: na maioria dos países, um grande número de fazendas não tem título de propriedade – fenômeno particularmente evidente nos países do Caribe e nas áreas de fronteira agrícola da América Central e Sul -, diminuindo o investimento, gerando conflitos sociais e evitando a geração de planos adequados de uso da terra.
 
Grilagem de terras é outro fenômeno emergente na região, embora se apresente em poucos países, mas pode causar o deslocamento da população local e gerar um novo tipo de latifúndio e as problemas territorial.
 
Desaceleração importante da taxa de crescimento do PIB

De acordo com o estudo realizado em conjunto, a incerteza quanto à recuperação do crescimento nas economias avançadas acende o alerta sobre a necessidade de estabelecer medidas políticas adicionais para manter o crescimento na região. O impacto na ALC revelou uma desaceleração significativa na taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) em 2011 e nas projeções para 2012, em comparação com o aumento de 2010.
 
No entanto, as economias da ALC apresentam condições macroeconômicas, embora as diferenças entre os países lhes permitiriam exercer políticas fiscais anticíclicas e fortalecer as redes de segurança social para ajudar as populações mais vulneráveis.
 
A agricultura regional frente à desaceleração econômica

A desaceleração global e a alta variabilidade climática são os principais desafios para a agricultura regional no curto prazo. O documento destaca que a participação da agricultura no total das exportações manteve-se relativamente estável ao longo da última década, atingindo 20% do total das exportações em 2010. As importações de produtos agrícolas representaram 8% de todas as mercadorias importadas.
 
Espera-se que, em 2013, diante de uma possível moderação da volatilidade dos preços, tornam-se mais importantes os efeitos sobre o clima e a demanda internacional para a produção agrícola.
 
Pecuária continua crescendo

A produção de carne e de leite aumentou nos últimos 10 anos na LAC, excedendo em muito as taxas de crescimento da Europa e dos EUA. O crescimento das indústrias avícolas e suínas e o crescimento no consumo associado têm sido fenômenos notáveis e poderosas fontes de mudança na indústria pecuária na América Latina. Também se percebeu um aumento na popularidade dos  produtos lácteos.
 
Reforçar os sistemas de produção pecuária familiar será a chave para reduzir o impacto da alta dos preços dos alimentos e contribuir com a luta contra a desnutrição crônica infantil nas comunidades rurais e comunidades vulneráveis. O conflito entre o crescimento da indústria e seu impacto ambiental exigirá um foco mais decisivo, porém equilibrado ao mesmo tempo para melhorar a produtividade junto às políticas de desenvolvimento pecuário sustentável.
 
Pesca exibe alta concentração


A pesca e a aquicultura continuam mostrando altos índices de concentração: Peru, Chile e México somam 72% das capturas selvagens e adicionando Argentina e Brasil totalizam 86%. No caso da aquicultura, o Chile, Brasil, Equador e México representaram 81% do cultivado em 2010, e as cinco espécies mais importantes no cultivo são responsáveis por 67% da safra.
 
De acordo com as três agências, os Estados devem continuar a explorar medidas para melhorar a governabilidade do sector de forma a aumentar o emprego, a contribuição para a segurança alimentar e bem-estar geral da região. Os pequenos produtores ainda enfrentam desafios que não podem resolver sozinhos política exigindo apoio a longo prazo, observa o informe.
 
Reduzir a taxa de desmatamento

A atual contribuição do setor florestal para o PIB regional varia entre 2% e 3%. A taxa de desmatamento na ALC reduziu cerca de 20% nos últimos cinco anos, no período anterior. No entanto, ainda é aproximadamente três vezes superior à taxa anual de perda da cobertura florestal no mundo.
 
Apesar disso, o documento evidencia alguns progressos na ALC: o aumento da área de floresta designada como função primária, para uso diferente que não o aproveitamento madeireiro, e também uma maior compreensão da importância das florestas como fornecedores de bens e serviços ambientais para benefício local e global.
 
Crescimento no emprego feminino e do emprego não agrícola


“Durenta as duas últimas décadas reduziu o peso do emprego agrícola, e ocorreu um aumento do emprego das mulheres (especialmente em atividades não agrícolas) e um aumento do emprego assalariado em relação à queda dos chamados autônomos, assim como um aumento na residência urbana entre os empregados agrícolas”, afirma o texto.
 
As três agências destacaram que o emprego rural aumentou no agrícola e as transformações da economia rural acompanhou o aumento de empregos assalariados, tanto dentro como fora da agricultura. Em particular, os salários são um componente importante de renda, especialmente para famílias não agrícolas e pobres.
 
Mais informações, patricia.leon@iica.int

Fonte: IICA - Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

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