Publicado em: 19/11/2024 às 17:30hs
Em Santa Leopoldina, na Região Serrana do Espírito Santo, o agricultor Alexandre Abelz alcançou um feito inédito: o registro da primeira nova variedade de gengibre no Brasil. Batizada de Imigrante, a cultivar foi desenvolvida a partir de observações diárias e seleção natural em sua lavoura, evidenciando a força do conhecimento prático aliado à inovação.
Com mais de meia tonelada de gengibre orgânico produzida anualmente, Abelz iniciou, no ano passado, o cultivo da variedade Imigrante. O processo foi inteiramente empírico, resultado de anos de trabalho e análise das plantas que melhor se adaptavam ao terreno e apresentavam maior produtividade. "Selecionávamos as mudas mais resistentes e produtivas para as safras seguintes, e assim a variedade foi tomando forma", explicou o agricultor.
A nova variedade apresenta plantas mais altas e rizomas mais desenvolvidos, o que favorece a absorção de água e nutrientes, resultando em uma raiz mais robusta e produtiva. Com essas qualidades, Abelz obteve o Registro de Proteção de Cultivar (RPC) do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), uma certificação inédita no setor de gengibre.
A novidade despertou o interesse de instituições científicas. O Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Alegre, e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) passaram a acompanhar e pesquisar a variedade. "Combinamos o saber prático do agricultor com o rigor científico, e o resultado foi o registro pioneiro", destacou a professora Ana Paula Candido Gabriel Berilli, do Ifes.
Segundo o pesquisador Galderes Magalhães, do Incaper, a Imigrante já se destaca em comparação a outras cultivares do estado. Ele afirma que a nova etapa é planejar a expansão do uso dessa variedade, que promete alavancar ainda mais a produção capixaba.
Líder nacional na produção e exportação de gengibre, o Espírito Santo deve atingir uma safra de 84 mil toneladas em 2024. A nova variedade pode aumentar significativamente esses números, fortalecendo a posição do estado no mercado internacional.
Após a colheita, que ocorre ao longo do ano, o gengibre é submetido a um processo rigoroso de limpeza e secagem para garantir a qualidade durante o transporte. Em seguida, é embalado em pacotes de 15 kg e exportado para mercados como Holanda, Alemanha, França e Rússia.
Com condições climáticas favoráveis e a inovação trazida pela Imigrante, o gengibre capixaba reafirma sua posição como referência global no setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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