Publicado em: 28/08/2012 às 18:10hs
Com a oferta de grãos do Hemisfério Norte mais próxima de uma definição, os traders miram nos números referentes à demanda. Apesar dos reajustes recentes, o consenso é que as contas entre o que há para vender e o que se quer comprar ainda não fecham.
Para que o abastecimento se equilibre, será preciso fazer novos cortes de consumo e isso começa pelos Estados Unidos. O mercado trabalha com a hipótese de que a China, maior comprador de soja do mundo, continuará manifestando apetite crescente.
Cálculos da Jefferies Bache, uma das maiores corretoras dos Estados Unidos, apontam que, além de uma redução de 8,1% no esmagamento, as exportações de soja dos EUA precisarão recuar 19,6% em relação aos volumes do ano passado. Mantida a demanda internacional, abre-se espaço imenso para fornecedores como Brasil e Argentina.
Os embarques norte-americanos, segundo a consultoria, devem ficar abaixo de 30 milhões de toneladas, totalizando 29,7 milhões de toneladas. No ano passado, foram 36,7 milhões. A estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA, o Usda, é que o país embarcará 30,2 milhões de toneladas nesta temporada.
“Os Estados Unidos têm que reduzir o consumo, senão não teremos mais soja no mundo. E a forma de estimular esse racionamento é via aumento de preços”, avalia Stefan Tomkiw, vice-presidente de Futuros da Jefferies para a América Latina.
Com o recuo dos EUA no mercado internacional, o Brasil deve se tornar o maior produtor e também o principal fornecedor global de soja ao mesmo tempo, no próximo ano, caso atinja sua meta de ultrapassar a marca de 80 milhões de toneladas na colheita do próximo verão.
A China já comprou, em 2012, o equivalente a mais de 90% do volume importado em todo o ano de 2011: 36,3 milhões de toneladas. No caso do milho, a evolução é ainda mais surpreendente, embora menos volumosa. Segundo dados da Administração Geral Alfandegária da China, as importações do cereal totalizaram 3,13 milhões de toneladas de janeiro a julho deste ano, contra 208 mil toneladas adquiridas no mesmo período do ano passado.
“Até acredito que possamos ter um resfriamento da taxa de crescimento chinesa, mas a demanda continua forte. O padrão de dieta alimentar está mudando por lá e isso eu vejo como um processo irreversível”, afirma Tomkiw. “Pode ser que eles façam pausas pontuais no ritmo de compra, mas redução é muito improvável”, acrescenta.
A expectativa em relação às lavouras da América do Sul é crescente. “Se o Brasil produzir menos do que está se esperando, será uma situação complicada. O mercado conta com uma safra de 140 milhões de toneladas da América do Sul”, avalia Pedro Dejneka, analista da Futures International, de Chicago.
Fonte: Gazeta do Povo
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