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Emater/RS-Ascar e agricultores planejam alternativas sustentáveis para cultura do fumo

O contrato de ATER Fumicultores beneficiará 640 agricultores desses municípios


Publicado em: 16/08/2012 às 16:40hs

Emater/RS-Ascar e agricultores planejam alternativas sustentáveis para cultura do fumo

Beneficiários do contrato de Assistência Técnica e Extensão Rural para Fumicultores (ATER Fumicultores), firmado entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Emater/RS-Ascar, dos municípios de Progresso, Boqueirão do Leão, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Novo Cabrais, Paraíso do Sul e Cerro Branco (Lote 2), reuniram-se nesta quarta-feira (14/08), em Novo Cabrais, no Jacuí Centro, para realizarem o primeiro encontro participativo visando ao planejamento inicial dos serviços.

O contrato de ATER Fumicultores é coordenado pelo engenheiro agrônomo e supervisor do escritório regional da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, Valmir Netto Wegner, e beneficiará 640 agricultores desses municípios. O objetivo é dar assistência a agricultores familiares produtores de fumo em atividades produtivas diversificadas e sustentáveis, gestão da unidade familiar de produção e organização social e comercialização, no contexto da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, por meio de atividades individuais, grupais e dias de campo.

A região que compõe o Lote 2 caracteriza-se pela a cultura do tabaco como a principal matriz produtiva do setor primário, isso levando em conta o número de propriedades envolvidas e a área cultivada nos municípios e, por conseguinte, a principal fonte de renda dos agricultores familiares.

Conforme dados do último Censo Agropecuário (IBGE 2006), o registro da área do Lote 2 apresenta uma área de 105.292 hectares destinados à agricultura familiar, com 9.211 estabelecimentos agropecuários. Deste total, 6.246 estabelecimentos têm na cultura do tabaco a principal fonte de renda das famílias, o que representa uma grande dependência desta cultura na região, bem como toda problemática que surge em função desta monocultura.

Nos municípios do Lote 2, os técnicos da Emater/RS-Ascar já realizaram a aplicação de 640 diagnósticos participativos nas unidades de produção familiar, atingindo as metas iniciais propostas no contrato do MDA. Esse instrumento de diagnóstico leva em consideração a realidade regional, buscando indicadores e parâmetros que incluam os desejos das famílias, permitindo assim um planejamento adequado que contemple, sobretudo, a vontade dos agricultores familiares.

“A pesquisa relacionou benfeitorias, mão de obra e envolvimento da família com o cultivo, possibilitando levantar dados que refletem aproximadamente a realidade da agricultura familiar fumicultora desses municípios”, explica Wegner. “Na análise dos dados fizemos algumas constatações como, por exemplo, o número de idosos abaixo da média estadual e a masculinização do meio rural, com a diminuição no número de mulheres jovens, o que é problemático para o processo de sucessão no meio rural”, ressaltou o coordenador.

A agricultora Mariese Cerentini, de Novo Cabrais, acredita que falta apoio dos pais para as meninas ficarem, sendo que muitos querem que a filha vá para a cidade. “Antigamente, nós tínhamos pouca informação, mas hoje, com os cursos da Emater, a situação tem melhorado. Temos um grupo de mulheres que sempre se reúne e estamos trabalhando com artesanato”, conta ela.

Outro fator importante dentro do processo de busca de alternativas é a estrutura voltada exclusivamente para o tabaco. Os dados apresentados revelam uma tendência para culturas de subsistência tradicionais, com destaque para o feijão, mandioca e batatinha. “Quero continuar no negócio, estamos esperando os incentivos, não adianta sair e abandonar tudo. Temos a terra e a estrutura para produzir e também não precisa ser só o fumo, vamos ver se produzimos outras coisas como a piscicultura, só está faltando ajeitar a comercialização, porque no fumo tu tens certo, e para outros produtos, não é tão fácil”, diz Tiago Strick, de 25 anos.

Nos municípios que compõem o Lote 2, são trabalhadas várias alternativas de renda para agricultores familiares, com o destaque para a agroindústria, fruticultura, olericultura e bovinocultura de leite. O fumicultor Nilton Limberger, de Rio Pardo, tem apostado na diversificação da propriedade. “É muito importante vir aqui, pois está se abrindo um leque novo de oportunidades, nós temos apoio da Emater, tem recurso para todos, a viagem é longa, mas vale a pena, pois a gente vai sair daqui com a cabeça um pouquinho diferente”, disse o agricultor.

Representando o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a fiscal do contrato, Tanía Hansel, destacou o sentimento de confiabilidade que os agricultores têm com o extensionista. “É importante sabermos onde é preciso um trabalho mais intenso da Ater, além de criar condições e mecanismos para fazer com que as políticas públicas interajam com esse grupo. Os extensionistas continuarão acompanhando essas famílias, eles vão fazer cursos, continuar as atividades nessas propriedades até o final do contrato. Então, hoje eles nos apresentaram uma situação, e o que o MDA quer é que, no final dessas atividades, o quadro já venha a apresentar mudanças mesmo com o curto espaço de tempo”, destacou a fiscal.

O evento também contou com a palestra do engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Edson Paulo Mohr, da Unidade de Cooperativismo de Santa Cruz do Sul, e com o painel “Inserção da Agricultura Familiar no Mercado de Alimentos”, apresentado pelo engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Luis Jacobsen.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

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