Outros

Buenos Aires pode perder 670 mil hectares em área agricultável

Chuvas acima da média histórica deixaram áreas inundadas


Publicado em: 05/10/2012 às 18:10hs

Buenos Aires pode perder 670 mil hectares em área agricultável

Excesso de água ainda prejudica o plantio da safra agrícola na Argentina. Somente na província de Buenos Aires, a principal região produtora do país, uma área de 670 mil hectares reservada ao cultivo da soja, milho, sorgo e girassol pode deixar de ser utilizada em função dos alagamentos, estimou a Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

"Esta superfície é determinada com base na área a se considerar o envolvimento por excesso de água, ou inundada ou alagada", informou a entidade. No entanto, as condições climáticas ainda podem provocar mudanças no cenário, elenca o informe. No país as chuvas superaram as médias históricas e geraram excessos hídricos em uma ampla superfície da Província. Além de reduzirem o potencial produtivo agrícola também podem favorecer o desenvolvimento de doenças.

De acordo com a Associação Argentina de Consórcios Regionais da Experimentação Agrícola (AACREA), o plantio de milho no país iniciou, enquanto a semeadura de soja ainda não. "Durante o mês de setembro não choveu e a água está baixando devagar. Obviamente, se voltar a chover em outubro, é provável que a área inundada aumente novamente", informou ao Agrodebate, o consultor da Associação, Alejandro Vejrup.

Em agosto, lembra o representante, choveu praticamente a metade do que se costuma registrar durante um ano. Estimativas oficiais mostram que pelo menos 3 milhões de hectares foram prejudicados por inundações em Buenos Aires.

A previsão é que o país produza na temporada 2012/13 um total de 55 milhões de toneladas de soja, além de 28 milhões de toneladas de milho e 11,5 milhões de toneladas de trigo, segundo estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).

Produtores argentinos esperam no atual ciclo recuperarem o desempenho com a produção de grãos. Em 2011/12, por exemplo, fatores climáticos puxaram para baixo a produção de soja e milho na Argentina. As duas culturas integram o grupo dos quatro principais produtos com maior peso na agricultura, ao lado também do trigo e do girassol.

Somente com a soja, as perdas somaram 13 milhões de toneladas, de acordo com a associação. De 52 milhões de toneladas estimadas para a temporada colheram-se 39 milhões de toneladas. Mais conservador, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) fala em uma safra de 41 milhões de toneladas.

No centro

Como lembra o analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleber Noronha, o desenvolvimento da safra latino-americana em 2012/13 vai determinar rumos para o mercado agrícola. Desde que se configurou quebra na safra de soja nos Estados (13% menor frente ao volume colhido em 2011/12), os olhares do mundo voltaram-se para o continente Sulamericano.

Ao lado do Brasil, a Argentina vai interferir na cotação da soja, explica Noronha. A expectativa é que o continente colha acima de 148 milhões de toneladas com um clima favorável.

Juntos, Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai devem concentrar 57,5% da produção mundial de soja esperada para 2012/13, atualmente em 258,1 milhões de toneladas conforme o USDA.

"Como os Estados Unidos estão produzindo mais para consumo próprio do que para a exportação, o celeiro de grãos para o semestre de 2013 passa a ser o latino-americano", cita o engenheiro agrônomo do Imea.

Fonte: Agrodebate

◄ Leia outras notícias