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IAC lança nova variedade de triticale com redução de mais de 60% na aplicação de defensivos e produtividade 6% superior a outros materiais

O lançamento será realizado em 5 de setembro durante a XII Reunião Técnica de Cereais de Inverno, em Capão Bonito, interior de São Paulo


Publicado em: 21/09/2012 às 17:10hs

IAC lança nova variedade de triticale com redução de mais de 60% na aplicação de defensivos e produtividade 6% superior a outros materiais

Um novo material de triticale resistente as principais pragas da cultura, com redução de mais de 60% na aplicação de defensivos agrícolas e 6% mais produtivo será lançado pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, em 5 de setembro, às 9h, durante a XII Reunião Técnica de Cereais de Inverno, em Capão Bonito. O evento será realizado pelo IAC, em parceria com o Polo Sudoeste Paulista/APTA Regional, unidade da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). O triticale é um cereal oriundo do cruzamento do trigo com o centeio, bastante usado para a produção de ração e com boa quantidade de proteína podendo ser superior a 16%, enquanto o trigo varia de 6% a 16%, de coloração branca – que serve inclusive para clarear a farinha de trigo – além de ser utilizado na mistura para a produção de massa de pizza e quibe.

O Triticale IAC-6 Pardal é mais resistente à brusone do que os outros materiais no mercado, ao oídio e à ferrugem das folhas – consideradas as principais doenças da cultura do trigo. Com essa característica, o produtor pode reduzir em mais de 60% a aplicação de defensivos agrícolas. “Dependendo do material utilizado pelo produtor rural, é necessário até três aplicações de agrotóxicos na lavoura de triticale. Nos testes realizados para o lançamento desta nova variedade do IAC foi preciso apenas uma aplicação”, afirma João Carlos Felício, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A nova variedade que será lançada pelo Instituto Agronômico tem produtividade média de 4.905 kg por hectare, 6% a mais do que o IAC 3 e IAC 5 que produzem, cerca de 4.618 kg por hectare. “O IAC 6 Pardal tem bom rendimento de grãos nas condições de cultivo em sequeiro e com irrigação por aspersão. Devido à alta produtividade e resistência à doenças, esperamos que substitua gradativamente a IAC 3 e seja plantada em conjunto com a IAC 5, explica Felício.

O triticale é bastante utilizado para a produção de ração para aves e suínos por conter lisina – substância que auxilia no crescimento. “Com a utilização de ração com triticale, é possível reduzir e até mesmo parar com o uso de indutor de crescimento dos animais”, afirma o pesquisador do IAC. Além da ração, o triticale possui múltiplos propósitos na alimentação animal na forma de forragem verde e feno. O grão é ainda utilizado como complemento à farinha de trigo, plantado na entressafra em substituição ao milho e à soja e na formação de cobertura vegetal para proteção do solo.

“A mistura da farinha de triticale com farinha de trigo é bastante utilizada. Na indústria, a mistura de farinha para panificação tem até 20% de triticale e é usada para quebrar a força do glúten – quando se tem uma farinha muito forte e necessita-se de outra que tenha menos força – para o clareamento, quando o trigo apresenta coloração que tende para o amarelo, e na suplementação de proteína a farinha de trigo”, afirma Felício.

Felício explica que a cor branquinha do miolo do pão atrai o consumidor final e, consequentemente, os moinhos, que compram mais rapidamente em razão da preferência por farinhas com coloração branca. A nova variedade do IAC possui também esta característica. O aparelho que classifica a cor, chamado Minolta, registra variações de zero (cor preta) a 100 (cor branca), e o IAC-6 Pardal tem classificação 94, o que lhe garante alto potencial para coloração branca. “Entre 92 e 94 na escala, a farinha é branca, menos que isso já é um pouco avermelhada. O triticale IAC-6 Pardal poderá ser usado na mistura com o trigo, o que garante uma farinha mais branca. A aparência da farinha tem relação direta com a comercialização. O consumidor brasileiro gosta de pão com miolo bem branquinho e 55% da farinha no Brasil é usada pela indústria de panificação. Se o produto for amarelado, a dona de casa o considera ‘velho’”, afirma o pesquisador do Instituto Agronômico.

Segundo Felício, o Triticale IAC-6 Pardal pode ser cultivado nos seguintes Estados: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, consideradas as regiões tritícolas brasileiras. O ciclo do material é considerado normal, de 135 a 145 dias. O pesquisador do IAC explica que devido ao ciclo da cultura, o produtor consegue traçar uma estratégia para não perder a lavoura devido à ocorrência de geada. “O milho, por exemplo, não suporta geada e o triticale, na fase vegetativa, suporta. Então, como o cereal é plantado de maio a julho e tem sua fase vegetativa justamente na época de ocorrência de geadas, o produtor pode plantar as duas culturas e não ter esse tipo de problema”, afirma.

Outra característica importante do triticale é sua rusticidade e resistência à acidez do solo. “Os solos ácidos limitam o desenvolvimento das plantas em terras cultiváveis no mundo e predomina nas regiões produtoras de cereais de inverno no Sul do Brasil e nas regiões do Cerrado. A IAC-6 Pardal tem tolerância ao alumínio, característica que herdou do centeio, que tolera nível mais alto de alumínio em soluções nutritivas que as variedades de trigo”, explica Felício.

O material foi ainda desenvolvido para a colheita mecanizada – que corresponde ao método utilizado em quase 100% das lavouras do cereal. “A nova variedade tem porte de 105 a 120 cm. As variedades de triticale tendem a ter porte alto, pois são mais resistentes ao acamamento (tombamento). Além disso, o triticale é bastante utilizado em rotação de cultura em áreas de plantio direto na palha, por isso, a importância de ter o porte alto”, explica Felício.

O triticale é bastante plantado no Leste Europeu, sendo a Rússia o principal país produtor. O Brasil já teve maiores áreas de plantio do cereal, mas, atualmente, não se destaca pela grande produção. O Estado brasileiro que mais produz triticale é o Paraná, mas é São Paulo que se sobressai pela qualidade dos grãos. De acordo com Felício, o Instituto Agronômico é muito procurado pelos produtores rurais para aquisição de sementes de triticale. As sementes da IAC-6 Pardal já estão sendo comercializadas pelo Instituto.
 
XII Reunião Técnica de Cereais de Inverno
 
A XII Reunião Técnica de Cereais de Inverno será realizada em 5 de setembro, a partir das 9h, em Capão Bonito, interior de São Paulo. O evento, promovido pelo IAC e APTA Regional, terá uma palestra sobre avaliação de ensaios de trigo, regulamentação técnica do trigo, com informações a respeito da Instrução Normativa n.º 38 e suas perspectivas futuras, além de visitas aos campos demonstrativos de experimentos de trigo, triticale, aveia branca, aveia preta e cevada.

O evento tem como público-alvo produtores rurais, engenheiros agrônomos, pesquisadores e demais interessados no cultivo de cereais de inverno.

Programação
 
9:00 h – Inscrições
9:15 h – Lançamento da cultivar de triticale IAC – 6    João C. Felício (IAC)
9:45 h – Avaliação dos ensaios de Trigo em 2012    João C. Felício (IAC)
10:15h – Café
10:30h – Regulamentação Técnica do Trigo – Instrução Normativa n.º38 e  suas  perspectivas futuras – Conrado Mariotti Neto (Moinho Anaconda)
11:30h –  A cultura da aveia - Vitor Dante Poletto (SL Alimentos)
13:00h – Visita aos campos demonstrativos e experimento de  trigo,  triticale, aveia  branca, aveia preta e cevada.

Fonte: Assessoria de Imprensa ? IAC

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