Publicado em: 19/03/2025 às 09:30hs
A safra de milho safrinha, que atualmente representa cerca de 77% da área total plantada no Brasil, consolidou-se como uma peça fundamental na produção nacional. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a região Centro-Oeste do país concentra a maior parte da produção, destacando-se ainda mais no cenário agrícola brasileiro. O 5º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 da Conab prevê uma produção de 122 milhões de toneladas de milho, um aumento de 5,5% em relação ao ciclo anterior. Para a segunda safra especificamente, estima-se um crescimento de 6,4%, alcançando 96 milhões de toneladas.
Entretanto, a safra de 2025 enfrenta desafios climáticos que exigem um manejo estratégico. Fatores como chuvas irregulares e altas temperaturas impactam o desenvolvimento das lavouras, o que pode prejudicar a produtividade. Dauto Carpes, engenheiro agrônomo e especialista da FertiSystem, alerta que essas oscilações climáticas exigem planejamento cuidadoso para garantir estabilidade na produção.
De acordo com Carpes, as primeiras semanas de desenvolvimento do milho são cruciais, já que fatores como luminosidade e disponibilidade hídrica influenciam diretamente o crescimento das plantas. “A safrinha entra em um período pós-colheita da soja, que já extraiu nutrientes do solo. Portanto, um manejo eficiente e um planejamento nutricional adequado são essenciais para garantir um crescimento equilibrado da lavoura”, explica.
Além do clima, a escolha correta das cultivares e o manejo de pragas e doenças também são determinantes para o sucesso da safra. Carpes enfatiza a importância de selecionar híbridos de milho adaptados ao zoneamento climático de cada região, considerando fatores como resistência a pragas e tolerância a estresses hídricos. "Cada região tem suas particularidades. No Sul, por exemplo, as temperaturas mais amenas no final do ciclo favorecem o milho, enquanto no Centro-Oeste o grande desafio é a redução da umidade do solo nos meses de outono", detalha o especialista.
O manejo da safrinha também envolve a adubação, que geralmente se baseia na reposição dos nutrientes retirados pela cultura anterior. Como a soja já deixa um residual de nutrientes no solo, os produtores tendem a investir em reposições mais econômicas, complementando os nutrientes essenciais. No entanto, Carpes alerta para a importância de um monitoramento rigoroso das lavouras, pois pragas como lagartas e percevejos podem comprometer a produtividade caso não sejam controladas nos estágios iniciais do desenvolvimento da planta. “O monitoramento diário é fundamental, principalmente nos primeiros dias, quando a planta ainda é sensível. Danos severos na fase vegetativa podem prejudicar irreversivelmente o milho”, afirma.
Além dos desafios climáticos e de manejo, a rentabilidade da safra também é afetada pelo cenário econômico. A produção recorde de milho nos Estados Unidos e as oscilações no mercado internacional podem levar à queda nos preços da commodity. Além disso, os custos de produção, especialmente com os fertilizantes, seguem elevados devido à valorização do dólar.
Carpes observa que, diante da baixa liquidez e da incerteza sobre os preços de venda, os produtores estão cautelosos quanto aos investimentos. "O produtor está mais reticente em investir este ano, uma vez que os preços da soja caíram, e a safrinha de milho precisa ser rentável para equilibrar os custos da lavoura", conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias