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"Geada negra" destrói plantações de batata em Portugal

Os agricultores de Ferrel, no concelho de Peniche, vão pedir apoios ao Governo, depois da ?geada negra? ter destruído toda a plantação de batata da freguesia


Publicado em: 24/02/2012 às 10:10hs

"Geada negra" destrói plantações de batata em Portugal

“Estamos a fazer um levantamento dos prejuízos e já solicitámos a intervenção da Direção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste porque toda a produção de batata da freguesia está completamente destruída”, disse Silvino João, presidente da Junta de Freguesia de Ferrel.

“A geada negra queima a vegetação devido ao frio intenso e congelamento da água no interior das suas células, e estragou vários hectares de batata primor”.

As 800 toneladas de batata plantadas deveriam, segundo os cerca de 250 agricultores afetados, resultar nos próximos meses de março e abril, numa colheita estimada de quatro vezes o seu peso, ou seja, cerca de 3200 toneladas.

A produção é habitualmente escoada através do MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa) e de algumas empresas de transformação de hortícolas, mas “este ano vai ser zero”, assegura José Oliveira, de 62 anos.

O agricultor, que em conjunto com o filho, Artur Oliveira, de 38 anos, plantou 12,5 toneladas de batata e que estimava colher cerca de 200 toneladas, mostrou ao JORNAL das CALDAS o “cenário de destruição” que se estende por todas as parcelas de terreno.

Plantas queimadas ou apenas terra lavrada onde “a geada não deixou sequer a planta florescer”, é um cenário que se repete nas terras de José Marques, onde as 7,5 toneladas plantadas “foram todas à vida”.

A destruição da colheita afeta os agricultores de subsistência na freguesia que se dedica integralmente à cultura da batata, couve coração e alho francês.

“A couve é plantada em outra época e, nesta altura, há algum alho, mas pouco, já que a maioria dos agricultores está vocacionado para a batata”, explica Bruno Agostinho, um jovem agricultor que viu destruídas as quase duas toneladas.

Os agricultores que estão ainda a apurar o valor exato dos prejuízos pediram a ajuda da Junta de Freguesia, que reportou a situação ao deputado do CDS, Manuel Isaac, “no sentido se sensibilizar o ministério da agricultura para esta calamidade e para desencadear apoio aos agricultores”.

O deputado da Assembleia da República confirmou o contato e disse que solicitou “o acionamento de ajudas” por parte da direção regional, mostrando-se disponível em continuar a ajudar os agricultores do Oeste.

João Luís Dias, presidente da cooperativa agrícola de Peniche (Coopeniche), confirmou que técnicos da direção regional visitaram na passada semana os campos entre o Béltico e Ferrel, dos 250 agricultores afetados, onde recolheram dados e fotografaram as plantações.

“Vão fazer um processo e verificar se há ajudas para esta catástrofe. Se o pedido não for aceite é um grande prejuízo”, garante o presidente da Coopeniche.

Os agricultores temem ainda que, para além dos prejuízos, possam “vir a ser penalizados pelas finanças, uma vez que temos as faturas de compra das sementes, mas depois não teremos da venda, e podemos ser acusados de não estar a declarar esses valores”, explicam.

Mário Vala, da Horta Pronta, desconhece o valor dos prejuízos causados pela “geada negra”, mas declara que toda a faixa de terreno entre o Béltico e Ferrel será irreversível. “Neste momento a maior parte das plantas está morta. Se alguma voltar a rebentar, a batata chegará tarde ao mercado. Mas haverá muita perda de produção”, assegura.

Fonte: Jornal das Caldas

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