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Doações de grandes produtores do Oeste ajudam pequenos criadores a amenizar prejuízos causados pela seca

Mariposa, Privilina, Sabiá, Neguinha, Estrelinha e Castanha. É assim, com nomes escolhidos com carinho, que os pequenos criadores do distrito de Quicé, no município de Senhor do Bonfim, tratam, como se fosse de estimação, os animais que compõem seus rebanhos de vacas leiteiras


Publicado em: 17/08/2012 às 08:15hs

Doações de grandes produtores do Oeste ajudam pequenos criadores a amenizar prejuízos causados pela seca

Nessa quarta-feira (15), eles tiveram um motivo especial para se alegrar: uma carreta carregada com 27 mil quilos de milho, doado pelos grandes produtores do Oeste do Estado, chegou a Quicé, levando também a esperança e o conforto de saber que, pelo menos até o final de outubro, os 240 animais (120 vacas em lactação e 120 bezerros) que estão no confinamento comunitário terão alimento garantido e sobreviverão à seca, preservando o trabalho de melhoramento genético que vem sendo realizado há 15 anos pelos pequenos criadores.

“Este é um presente de Deus que caiu do céu” disse emocionado José Claudio Lopes de Freitas, presidente da Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Quicé (Coople). Ele explicou que havendo maior oferta de alimentos o número de animais poderá ser ampliado. “Nossa meta é chegar a ter 300 vacas no confinamento”, afirma Eliston Felisberto, presidente da Associação dos Produtores de Leite de Quicé (Apleg) parceira da cooperativa. Segundo ele, a entidade conta com 114 associados e “tem muita gente na fila querendo trazer seus animais para cá.

José Cláudio e Eliston compartilham da mesma opinião. “Nunca tivemos tanto apoio como temos agora do governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura. Agradecemos muito ao secretário Eduardo Salles, que desde o primeiro momento nos ajudou a criar o confinamento, e também aos produtores do Oeste, que através da Associação dos Agricultores e Irrigantes (Aiba) levantaram essa doação que é de extrema importância para nós”, disseram.

Enquanto observavam os animais se alimentando nas baias e matando a sede num grande reservatório abastecido com água retirada de um açude do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), os pequenos criadores José Carlos dos Santos, Juvenal Dias Fritas e Evandro da Silva chamavam seus animais pelos nomes (Natacha, Coração, Manchete, dentre outros), mostrando como eles atendem ao chamamento e o estado de recuperação que apresentam hoje, depois de dois meses de confinamento. “Esses animais chegaram quase mortos, não se sustentavam em pé”, disse João Carlos, garantindo que “se tivessem ficam em minha pequena propriedade teriam morrido”.

A quase totalidade dos animais é da raça Girolando e está sendo alimentada com ração à base de milho, bagaço de cana hidrolizado e melaço, estes últimos produtos doados pela Agrovale. De acordo com o presidente da associação, a produção de leite, referência na região, caiu de 20 mil litros/dia para 2 mil litros, afetando a vida dos criadores e a economia do distrito, que gira em função dessa atividade. “Não está sendo pior em função do apoio que estamos recebendo do governo do Estado”, afirma José Claúdio Lopes.

Doações ajudam a milhares de pequenos produtores

Milhares de pequenos criadores dos municípios de Juazeiro, Itaberaba, Senhor do Bonfim/Quincé, Marcionílio Souza, Glória, Maracás, Conceição do Coité, Uauá, Itaetê e Lafaiete Coutinho, estão receberam cerca de 300 mil quilos de milho e torta de caroço de algodão, destinados à alimentação animal. Dez carretas carregadas com os produtores partiram na manhã de segunda-feira (13) de Barreiras, e a última chegou nesta quarta-feira ao município de Glória, onde mais de uma centena de pequenos criadores aguardavam com ansiedade. Os municípios foram criteriosamente selecionados pelo Comitê da Seca da Seagri para receber as doações, levando-se em consideração, entre outros fatores, a gravidade da situação e o número de agricultores familiares envolvidos.

O secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, agradeceu pela generosidade e solidariedade dos produtores do Oeste, destacando a importância da campanha, e afirmando que “esse é um momento histórico, em que os grandes produtores se mobilizam para ajudar os pequenos criadores dos municípios que decretaram estado de emergência a alimentar os rebanhos”.

De acordo com Salles, “agora é que a seca começa mesmo pra valer, até as chuvas chegarem, e os seus efeitos ainda serão sentidos por muitos meses. Esta iniciativa ajuda a evitar a erradicação de diversos rebanhos, que representam o patrimônio de uma vida inteira para milhares de baianos”. Ele explicou que a campanha soma-se às ações emergenciais e estruturantes que o governo do Estado vem realizando para amenizar os efeitos da estiagem.

Nas semanas anteriores foram embarcadas mais de 170 toneladas de doações feitas por produtores ligados à Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). No total, contabilizando as doações de bagaço de cana hidrolizado e melaço feitas pela Agrovale, e o que está armazenado em Barreiras para ser ensacado, as doações já atingem a marca de 800 mil quilos. A perspectiva é que o volume de doações chegue a dois milhões de quilos, segunda espera o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles.

Estes são os primeiros resultados da ação inédita idealizada pela Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), coordenada pela diretora da Superintendência de Política do Agronegócio da Seagri (SPA), Estela Ferraz, e Armando Sá, diretor e inspeção vegetal da Agência Baiana de Defesa Agropecuária (Adab) como parte da campanha SOS Seca, lançada pelo Comitê da Seca do governo estadual, com o objetivo de ajudar os pequenos criadores. A iniciativa da Seagri foi abraçada pela Aiba, há cerca de dois meses, que mobilizou seus associados e vem dando exemplo de solidariedade.

Distribuição em Juazeiro


Nesta sexta-feira (17), a Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Sertão do São Francisco (ACCOSSF) distribui as 42 mil toneladas de milho que recebeu nesta quarta-feira e que estão armazenadas num galpão da Codevasf, em Juazeiro, com cerca de 300 produtores ligados às associações de criadores de Curaçá, Juazeiro, Abaré, Caraibeira, Lagoinha, Pinhões, Juremal e Abaré. De acordo com o presidente da ACCOSSF, Juvêncio Coelho Lustosa, a doação de alimentos para os animais é de grande importância, “pois representa um novo alento num momento grave como esse que estamos vivendo”. Ele explicou que a perda dos rebanhos de ovinos e caprinos chega a 70%, e 80% do rebanho bovino já está perdido na região. “Com o esforço que está sendo feito pela Seagri, pelos criadores e com a ajuda dos produtores do Oeste vamos conseguir manter o que sobrou dos rebanhos até a chegada da chuva”, disse ele.

O presidente da Associação dos Pecuaristas do Povoado Olhos D´Água dos Souza, no município de Glória, Hélio Afonso da Silva agradeceu a iniciativa e afirmou que a doação traz esperança de melhores dias para os 60 associados da entidade, “A situação é crítica, e a tendência é piorar nos próximos meses”, vaticinou.

Produtores comemoram em Marcionílio Souza

O presidente da Associação de Pequenos Produtores do Furado do Espinho, no município de Marcionílio Souza, Rozildo Vieira dos Santos vibrou com a chegada da carreta carregada com 27 mil quilos de milho, e afirmou que “chegou na hora certa, e nós só temos a agradecer”. O produto foi descarregado na sede da associação e vai atender a mais de 80 pequenos criadores. “Vamos fazer a distribuição neste sábado (18) e será um momento de muita comemoração para nós”, disse ele, manifestando gratidão aos produtores do Oeste. “Nunca esqueceremos esse gesto”, afirmou.

Em Conceição o Coité, o presidente da Associação dos Produtores de Sisal, que também luta para preservar os rebanhos de caprinos, ovinos e bovinos, Misael Ferreira de Oliveira, não contém o entusiasmo e afirma: “a região do sisal nunca recebeu tanta atenção, como tem sido alvo agora, do governo do Estado, através do secretário da Agricultura”. A região de Coité é uma das mais pobres do Estado, e tem ainda o sisal como base de sua economia.

Ele afirmou que a associação que preside abriga outras dez entidades que congregam mais de 600 pequenos criadores. “A situação na região é crítica, muito triste. Agora, com essa doação, teremos um fôlego novo e teremos alimento para o rebanho para mais algum tempo”, disse Misael.

Fonte: SEAGRI BA - Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

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