Milho e Sorgo

Seca nos EUA estimula exportações de milho

Nas últimas semanas surgiram rumores de que que grandes negócios foram fechados com indústrias de carnes do país


Publicado em: 25/07/2012 às 13:50hs

Seca nos EUA estimula exportações de milho

Embora o tamanho das perdas nos EUA seja desconhecido, a queda nos embarques norte-americanos é fato. A prioridade será o abastecimento interno, inclusive para a produção de etanol, que deve cumprir metas.

O Brasil tem tudo para exportar um volume recorde de milho neste ano. Além da superprodução, o país conta com a quebra da safra nos EUA e com o preço alto, que estimula os embarques.

Nos 15 primeiros dias úteis deste mês, as exportações atingiram 14 mil toneladas por dia -aumento de 264% em relação a julho de 2011.

Em comparação com a média diária de junho, a alta é de 700%, segundo a Secretaria de Comércio Exterior.

A maior procura pelo grão já leva consultorias a rever estimativas para exportação. Se antes a projeção da Companhia Nacional de Abastecimento, de 12 milhões de toneladas, era otimista demais, agora é considerada factível.

O analista Juliano Cunha, da Céleres, ainda estima 11 milhões de toneladas embarcadas neste ano. "Mas tudo indica que esse número deve ser ajustado para cima", diz.

Embora o tamanho das perdas nos EUA seja desconhecido, a queda nos embarques norte-americanos é fato. A prioridade será o abastecimento interno, inclusive para a produção de etanol, que deve cumprir metas.

Com a atuação mais tímida do maior exportador mundial no exterior, sobrarão poucas alternativas aos importadores: comprar de Argentina, Ucrânia ou Brasil.

Como os dois primeiros também tiveram problemas com a seca, limitando a oferta, o milho brasileiro é a bola da vez. "O mundo vai precisar do milho do Brasil", diz Daniele Siqueira, da AgRural.

Os números da Secex mostram que a corrida já começou. Além disso, nas últimas duas semanas surgiram rumores de que grandes negócios foram fechados com indústrias de carnes dos EUA -que temem ficar sem milho para ração animal-, para embarque a partir de agosto.

Segundo Cunha, 3,5 milhões de toneladas de milho já aguardam a atracação de navios para o embarque.

No terminal ferroviário de Alto Taquari (MT), caminhões esperam quatro dias para descarregar o milho nos trens que seguirão até Santos (SP).

Além de limitar o potencial de exportação, as filas também encarecem o frete e reduzem o lucro do produtor.

Mobilização

Os produtores brasileiros de aves e suínos pedem medidas do Ministério da Agricultura para conter a escalada dos custos de produção e para garantir abastecimento de milho e soja no mercado interno.

Reação

O governo vai comprar milho para abastecer regiões deficitárias no Sul, no Sudeste e no Nordeste, como parte das medidas de apoio à suinocultura.

 Extensão 

Alysson Paolinelli, presidente da Abramilho, diz que a situação preocupa até as indústrias de carnes de Mato Grosso, que querem reter 2 milhões de toneladas para o consumo local. O ministério admite estender a medida para outros Estados.

 Limite 

Ontem, a Ubabef (associação dos produtores e exportadores de frango) pediu ao ministério o monitoramento dos níveis de exportação de soja e facilidades para a importação do produto.

 Mais oferta 

Para o milho, pedem leilão de estoques reguladores e venda a preços subsidiados às indústrias.

 Convênio  

A Embrapa assinou acordo de cooperação com o Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz, das Filipinas, referência na cultura. Será a primeira vez que uma instituição da América Latina trabalha com o centro.

 Portas abertas 

A parceria possibilitará que a Embrapa tenha acesso a pesquisas para o desenvolvimento do arroz C4, uma nova variedade que pode ser mais produtiva ou resistente à seca.

Fonte: Folha de São Paulo

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