Publicado em: 29/07/2013 às 07:40hs
Dando continuidade à campanha de conscientização iniciada neste mês, a Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas) promove no dia 30 de julho, terça-feira, em Chapecó (SC), a palestra “Manejo Integrado da Tecnologia Bt”, com o entomologista José Magid Waquil. A apresentação visa orientar os produtores sobre as boas práticas de manejo da resistência de insetos nas lavouras de milho Bt, o milho geneticamente modificado resistente a pragas, que possibilita a racionalização do uso de defensivos, bem como proteger o potencial de rendimento da lavoura.
A palestra, gratuita, acontecerá a partir das 19h no Hotel Bertaso, localizado no centro da cidade catarinense. No encontro, o consultor, que é PhD em entomologia, falará aos produtores sobre a importância do manejo da resistência de insetos para evitar o processo de seleção de insetos-praga resistentes às toxinas produzidas pelas plantas geneticamente modificadas e preservar a eficiência e o potencial da tecnologia Bt, evitando prejuízos à lavoura. O primeiro evento da campanha aconteceu no último dia 17, em Passo Fundo (RS), e obteve grande sucesso junto aos produtores locais.
Coordenada pela Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS), a campanha é resultado de um grupo de trabalho da Abrasem, do qual fazem parte técnicos das empresas produtoras de sementes, e conta com o apoio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Além das palestras, que acontecerão até o final de 2013 nas principais cidades produtoras nos Estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, a campanha contará com anúncios nos veículos de comunicação especializados no setor e distribuição de material explicativo.
Outra importante ferramenta é o site do projeto, que pode ser acessado no endereço www.boaspraticasogm.com.br e que traz todas as informações necessárias para o produtor, incluindo dados técnicos, além de artigos e a programação de palestras.
Precaução
O milho Bt é obtido por meio da transformação genética de plantas de milho com genes da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), fazendo com que a planta produza proteínas tóxicas para algumas espécies de insetos. A tecnologia, criada em 1997 nos Estados Unidos, espalhou-se rapidamente devido a sua eficiência e há pouco mais de cinco anos é utilizada no Brasil, representando atualmente cerca de 80% das sementes de milho comercializadas no país.
Mesmo com a produção contínua das toxinas ao longo do ciclo, as plantas Bt podem não controlar todas as pragas existentes, pois na população destas podem existir indivíduos naturalmente resistentes. Daí a importância do manejo da resistência de insetos (MRI).
Segundo José Américo Pierre Rodrigues, superintendente executivo da Abrasem, investindo simultaneamente no plantio de refúgio (plantio de áreas de milho não Bt adjacentes à plantação de milho Bt) e em outras práticas como a dessecação antecipada seguida de inseticida, controle de plantas daninhas, tratamento de sementes, monitoramento seguido de inseticida e rotação de culturas, o produtor conseguirá garantir a longevidade da tecnologia.
Os pesquisadores consideram que a melhor maneira de evitar o desenvolvimento de populações de insetos resistentes ao milho Bt é combinar lavouras de milho Bt com áreas plantadas com híbridos sem a tecnologia Bt. Dessa forma, os poucos possíveis insetos resistentes que sobreviverem na lavoura Bt irão cruzar com insetos suscetíveis presentes na lavoura de milho não Bt. Algumas possibilidades de "desenho" da lavoura, utilizando refúgio, estão disponíveis no site da campanha.
“O otimismo é uma característica inerente ao produtor rural, faz parte de sua natureza. Com isso, existe um sentimento de que a indústria sempre conseguirá se superar e criar novas tecnologias que solucionem os problemas. Mas o agricultor precisa entender que a capacidade da ciência não é infinita e que ele precisa fazer a parte dele”, explica o consultor José Magid Waquil.
Cássio Camargo, diretor executivo da APPS, ressalta a preocupação com a manutenção da tecnologia, que considera “extremamente valiosa”. “Além de exigir uma quantidade muito menor de pulverizações, o milho Bt tem maior produtividade, tornando-se muito mais rentável. Mas é preciso preservar a qualidade dessa tecnologia, que é um grande achado”, diz. Ele acrescenta que a preocupação torna-se ainda maior no Brasil, país tropical com grande incidência de insetos-praga.
As boas práticas de manejo da resistência de insetos:
1 - Adoção de áreas de refúgio – O plantio e a manutenção das áreas de refúgio representam o principal componente do plano de Manejo Integrado da Resistência (MIR) das culturas Bt. O objetivo do refúgio é manter uma população de insetos-praga-alvo da tecnologia Bt sem exposição à proteína Bt.
2 - Dessecação antecipada seguida de inseticida – As culturas antecessoras, assim como as plantas daninhas e voluntárias presentes no ambiente, podem hospedar as principais pragas que atacam a cultura do milho na fase inicial, influenciando a espécie predominante e a pressão inicial das pragas. Assim, no sistema de plantio direto, a pressão de pragas na fase inicial da cultura pode ser maior quando comparada ao sistema de plantio convencional.
3 - Controle de plantas daninhas – Algumas plantas daninhas podem hospedar insetos-praga das culturas subsequentes, permitindo que uma quantidade significativa sobreviva nas áreas de cultivo no período da entressafra. Além disso, ervas daninhas podem ser fontes de lagartas em ínstares mais avançados, as quais apresentam maior dificuldade de controle pela tecnologia Bt.
4 - Tratamento de sementes – O Tratamento de Sementes (TS) é uma prática que visa o controle de pragas subterrâneas e iniciais da cultura, período de grande suscetibilidade às pragas. Os danos causados por essas pragas resultam em falhas na lavoura devido ao ataque às sementes após a semeadura, danos às raízes após a germinação e à parte aérea das plantas recém-emergidas.
5 - Monitoramento seguido de inseticida – O monitoramento é fundamental. A partir dele, toma-se a decisão de realizar ou não uma aplicação complementar de inseticida na lavoura.
6 - Rotação de culturas – A rotação de culturas consiste em alternar o plantio de diferentes espécies de culturas na mesma área agrícola. Com ela, o produtor melhora as propriedades físico-químicas do solo e reduz a população inicial de alguns insetos-praga da cultura.
Fonte: Macchina de Comunicação Empresarial
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