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Consórcio girassol X milho no Cerrado

Sistema é destinado a pequenos produtores e pode favorecer até a produção animal através do fornecimento de farelo para a alimentação


Publicado em: 09/07/2012 às 17:30hs

Consórcio girassol X milho no Cerrado

A cultura do girassol pode ser muito lucrativa, em especial para o pequeno produtor. Apesar de ainda não ser amplamente divulgado, o cultivo da planta em consórcio com outras culturas pode favorecer até a produção animal, através do fornecimento de farelo para a alimentação. Segundo José Lopes, pesquisador da Embrapa Meio-Norte, o girassol era considerado uma cultura de clima temperado, mas, levando em consideração o melhoramento genético realizado nos últimos anos para sua adaptação a diferentes regiões agroclimáticas mais quentes, e com maior irradiação solar, tem-se verificado a expansão desta cultura, dos tradicionais países produtores, como a Argentina e Uruguai, para outras regiões dentro do Brasil.

De acordo com o pesquisador, com a exploração dos cerrados da região Meio-Norte do Brasil, através do cultivo de arroz de sequeiro, soja, algodão herbáceo e milho, há necessidade de introdução de novas culturas e entre as culturas que possuem potencial para os sistemas de rotação e sucessão nas regiões produtoras de grãos, a do girassol é uma alternativa de grande importância por fornecer matéria-prima para o processamento industrial dos grãos e pela característica de ciclo curto, alta qualidade e produtividade de óleo.

Para o pequeno produtor, o consórcio girassol x milho, pode ser muito lucrativo. Segundo Lopes, os melhores resultados obtidos foram ao plantar quatro fileiras de girassol e quatro de milho, alternadamente. O espaçamento utilizado é o de costume, 70 cm entre linhas para ambas as culturas, 10 cm entre plantas no caso do milho e 30 cm no caso do girassol.

O espaçamento utilizado é o de costume, 70 cm entre linhas para ambas as culturas, 10 cm entre plantas no caso do milho e 30 cm no caso do girassol

Na região de Teresina, o período indicado para plantio varia entre janeiro e fevereiro. Já no sudoeste piauiense, esse período deve ser entre dezembro (para o girassol) e janeiro (para o milho) — diz o pesquisador.

Na questão de pragas e doenças, Lopes destaca que o girassol não causa grandes problemas. Mas o pesquisador chama a atenção para o momento da pulverização, que nunca pode ser feito no período de floração da planta, quando as abelhas utilizam seu pólen para a produção de mel.

As vantagens do girassol

Para o pesquisador, a principal vantagem do consórcio aparece no momento do beneficiamento. Isso porque o farelo que sobra do girassol é utilizado na alimentação dos animais.

Para cada tonelada de grãos, são produzidos de 400 a 500 kg de óleo. Como subprodutos, tem-se de 200 a 250 kg de casca e de 350 a 400 kg de farelo aproveitado na produção de ração para alimentação animal, em misturas com outras fontes de proteína, especialmente no período seco. Além de margarina e maionese, pode ainda, devido às suas características de óleo semi-secativo, ser usado na fabricação de tintas e vernizes. Os grãos, quando moídos, produzem fécula de alto teor alimentício, que misturados à farinha de trigo ou demilho, é utilizada na fabricação de pães mistos. Durante o período de florescimento do girassol, ocorre um incremento na produção de mel de abelha entre 20 e 40 litros por hectare plantado com essa cultura — afirma Lopes.

Para ele, com a introdução da cultura do girassol nos cerrados, ocorrerá a implantação de indústrias de esmagamento para agregar valor aos grãos, uma vez que o custo total para extração, refinação, embalagem e aquisição da matéria-prima está estimado em US$ 695/t, enquanto a estimativa de venda fica em US$ 1.170. Dependendo da tecnologia utilizada, o custo total de cultivo de um hectare varia entre US$ 237,24 e US$ 291,2.

Fonte: Portal Dia de Campo

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