Publicado em: 06/01/2012 às 20:30hs
A situação é mais grave no Rio Grande do Sul, mas também afeta estados como Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina e deve se prolongar pelo menos até março. Os maiores prejuízos recaem sobre a cultura do milho.
Mais de seis mil produtores do grão, ou cerca de 10% dos agricultores de milho gaúchos, já perderam pelo menos 60% da plantação e acionaram o Pró-Agro (seguro contra danos na safra), afirmou o secretário-adjunto de Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, Ronaldo Franco.
"A estiagem está mais distribuída neste ano. Não está localizada. É uma seca dividida: tem locais em que chove, mas, logo ao lado, não chove", explicou Franco. Cultivados nas regiões norte e central do estado, os produtos que mais sofrem são o milho, em período de floração, e o leite, por causa de pastagens secas. "A soja ainda não foi tão afetada porque o plantio é mais tardio", afirmou.
Até ontem (5), 76 cidades gaúchas haviam decretado estado de emergência. "O estado vai reconhecer, num decreto único, a emergência de todos os municípios", previu Franco. O secretário-adjunto não via estiagem tão grave em seu estado desde 2004, quando houve perdas de 15% na safra de milho.
A seca atual deve se prolongar até o início de março, agravada pelo fenômeno La Niña, de acordo com o meteorologista Fábio Selprim, do Southern Marine Weather Services (Somar). E mesmo depois da volta das chuvas, "a situação no sul ainda vai demorar mais algumas semanas para se regularizar", acredita.
O problema atinge com mais intensidade as regiões oeste e noroeste do Rio Grande do Sul, mas também ocorre em parte de Santa Catarina, segundo Selprim. "O Paraná ainda não está sofrendo como os vizinhos, mas até o final do mês devemos ter notícias também daquele estado", afirmou.
Na verdade, as más notícias surgiram ontem no Paraná. Produtores paranaenses perderam pelo menos 2,5 milhões de toneladas de soja, milho e feijão por causa da estiagem que se abateu sobre eles nos meses de novembro e dezembro, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. O prejuízo financeiro beira R$ 1,5 bilhão.
Excesso de chuva
Se no sul do Brasil o que prejudica as lavouras é a falta d e água, no sudeste e no centro-oeste o problema é justamente o contrário: o excesso de chuvas. "Quando chove em um lugar, num país continental como o Brasil, deixa de chover em outro", observou Selprim. "A tendência é que a chuvarada continue em Minas Gerais e no Espírito Santo até a primeira quinzena de março", afirmou.
Em Minas, a chuva impossibilitou o transporte de leite em inúmeras estradas vicinais, atrasou a colheita da batata em quase duas semanas, paralisou a rotina no campo e prejudicou plantações de milho e hortaliças.
"A grande dificuldade é o escoamento da produção", apontou o diretor-técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas (Emater-MG), José Rogério Lara, referindo-se ao transporte do leite. "Produtores de milho em baixadas do estado [onde se produz para silos] e de feijão das águas tiveram perdas pontuais", relatou. "Em estradas, praticamente o estado inteiro ficou prejudicado. Operações de fertilização e colheita foram imobilizadas pela chuva, mas nada significativo em termos de alterar a oferta", disse.
Para o café, a chuva é positiva, mas há preocupações em relação ao ambiente que se criou para proliferação de fungos, mesmo na cafeicultura.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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