Milho e Sorgo

Miho: Cultura tem boom em meio a cenário de incertezas

Se de um lado comercialização e plantio avançam, do outro sobram dor de cabeça


Publicado em: 28/02/2012 às 16:50hs

Miho: Cultura tem boom em meio a cenário de incertezas

No que depende especialmente do mercado e do produtor, o milho segunda safra mato-grossense segue de ‘vento em popa’ e tem tudo para se confirmar como a cultura do ano. Números superlativos que comprovam esse bom momento não faltam: plantio atinge mais de 81% da área projetada – quase o dobro do mesmo período do ano passado - e comercialização adiantada em pelo menos quatro meses. O volume atual que representa 62% da previsão de colheita só foi alcançado no ano passado em junho. Tudo seria perfeito se não fosse o temor pelo que vai ser extraído do campo. Com atraso na entrega de sementes e variedades entregues com qualidade discutível, fica a incógnita sobre a verdadeira produção que o Estado apresentará no final do semestre.

“Mesmo com essas notícias positivas, o atraso na entrega da semente e a ausência de variedades de semente de alta tecnologia continuam causando dor de cabeça no meio agrícola mato-grossense”, aponta o Boletim Semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado nesta segunda-feira (27).

Apesar da preocupação com o desenvolvimento das lavouras de milho, o Imea não deixa de comemorar as perspectivas para a cultura neste ano. Quando se esperava por uma paralisação do mercado, já que quase 50% da safra estava comercializada de forma antecipada em setembro – o que já era um feito inédito - o produtor voltou ao mercado em fevereiro. A evolução foi de 8,7 pontos percentuais em relação ao último número, chegando aos 62%, ou 6,07 milhões de toneladas, das 9,8 milhões de toneladas estimadas. Arredondando, é como se quase toda a produção da safra passada, 6,99 milhões, estivesse vendida. Em relação ao mesmo período do ano passado a superioridade é de 33,2 pontos percentuais, pois no período estavam comercializados apenas 28,8% da safra 2010/11. “O fato interessante é que esse mesmo percentual, de 62% na safra 2010/11 só ocorreu quatro meses depois, ou seja, o que nesta safra 2011/12 está vendido em fevereiro, na safra passada se vendeu somente em junho”.

Outro ponto bastante comemorado pelo Imea é o bom desenvolvimento da semeadura do cereal que na semana atingiu 81,1%, evolução média de 24,4 pontos percentuais em relação ao realizado na semana do dia 13 de fevereiro. Mais de 2,2 milhões de hectares deverão ser cobertos com milho, superfície que se confirmada estará 25,8% superior aos 1,75 milhões cultivados na safra passada. Em relação à produção, que deve passar de 6,99 milhões de toneladas para 9,80 milhões, evolução anual de 40,2%.

Sobre a evolução da semeadura, o município com os trabalhos praticamente finalizados é Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá). Dos 300 mil hectares disponibilizados ao milho – metade da área destinada à soja – 98% estavam semeados até o dia 24 de fevereiro. Com números assim, Sorriso oferta a maior área de milho no Estado, assim como oferta a maior da soja no mundo, 610 mil hectares.

Outros dois importantes produtores, Lucas do Rio Verde e Sapezal, atingiram 80% e 85% da área plantada, respectivamente. O primeiro disponibiliza 170 mil hectares e o segundo 126 mil.

Em todas as sete regiões do Estado – divisão feita pelo Imea – o plantio atual supera o ritmo observado em 2011. No noroeste o plantio cobre 84,8% da área, no norte 82,7%, no nordeste 78,7%, no médio norte 86%, oeste 83%, centro sul 70,3% e o sudeste 70,4%.

ATRASO - O problema relativo às sementes foi mostrado com exclusividade pelo Diário na edição do último sábado. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Fávaro, o atraso na entrega supera 30 dias em diversas regiões do Estado. Além disso, quem já recebeu relata casos de troca de variedades, sementes chegam com a qualidade inferior a que foi adquirida e até mesmo há ausência do produto, o que obriga o produtor a ultrapassar o período ideal de plantio, fator que por si só reduz a produtividade e a qualidade do milho. A janela ideal de plantio, como é chamado o melhor período para o desenvolvimento da cultura, se encerra neste final do mês.

Diante disso, os recordes alinhados quase passam despercebidos, já que se não fosse o problema com a entrega de sementes – ainda existem produtores à espera do produto – o plantio poderia pela primeira estar concluído 100% dentro da janela ideal, fato inédito.

Fonte: Diário de Cuiabá

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