Outros

MT pode não ter como escoar

Prazo, segundo o setor e analistas, é de cinco anos devido aos volumes históricos de produção


Publicado em: 24/07/2012 às 14:00hs

MT pode não ter como escoar

Mato Grosso pode em cinco anos ver sua safra de grãos se perdendo nas lavouras se não a conseguir escoar. O colapso não é descartado por especialistas e o próprio setor produtivo se a produção seguir em franco crescimento, em especial por conta dos preços renumeradores. O setor revela que devido à produção recorde de milho nas maiores regiões produtoras, há cereal sendo estocado fora dos silos; contudo, situação só não se alastrou para todo o Estado, porque o escoamento da soja foi rápido devido à grande demanda, em especial do mercado estrangeiro.

Em 10 anos a produção de grãos em Mato Grosso cresceu 106,06%, saltando de 18,48 milhões de toneladas (t) para 38,08 milhões. Somente a soja representa 56,1% da atual safra, segundo levantamento da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).

De acordo com o produtor de Sinop e 2º diretor financeiro da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, se a produção seguir em alta e a infraestrutura de escoamento seguir a mesma poderá ter produção estragando na lavoura ou nos armazéns. “Isso ocorrerá se não tivermos uma crise no setor devido aos preços, principalmente”.

A questão, também, é referendada pelo economista em políticas rurais, Adriano Figueiredo. “O colapso não é descartado. Se a produção seguir em crescimento, não só no Brasil, mas como no mundo, haverá oferta de produtos demasiada e os preços acabarão caindo e como os produtores ainda têm problemas de armazenagem acabarão vendendo pelo preço que aparecer o que não trará renumeração. O escoamento rápido e a falta de silos pode inclusive transformar os caminhões em armazéns novamente, principalmente nas filas dos portos e empresas, visto que não se dará conta de descarregar”.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capacidade de armazenagem de Mato Grosso é de 32,049 milhões de toneladas, considerando todas as redes armazenadoras de produtos agrícolas.

Segundo o economista, os produtores ao mesmo tempo que pressionam o governo federal em relação à situação das rodovias, ferrovias e hidrovias, necessário avaliar a viabilidade de se incrementar a produção. “É preciso fazer armazéns nas propriedades também. Tenho notícias que há empresas especializadas, até mesmo em silos pré-moldados, se instalando no Estado. O produtor tem de buscar alternativas e ver se vale a pena investir em aumento de produção”.

EXCESSO DE MILHO


A 2ª safra 2011/12 de milho cresceu 103,6% em comparação a 2010/11, saltando de 6,9 milhões de t para 14,2 milhões de t. De acordo com Galvan, nas regiões que mais produziram o cereal já é possível ver o produto sendo estocado para fora dos armazéns.

“Produzimos mais do que esperávamos. A situação só não está pior, ou seja, em todo o Estado, porque a soja foi escoada rápido em decorrência da quebra de safra nos Estados Unidos e a crescente demanda na China. O que prova que podemos ter problemas no futuro”.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, comenta que ao passo que a produção aumentou em 10 anos a infraestrutura parou no tempo.

“É fato que teremos um apagão rodoviário e que teremos problemas para armazenar. Nesta safra não estamos tendo problemas, também, devido os bons preços, o que ajudou a escoar. Entretanto, uma hora a bomba vai estourar”. Prado comenta que só em 2012 a demanda de grãos da China é de 12 milhões de toneladas.

Na safra 2011/12 foram produzidos 21,3 milhões de t de soja. A estimativa era 23 milhões, porém não se concretizou devido à intensidade da ferrugem asiática nas lavouras do grão.

Ao comparar com a safra passada a produção de soja cresceu 3,9%. Já o algodão, apesar da redução da área em 0,3%, prospecta que a produção de pluma cresça 6,6%, saltando de 937,3 mil t para 999,4 mil. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Fonte: Folha do Estado

◄ Leia outras notícias