Publicado em: 26/07/2013 às 11:10hs
Alguns dos 450 produtores que já pagaram pelos grãos estão aguardando há mais de 30 dias e tendo prejuízos porque precisam comprar o milho a preço de mercado.
O grão chegou ao Ceará no dia 9 de junho e é repassado de forma subsidiada, custando a saca de 60kg R$ 18,20 para quem tem cadastro no Programa nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), e R$ 21 aos demais agricultores cadastrados na Conab. No mercado esse preço chega a dobrar. O Agricultor Francisco Gilson de Araújo pagou R$ 966 por 46 sacas de milho e esta aguardando a um mês a chegada do produto. "Eles disseram que era só imprimir o boleto que no mais a tardar até o final do mês de junho o milho estava sendo entregue, mas já fez um mês e até agora nada", reclama o agricultor.
Gilson é morador da comunidade de Miguel Pereira do Mauro, zona rural deste município e afirma que lá cerca de 50 outros agricultores passam pelo mesmo problema. O milho é utilizado para alimentação de animais como galinhas, ovelhas, porcos e ele conta que foi atraído pelo preço do produto. "No mercado, a saca de 60 kg custa em média R$ 50, e numa reunião no sindicato foi dito que a gente ia poder comprar de R$ 21, só que eu paguei e o milho não chegou e eu já gastei mais do que esse valor porque precisei comprar no mercado", relata.
A reunião que trata o agricultor foi realizada no sindicato dos trabalhadores rurais, em meados de junho, onde esteve presente o gerente do escritório da Ematerce de Russas, Tarcísio de Paiva. Segundo relatou o agricultor José Augusto de Oliveira, morador da comunidade de Barro Vermelho, muitos agricultores aderiram a essa compra de milho, mas boa parte ficou desesperançosa com a demora. "Eu não comprei esse milho, mas estou resolvendo isso para quatro agricultores, por procuração, e até agora ninguém sabe quando vai chegar, se nós vamos pegar ou se alguém vai trazer pra cá", conta.
Um desses agricultores é Raimundo Nonato de Lima, que desembolsou R$ 673,40 por 37 sacas do produto. De acordo com sua esposa, Terezinha Pereira, ele tem comprado o grão a preço de mercado (portanto, não subsidiado) para poder alimentar os animais. "Aqui, a gente tem criação, uma saca dessa só dura dois dias. Ele pagou em junho esse milho e nem sabe se quando vai receber", lamenta. A indignação dos agricultores se dá pelo prejuízo de terem pago, em alguns casos, valores mais altos pelo produto e terem que arcar novo custo, diante da espera.
Entrega
De acordo com Tarcísio, da Ematerce local, o Governo do Estado priorizou as primeiras entregas para municípios em situações mais críticas. O grão que abastecerá o baixo Jaguaribe esta em transito ferroviário de Quixadá, no Sertão Central, para Morada Nova, no vale do Jaguaribe. "Na noite dessa quinta, o milho sai de Quixadá para Morada Nova e já acertamos dois carros com a secretária de agricultura de Russas para ir buscar o milho. Amanhã, estarão chegando 79 toneladas de milho destinadas a 59 produtores rurais".
O município de Palhano é assistido pelo escritório da Ematerce de Russas. Lá, 150 produtores pagaram para receber o milho, mas se encontram na mesma situação de espera. "Semana passada, houve uma manifestação lá dos agricultores a respeito da demora e fomos lá explicar a situação pra eles. Nós esperamos que, nos próximos 15 dias, todos os agricultores de Russas e Palhano recebam o produto", ressaltou Tarcísio. O gerente da Ematerce ressalta que a entrega será por ordem de pagamento. Os agricultores que estão aguardando há mais tempo receberão o milho primeiro.
Ao todo, o Governo Federal doou 30 mil toneladas de milho ao Estado do Ceará. O grão chegou de navio ao Porto do Pecém no dia 9 de junho. Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), repassa o produto ao agricultor de forma subsidiada. Para quem possui a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), a saca de 60kg é vendida a R$ 18,20 e aos demais agricultores cadastrados na Conab, o preço sobe para R$ 21. O dinheiro da venda do milho é utilizado para custear o transporte.
Fonte: Diário do Nordeste
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