Publicado em: 27/03/2013 às 14:40hs
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção estadual, estimada em 43,256 milhões de toneladas, será 56% maior que a do Rio Grande do Sul, de 27,677 milhões (t). No entanto, os produtores gaúchos contam com 13,7% de sobra nos armazéns, cuja capacidade é de 31,478 milhões (t), enquanto que, a capacidade de Mato Grosso é de 28,477 milhões (t), um déficit de 34% em relação ao volume produzido.
Dados da própria Conab indicam que, para uma situação de tranquilidade na comercialização das principais commodities, Mato Grosso deveria ter uma capacidade estática 20% maior que a produção. O superintendente da Conab no Estado, Ovídio Costa, ressalta que Mato Grosso é um produtor de excedente, ou seja, de grãos que têm que sair para a exportação (soja) ou para regiões não produtoras (milho). Sendo assim, o déficit seria aparente porque boa parte da soja é comercializada e escoada quase que simultaneamente à colheita.
Conforme Costa, em tese a soja que sai do Estado, por exemplo, deveria gerar um espaço e aliviar a situação dos silos. “Mas no dia que temos problemas de escoamento e comercialização não resta dúvida que a carência de armazenam vai se sobressair, deixando de ser aparente e se tornar real”.
Para o diretor financeiro e administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Nelson Piccoli, o modelo de agricultura mudou muito nos últimos anos e não foi acompanhada pela melhoria na logística e na capacidade de descarregamento dos grãos nos portos do país. Segundo ele, antes plantava-se em 40 dias e transportava-se gradativamente. Agora, a soja fica pronta na metade do tempo e todos os produtores querem levar rápido o grão porque já foi vendido.
Mas a dificuldade começa nas estradas de má qualidade, em que os caminhões permanecem por mais tempo trafegando. Piccoli compara. Em anos anteriores demorava-se 4 dias para sair de Sorriso e ir até Paranaguá (Paraná). Trajeto que leva atualmente 8 dias e o mesmo caminhão que fazia em 4 dias não consegue cumprir os contratos de venda. Assim, para garantir a entrega, o agricultor coloca nas rodovias, ao mesmo tempo, mais veículos carregados, que chegam juntos para fazer o descarregamento nos terminais ferroviários, gerando um novo problema.
Nesse cenário o motorista é sacrificado, afirma o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Mato Grosso (Fettremat), Luiz Gonçalves da Costa. “O produtor fica doido para tirar o produto da lavoura, porque não tem armazém, não tem onde guardar. Aí coloca no caminhão e os motoristas ficam na fila”.
Fonte: Gazeta Digital
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