Publicado em: 17/06/2013 às 18:30hs
Essa perspectiva, segundo fontes consultadas pelo DCI, se mantém apesar do carro chefe da agricultura nacional, a soja, estar com sua produtividade relativamente estagnada e apesar dos ganhos de produtividade serem diluídos com gastos de logística.
Tiago Librelotto, sócio-proprietário da fazenda Terra Boa Agrícola, em Cruz Alta (RS), venceu no ano passado o concurso do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) na categoria soja irrigada e foi um dos três agricultores do concurso que alcançou produtividade acima de 100 sacas de 60 quilogramas por hectare, mais especificamente 102,60. A média nacional tem girado em torno de 50 sacas por hectare.
"Sempre temos perspectiva de colher mais. Nesse ano tem sido difícil passar do nosso nível anterior porque a genética das variedades de soja está no limite", diz.
Na safra 2012/2013, a produtividade da soja chegou a recuar, passando de 51,9 sacas por hectare para 48,9. O volume é menor do que a produtividade de arroz (82,9 sacas), milho (82,6 sacas) e algodão (equivalente a 60,6 sacas). Porém, a nata de produtores com alta tecnificação tem aumentado, tanto que, neste ano, a quantidade de sojicultores cadastrados no concurso que produziram entre 80 e 110 sacas por hectare cresceu 35%, com sete produtores com mais de 100 sacas por hectare.
O concurso é promovido há quatro anos para levantar novas técnicas para retomar o aumento de produtividade do grão. O presidente do Cesb, Orlando Martins, crê na possibilidade de aumentar a produtividade de soja no Brasil para 67 sacas por hectare.
Fabiano Ribeiro, que possui uma fazenda em Uruaçu (GO), adotou o plantio cruzado, técnica de manejo que adota duas culturas em uma mesma área, para alcançar a produtividade de 89,85 sacas por hectare em 2011 e ganhar o prêmio do Cesb para o Centro-Oeste. Porém, nesta safra, sua produtividade caiu para 82 sacas por causa da estiagem no ano passado.
Ribeiro é um dos produtores que, apesar de utilizar tecnologia no plantio, ainda tem dificuldade de avançar por causa do clima. "Hoje as dificuldades maiores estão relacionadas a clima. No Centro-Oeste, o plantio foi um pouco atrasado porque produtores estavam com tudo disponível, mas não plantaram porque as chuvas atrasaram", analisa Divania de Lima, pesquisadora da Embrapa Soja.
A especialista considera também que, como houve uma incorporação de 2,6 milhões de hectares só na área plantada com soja, houve uma queda natural de produtividade, já que estas regiões ainda não estavam com solo corrigido.
Outro fator que literalmente comeu a produtividade de muitos agricultores foi a lagarta Helicoverpa, que ataca as vargens dos grãos da soja. Para o sojicultor Frederik Jacobus, de Itararé (SP), que ganhou o concurso do Cesb em 2012 para o Sudeste, a produção caiu 10% por causa do animal. Ainda assim, ele conseguiu o segundo lugar no concurso deste ano com produtividade de 91,3 sacas por hectare, alta de 8%.
Para Luiz Carlos Corrêa, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag),"temos que separar o espetáculo da produtividade e a politica agrícola". "O que falta ao Brasil são políticas que façam com que o conhecimento saia da prateleira e vá ao campo, com menos riscos, com seguro rural, e com logística."
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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