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Clima abre rombo de US$ 33 bilhões nos EUA

Valor considera quebra de 90,6 milhões de toneladas na colheita de milho e de 14,6 milhões de toneladas na de soja, com base nos preços médios estipulados pelo USDA para a temporada


Publicado em: 07/08/2012 às 12:00hs

Clima abre rombo de US$ 33 bilhões nos EUA

A estiagem e o calor extremos estão levando a agricultura dos Estados Unidos à lona nesta temporada. Em valor, o golpe deferido pelo clima às lavouras do maior produtor de grãos do mundo deve ser cinco vezes maior do que o registrado no Sul do Brasil na última safra de verão.

Considerando os preços médios estipulados pelo Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) para a safra 2012/13, em julho, e a quebra na produção aferida até agora, o prejuízo ultrapassa os US$ 33 bilhões. “É a seca mais severa e cara dos últimos 25 anos”, disse o economista Timothy Park à CNN na semana passada. Mas, se o calor e a seca não derem trégua às plantações até o final deste mês, o rombo, financeiro e em volume, tende a crescer, porque boa parte da área de soja do país está entrando na fase decisiva de desenvolvimento.

No caso do milho, o estrago, com base no valor de US$ 251,9 por tonelada (US$ 6,40 por bushel), somaria US$ 25,1 bilhões, o equivalente à redução de 90,6 milhões de toneladas. O recuo no volume foi projetado no final da última semana pela consultoria Informa Economics, com sede nos Estados Unidos. O mercado, no entanto, já cogita quebra de 100 milhões de toneladas para a colheita do cereal. No início da temporada, a Informa via potencial de 367,69 milhões de toneladas de milho e agora aposta em 285,11 milhões de toneladas.

Plantada mais tarde do que o milho, a soja ainda tem condição de recuperação em alguns estados norte-americanos, mas segundo a consultoria, 14,8 milhões de toneladas teriam sido torrados, o que representa um prejuízo de US$ 8,1 bilhões, considerando valor de US$ 551 por tonelada (com base na média de US$ 15 bushel).

Oportunidade

Embora tumultue o abastecimento global, a quebra na safra norte-americana abre oportunidades ao Brasil. No ano passado, o país já havia abocanhado uma fatia maior do mercado internacional e tirado a liderança dos Estados Unidos. No ciclo 2012/13, as vendas externas tendem a consolidar o Brasil como principal fornecedor da oleaginosa, com vantagem ampliada.

O quadro ainda tornará o país um importante fornecedor de milho. “O cenário é mais preocupante para o cereal. Existem empresas de ração querendo comprar o produto do Brasil. Quando você viu isso acontecer?”, questiona Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP, braço brasileiro da consultoria norte-americana.

Pereira acredita inclusive que as cotações do cereal têm fôlego maior para subir do que as da soja. Isso por conta do quadro de oferta apertado e da previsão de redução de área do produto no Brasil no ciclo de verão – estratégia que privilegia a soja e adia a ampliação da lavouras brasileiras do cereal para a safra de inverno de 2013.

Os efeitos da colheita menor no Hemisfério Norte, no entanto, serão positivos para os agricultores brasileiros. “Com esses preços, o produtor terá dinheiro na carteira e isso vai fazer com que ele invista em tecnologia. A rentabilidade será sensacional”, avalia o especialista.

Para os Estados Unidos, porém, o quadro é bastante crítico. Com as projeções atuais, as contas não fecham, principalmente para o milho, produto cujo consumo é estimado em 282 milhões de toneladas. Ou seja, se o clima permitir que as perdas fiquem estancadas em 275 milhões de toneladas, ainda faltariam 7 milhões de toneladas para suprir o abastecimento doméstico do país. Seria também a primeira vez em 24 anos em que os norte-americanos produziriam menos milho do que consomem.

Além de causar prejuízo bilionário – de US$ 15 bilhões – às companhias seguradoras e ao próprio governo, os agricultores dos Estados Unidos não devem escapar dos empréstimos bancários para se manter na atividade e, principalmente, investir na próxima safra, para quando ficará a segunda tentativa da tão sonhada colheita recorde de soja e milho.

Fonte: Gazeta do Povo

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