Outros

Cevada é opção de cultivo de inverno no norte do RS

Os números referentes à safra 2011 de cevada no norte do Rio Grande do Sul são animadores. ?Foram 24 mil hectares plantados e uma produtividade média de 3.300 kg/ha de um produto de ótima qualidade?, conta o engenheiro agrônomo Cláudio Dóro, da da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, que engloba 71 municípios


Publicado em: 16/04/2012 às 18:10hs

Cevada é opção de cultivo de inverno no norte do RS

Satisfeito com os resultados do ano passado, o produtor de Saldanha Marinho, Paulo Schallemberger, pretende dobrar a área plantada na safra 2012. “Entre os produtos de inverno, a cevada é o único que a gente colhe, vende e recebe”, afirma o agricultor, que se dedica à cultura desde 1994. O trigo colhido em 2011 ainda não foi comercializado.

A produção da região tem como destino a AmBev, que deve implantar uma maltaria em Passo Fundo no segundo semestre desse ano, gerando mais de 100 empregos diretos. Somente a Cotrijal, cooperativa com sede em Não-Me-Toque, destinou cerca 350 mil sacas de cevada para a empresa em 2011.

De acordo com o gerente agronômico da AmBev, Dércio Luis Oppelt, 70% da cevada utilizada pela empresa é proveniente da região de Passo Fundo. O restante é importado do Mercosul, especialmente da Argentina. Esse, aliás, foi um dos motivos que levou à instalação da maltaria na região da produção.

Mesmo com a implantação da maltaria, o gerente da unidade de produção de grãos da Cotrijal, Gelson Melo de Lima, acredita que não deve haver uma “inundação” de cevada na região. Isso porque atualmente não existem políticas que apóiem o produtor de cevada, que tem que arcar sozinho com os riscos uma cultura extremamente sensível às intempéries do tempo. “Deveria haver um seguro para não deixar o agricultor tão exposto”, defende Lima.

Como explica a coordenadora da unidade de cultivos de inverno da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl, o clima exerce uma grande influência na qualidade da cevada e, por conseqüência, na qualidade do malte. "O tempo seco na pré-colheita contribui para que os grãos alcancem o teor de proteína ideal para a obtenção do malte", explica a engenheira agrônoma.

No caso do agricultor Amadeu Carassa, de Passo Fundo, o tempo não ajudou. A última safra de cevada foi destinada a produção de ração animal, já que não atendia às exigências da indústria. “Não adianta a implantação da maltaria se não houver incentivo para o produtor”, conclui.

A Cotrijal repassa aos agricultores a política da AmBev, que consiste na garantia de preço e de comercialização, bem como assistência técnica. “Essa é a prática adotada pela empresa há mais de 30 anos no relacionamento com produtores e cooperativas”, afirma Oppelt. O controle de qualidade do produto que é destinado à AmBev é feito por técnicos da Emater, que observam características como germinação, impurezas, tamanho e umidade do grão.

Lima lembra que é mais fácil conseguir crédito para a produção de trigo do que para a cevada. Entretanto, a cevada é uma cultura integrada, o que permite ao agricultor plantar já sabendo a qualidade que deve ser entregue, e também quanto e quando irá receber pelo produto. Para Cláudio Dóro, ainda que o preço seja semelhante ao do trigo, a cevada tem apresentado boa liquidez, proporcionando a venda logo após a colheita. Gelson Melo de Lima espera que, por questões logísticas, a maltaria da AmBev seja abastecida por produtores de cevada da região. “A demanda vai organizar a produção”, acredita o gerente da Cotrijal. “Atualmente, existem muitos produtores e poucos compradores”, conclui.

“Trata-se de uma cultura com alto potencial produtivo, quando bem conduzida”, afirma Cláudio Dóro. “Dependendo das condições climáticas e da suscetibilidade da cultivar, a lavoura de cevada pode ter o rendimento prejudicado pelo ataque de doenças fúngicas de parte aérea”, conforme alerta Luiz Augusto Corrêa Pereira, coordenador de campos experimentais da Fundação Pró-Sementes. Na região sul, os cuidados devem ser com a mancha marrom, mancha reticular, oídio, ferrugem da folha, septoriose e giberela que devem ser monitoradas desde a implantação da lavoura até a colheita, sendo os tratamentos realizados quando estas atingirem os níveis de controle, e com isso garantir uma lavoura com bons rendimentos.

Ainda assim, a cevada é vista como uma boa alternativa de cultura de inverno na região. Lima lembra que nos meses de frio há muitas áreas disponíveis e é preciso cobrir o solo e fazer a rotação de culturas. Além disso, o mercado oferece variedades com alto potencial produtivo. O ciclo mais curto em relação ao trigo permite, ainda, que a lavoura seja liberada antes para o plantio de culturas de verão, como soja, por exemplo.

Fonte: Cultivares

◄ Leia outras notícias