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Canola no compasso da soja

Alta na cotação da soja impulsionou as demais commodities como é o caso da canola


Publicado em: 03/08/2012 às 16:20hs

Canola no compasso da soja

Produtores de canola da região comemoram o cenário mercadológico da cultura, já que seu preço é a trelado ao da soja. A cultura está sendo negociada nos contratos futuros por volta dos R$ 60,00, valor recorde já praticado pela cultura, a exemplo do que ocorre com a soja, que hoje está em torno de R$ 71,00 a saca de 60 quilos disponível.

De acordo com o coordenador do Departamento de Fomento da BSBIOS, Fábio Benin, o cenário atual permite benefícios aos produtores que optaram pela canola. Ele diz que diante dos preços atuais, a margem liquida na lucratividade ultrapassa as 40%. “Comparando o ano de 2012 com 2011, pelas cotações atuais da soja, obtendo mesmo teto da safra passada, a lucratividade hoje pode ser até acima de 40% com relação à obtida no ano passado”, diz.

Benin explica que a empresa trabalha com área de canola com produtividade em torno de 30 sacos por hectare. O custo de produção, relativo ao desembolso com insumos, adubo, fertilizante, defensivos e sementes, mais o custo operacional da propriedade, da safra 2012 diante das cotações atuais, deve ficar em torno de 15 sacas por ha. “Se computarmos todos os custos da propriedade, o lucro fica em torno de 40%.

O cenário mercadológico deverá influenciar a decisão dos produtores na formação da próxima safra. Anualmente a cultura ganha incremento de área cultivada no Rio Grande do Sul e, as condições atuais devem incrementar ainda mais essa expansão de área.
Além disso, Benin diz que diferentemente de outras culturas de inverno, especialmente o trigo, a canola tem compra garantida e o preço é indexado ao da soja. “Há liquidez e a lucratividade é interessante. Há área disponível, equipamentos e a empresa garante a compra e assistência técnica.

Os agricultores têm duas opções de comercialização: comercializar 14 sacas a R$ 52,00 e o restante ao preço indexado ao da soja no balcão ou então, comercializar toda safra depois da colheita. “Porém, 60% dos produtores optaram em garantir a venda de 14 sacas a um preço travado antecipadamente. Tivemos anos em que esses contratos já tiveram um percentual maior, mas já havia rumores no mercado de que os preços da soja estariam em ascensão”, diz.

Entretanto, o produtor que fez o travamento consegue minimizar o risco de oscilação de mercado. “Já tivemos anos em que preço da soja estava bom e depois caiu. E neste caso, o travamento acaba sendo uma segurança, e com o restante estará especulando”, acrescenta.

Opção pela canola

Benin destaca que a opção pela cultura da canola deve ser vista de ângulos diferentes. Como o produtor veio de safra de verão frustrada, ele acaba condicionando a recuperação de parte do prejuízo na cultura de inverno. E segundo ele, quando o produtor se depara com opções: trigo, cevada e canola, destas a mais confortável, tendo garantias reais de comercialização, são a canola e a cevada, entretanto, a cevada pode ter tem problemas de ordem climática o que provoca depreciação na qualidade do grão.

Segundo ele, no Rio Grande do Sul, houve uma estabilização na área cultivada, entre 30 a 35 mil hectares. Já no Paraná ocorreu um aumento significativo, em cerca de 70%, tendo atualmente com 20 mil hectares. No país, os principais produtores da oleaginona são RS e PR. No cenário nacional, está havendo um crescimento de 30% no cultivo e, a estimativa é de que nos próximos anos a expansão no cultivo se mantenha semelhante. “Há mercado garantido no Brasil para o cultivo de 300 mil hectares de canola e hoje são cultivados 60 mil ha.

Mercado de intenções

O agrônomo da Emater Cláudio Dóro destaca que o cenário mercadológico atual é recorde, porém, poucos produtores estão obtendo estes reais valores. Isto porque não há canola estocada da safra passada. “Quem colhe já entrega, porque o grão é pequeno e difícil de armazenar”, diz.

No momento a cultura está na fase de desenvolvimento vegetativo, entrando em florescimento. O padrão é considerado bom, sem problemas de pragas ou doenças. Diante do clima atual, Dóro diz que o potencial é de colher entre 25 a 30 sacas por hectare, porém na safra passada, muitos produtores superaram as 30 sc/ha. A expectativa é quanto ao clima no período de pré-colheita e colheita, entre o final de setembro início de outubro.

Na região Norte foram cultivados nesta safra 20 mil hectares, sendo que o Rio Grande do Sul é o maior produtor do país.

No que tange a soja, cerca de 90% da produção já foi comercializada. “Poucos produtores estão desfrutando das atuais cotações. Na verdade, estamos assistindo de camarote uma encenação, porque há pouco a ser comercializado”, diz.
 
Segundo ele, a maior parte foi vendida a R$ 50 – R$ 55 a saca e, somente 10% restou para ser vendido aos preços atuais. “Por conta disso, não podemos dizer que o agricultor está vivendo momento de ouro. Mesmo assim, consideramos importante o bom preço, porque a formação de preço para próxima safra começou agora. A recomendação que deixamos aos sojicultores, é que eles conduzam lavoura com boa tecnologia e boa fertilização, com semente de qualidade para obter alto rendimento”, destaca.

Abertura da safra de canola

A abertura Nacional da Safra de Canola será no dia 18 de setembro, em Colorado. Paralelo, neste dia haverá a quarta edição do dia de campo da cultura. A atividade tem por objetivo divulgar e difundir as novas tecnologias a respeito do cultivo da cultura. Através de estações de visitação, será feita uma abordagem tecnológica da cultura, tratando desde semeadura, adubação, manejos, novas tecnologias de colheita, gestão da propriedade e comercialização, bem como características de fisiologia, desenvolvimento e assistência técnica. Também haverá dinâmica de corte, enleiramento e de recolhimento. Neste ano o evento acontecerá durante a Semana Farroupilha, por isso, também estão sendo preparadas atividades culturais como a apresentação do cantor nativista Luiz Carlos Borges e da invernada artística do CTG Severo Sampaio de Quadros. A atividade acontecerá às margens da BR 285, no Km 360, no município de Colorado (RS).

Fonte: Diário da Manhã - Passo Fundo

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