No primeiro bimestre de 2012, o campo foi responsável pela maior contratação de trabalhadores com carteira assinada. Foram 21.446 mil, de acordo com o Ministério do Trabalho, gerando um saldo positivo de 9.867 mil vagas. Mas qual é o perfil atual deste trabalhador? Qual é a demanda gerada no campo e nas empresas que atuam no agronegócio?

Estes questionamentos foram levantados durante o 29º Congresso Nacional de Milho e Sorgo, que está sendo realizado em Águas de Lindóia-SP. Segundo Isabela Colagrossi, da Kleffmann, o perfil demandado pelo mercado acompanha essa evolução do campo e traduz o novo agronegócio brasileiro. “Para atuar no agronegócio não basta entender de manejo e técnicas de produção. É preciso entender de negócios”, explicou Isabela. “A alta tecnologia empregada no campo exige que os profissionais tenham inclusive qualificações que anteriormente não eram necessárias”, explicou.

Segundo ela, de um lado, faltam trabalhadores rurais braçais com qualificação desejada pelo mercado; de outro, existe um esforço concentrado de entidades, empresas, produtores e governo para melhorar essa capacitação.

Pesquisa feita pela Kleffmann realizada nos meses de maio e junho de 2012 com 679 produtores de milho safrinha no Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo destaca a contratação de profissionais com curso superior voltado à administração de negócios. “A pesquisa mostra que há uma preocupação dos agricultores em profissionalizar cada vez mais a gestão de negócios. Do total de propriedades entrevistadas, 19% contrataram profissionais com curso superior, e desta parcela, 85% contrataram agrônomos e 23% administradores”, destacou Isabela Colagrossi.

Observa-se também um outro fenômeno: a grande procura nas faculdades pelos cursos de Agronomia, Engenharia Agrícola e Zootecnia. De acordo com Alessandro Guerra, Pesquisador da Universidade de Rio Verde, ainda há uma lacuna entre o que as faculdades oferecem e a demanda do mercado. “É preciso haver maior integração entre estes setores para a melhoria da formação deste profissional”, destacou Guerra durante o evento. “O conteúdo programático das Universidades é bastante regionalizado, conforme a produção da região”, disse.

Marcelo Cabral, da Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação do Ministério da Educação, explicou que o fato de, atualmente, existir um sistema único de avaliação para acesso aos cursos de graduação das Universidades Federais (Enem) tem propiciado a migração de estudantes que anteriormente não poderiam se deslocar para fazer vestibular. “Este é um fato extremamente positivo”, disse. “Em nossas análises, percebemos realmente que há muito a melhorar no ensino dos profissionais para atuar no campo. É preciso renovação deste conhecimento para atender um setor tão exigente e com características próprias”, afirmou.

Para João Cândido de Souza, da Universidade Federal de Lavras, é crescente a demanda por bons profissionais no mercado, ao passo que cresce o número populacional no mundo. “Alguém tem de produzir o alimento. Qual é o impacto do aumento do número de pessoas no mundo para o agronegócio?”, questionou. “Vamos ter de formar mais e melhores profissionais voltados ao setor do agronegócio”, disse Souza.

O 29º Congresso Nacional de Milho e Sorgo é promovido Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS) e realizado pelo Instituto Agronômico (IAC), em conjunto como o Instituto Biológico (IB), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), os Polos Regionais (Apta Regional), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), que são órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.  O evento conta com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Milho e Sorgo) e do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).