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Dia de campo da Cocari tratou sobre culturas perenes

Cerca de 450 pessoas participaram da segunda edição do Dia de Campo de Culturas Perenes, realizado pela Cocari nesta quarta-feira (28/03), sobre as culturas de café, laranja, eucalipto e pastagem


Publicado em: 29/03/2012 às 18:35hs

Dia de campo da Cocari tratou sobre culturas perenes

O vice-presidente da Cocari, Dr. Marcos Trintinalha fez a abertura do evento agradecendo a persistência do produtor na busca por conhecimento e por novas tecnologias, mesmo com o frio que se abateu na região. “É uma satisfação muito grande receber os senhores mais uma vez aqui neste evento, no qual estaremos mostrando as tecnologias, passando informações sobre o café, e apresentando opções ao produtor com as culturas da laranja, do eucalipto e este ano trazendo também as tecnologias para o desenvolvimento de pastagem.” Dr. Trintinalha frisou que o grande objetivo da Cocari é oferecer aos cooperados alternativas que contribuam para minimizar os riscos. “Estamos saindo de uma safra difícil em algumas regiões em relação à soja e milho, com uma quebra significativa não só na região da Cocari, mas no Paraná como um todo. Mas tem coisa que não conseguimos resolver, como a chuva, por exemplo. O que podemos fazer é minimizar alguns riscos na lavoura. Já temos tecnologia para isso e essa é a função da Cocari: trazer pessoas capacitadas para que os produtores conversem, tirem dúvidas”, acrescentou, se referindo à palestra sobre irrigação. Ele falou ainda sobre a presença da professora da UEM, Sueli Sato Martins que ministrou a palestra sobre a importância da cultura do eucalipto para a região,  sobre os custos e otimização de recursos.  “O Eucalipto começa a valer mais e no caso da Cocari, vamos utilizar um volume grande com o abatedouro, com as indústrias.” Ele orientou aos produtores que aproveitassem o dia de campo como oportunidade para conversar com os pesquisadores de instituições parceiras que participaram do evento. “Eles são gente nossa, são pessoas do campo, que estão na lida no dia a dia, tanto no café, na laranja, nas florestas de eucalipto”, destacou.

Eucalipto

A primeira palestra do dia de campo foi sobre eucalipto.  “Viabilidade econômica e utilização da madeira” foi o tema abordado pela professora Sueli Sato Martins, que apresentou os aspectos econômicos da cultura, destacando que o Brasil tem a maior área plantada da floresta no mundo, com 4,75 milhões de hectares, representando 4% do PIB nacional e 8% das exportações brasileiras. No Paraná, o plantio chega a 161, 422 mil hectares. 

A palestrante, que é proprietária de um viveiro de mudas, disse que a tendência é que essa área aumente, pois tem crescido a procura pelo eucalipto, em função do avanço no desenvolvimento do setor avícola no Paraná e da necessidade de geração de energia. “Houve um aumento de plantio, principalmente por causa dos abatedouros e granjas de aves que têm crescido muito na região. A boa safra de soja e milho registrada no ano passado também contribuiu para o aumento de procura para utilização da árvore como lenha, para a secagem dos grãos”, informou. O eucalipto é largamente utilizado na indústria de papel e celulose, madeira sólida e energia.

Café

Para a cultura do café, cujo público era maioria no dia de campo, teve palestra pela manhã, com o engenheiro da empresa Hidro Sistemas, Marcio Ronaldo Coelho, sobre irrigação, tecnologia para o alto rendimento da agricultura e solução para a estiagem, fator limitante para a produtividade da lavoura. O engenheiro disse que há uma expressiva diferença de produtividade nas lavouras com utilização da irrigação, desde que o produtor siga corretamente as práticas indicadas e obedeça todo um planejamento. “Para café, a média é de 50% de aumento em relação lavouras não irrigadas, mas tem casos que variam de 40% até 100%. Na área de ação da Cocari, a irrigação já atinge área próximo a 100 hectares. É significativo, mas é pouco ainda em relação à área total”, ponderou Coelho. As vantagens, segundo ele, são muito grandes. A dose de nutrientes indicada pelo agrônomo é a mesma, mas o diferencial está na forma de aplicação. Enquanto que pelo modo convencional o produtor divide em três vezes a aplicação, com a fertirrigação é possível aumentar para mais de 20 vezes. “São pequenas doses, aplicadas normalmente uma vez por semana. A gente vai aplicando, em pequena quantidade à medida que a planta vá precisando. E é mais eficiente, pois, quando se faz isso manualmente há um sério risco de perder com a chuva esses nutrientes, já com a o sistema de irrigação, a absorção pela planta é quase que imediata”, enfatizou. Segundo ele, o uso de tecnologias não pode ser visto mais como opção. “Se o produtor não investir em inovações tecnológicas, e a irrigação é uma delas, está fadado a sair da atividade. Os custos de produção são cada vez mais altos e é preciso buscar aumento de produtividade para a redução do custo de produção”, finalizou.

No período da tarde, nas áreas demonstrativas, o Departamento Técnico da Cocari (Detec) tratou sobre todos os cuidados necessários na pós-colheita do café e também, no que se refere à adubação, apresentou parcelas nas quais foram utilizadas várias combinações de adubo, comprovando que o consórcio que utilizou adubo orgânico (cama de frango), combinado com adubo químico, Brachiaria Ruzziensis e gesso agrícola resultou em maior eficiência no trato do solo e em maior produtividade.

Laranja

Sobre o projeto Laranja da Cocari, o engenheiro agrônomo da cooperativa, Fabio Mulati, apresentou as garantias oferecidas ao produtor, entre elas, o recebimento de 100% da safra, a assistência técnica especializada contínua, o contrato de 10 anos, o treinamento que o cooperado recebe sobre a cultura, além do financiamento direto com a cooperativa, cujo pagamento é realizado com a produção do cooperado, o que é uma tranquilidade, já que as mudas representam 60% do custo inicial da citricultura. À tarde, os produtores puderam visitar o pomar de laranja do CTC, verificar o desenvolvimento das espécies cultivadas e obter mais informações, tanto sobre o cultivo como o maquinário disponível no mercado ou as possibilidades de adequação de equipamento utilizados em outras lavouras que podem ser adaptados á cultura da laranja.

Pastagem

Este ano a Cocari trouxe um tema que nunca havia sido abordado em dias de campo: a pastagem. Palestra e vitrines demonstrativas de capim focaram no planejamento a ser feito antes de introduzir uma pastagem na propriedade, bem como o esclarecimento sobre o conceito e sistemas de pastagem, as variedades e as maneiras de se escolher o melhor capim. Foram demonstrados também os passos para um bom estabelecimento de uma forrageira, degradação e recuperação do solo e renovação da pastagem, além de recomendações de adubação e o controle de plantas daninhas e a importância da cultura no controle ambiental.

Segundo o veterinário da Cocari, José Gustavo Monteiro Mingueto, o Detec resolveu abordar o assunto porque é grande a falta de informação por parte da maioria dos produtores que aderem à pecuária, tanto de corte, como de leite, que nem sempre procuram orientação profissional para a condução dos pastos. “Pode ser que o solo precise ser corrigido e o produtor, por falta de informação ou por medo de gastar, deixa de fazer uma análise de solo. E caso o solo esteja degradado, poderá ocorrer uma má formação das plantas, sendo motivo de prejuízos ao produtor”, esclareceu o veterinário.

Encerramento

O gerente da Divisão Operacional, Geraldo Semensato fez o encerramento do evento, agradecendo a presença dos cooperados e a participação dos parceiros, principalmente dos pesquisadores que estiveram atendendo e esclarecendo dúvidas dos produtores com relação ao cultivo das culturas perenes. “Tecnologia não quer dizer só investimento em máquinas e equipamentos ou tratores de alta potência. Tecnologia está no plantio adequado com a melhor variedade do café, com adubação mecanizada com o animal puxando. Nós não temos mão-de-obra na região, e tecnologia é fazer com coisas simples, que a gente tenha resultado melhor na propriedade. Tudo que se investe visando o aumento da produtividade é tecnologia e isso não significa apenas investimento caro”, reafirmou. “E nós da Cocari, esperamos que vocês estejam levando para casa coisas que aprenderam aqui”, finalizou.

Fonte: Imprensa Cocari

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