Milho e Sorgo

Exportação de milho do Brasil segue incerta diante de demanda interna aquecida

Safra 2024/25 pode ter crescimento, mas estoques seguem pressionados


Publicado em: 27/02/2025 às 18:00hs

Exportação de milho do Brasil segue incerta diante de demanda interna aquecida

A projeção para a exportação brasileira de milho na safra 2024/25 ainda é incerta, em um momento em que a demanda interna, impulsionada pelos setores de alimentação e etanol, se mantém aquecida e os estoques do grão seguem em patamares reduzidos. Essa é a avaliação de Thais Italiani, gerente de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets.

“O Brasil apresenta estoques bastante baixos devido à forte demanda, tanto no mercado interno quanto externo. Existe potencial para a produção nacional crescer e atingir 126 milhões de toneladas de milho, desde que haja aumento no plantio da segunda safra”, explica Italiani.

A consultoria estima que a área plantada de milho no Brasil será de 22,3 milhões de hectares na safra 2024/25, um crescimento de 3,7% em relação ao ciclo anterior. Em volume, a previsão é de 126 milhões de toneladas, um avanço de 3,3%.

Caso a produção se confirme, o Brasil terá condições de ampliar suas exportações neste ciclo. A Hedgepoint Global Markets projeta que os embarques brasileiros de milho cheguem a 46 milhões de toneladas, um crescimento de 16% em relação à safra anterior. Para o consumo doméstico, a expectativa é de aumento de 3%, totalizando 87,5 milhões de toneladas, sendo 64 milhões destinadas à alimentação, 1% a mais que no ciclo passado.

A demanda por milho para produção de etanol também deve crescer significativamente, alcançando 20,9 milhões de toneladas, um salto de 20% em relação à safra 2023/24. Se esses números se confirmarem, os estoques finais do grão no Brasil sofrerão uma expressiva redução de 68%, caindo para 2,8 milhões de toneladas.

Cenário global e fatores externos

A produção de milho na Argentina para a safra 2024/25 está projetada em 50 milhões de toneladas, segundo a Hedgepoint, repetindo o volume do ciclo anterior. No entanto, a analista Thais Italiani ressalta que as condições climáticas adversas podem impactar negativamente essa estimativa. A Bolsa de Cereais de Rosario, por exemplo, já revisou sua previsão para 46 milhões de toneladas.

Para a demanda interna argentina, a consultoria espera estabilidade em 14,3 milhões de toneladas, enquanto as exportações devem crescer 3%, totalizando 36 milhões de toneladas. Os estoques finais, porém, devem cair 10%, para 2,8 milhões de toneladas.

Nos Estados Unidos, a produção de milho está estimada em 377,6 milhões de toneladas, volume 3% inferior à safra anterior. O consumo doméstico deve atingir 321,7 milhões de toneladas, enquanto as exportações são projetadas em 62,2 milhões de toneladas, resultando em estoques finais de 39,1 milhões de toneladas.

“As exportações de milho nos Estados Unidos estão em um bom momento, superando a média dos últimos cinco anos. Além disso, a relação entre os preços do milho e da soja está mais favorável ao cultivo do milho para a safra 2025/26”, analisa Italiani. Entretanto, ela alerta que um aumento da área plantada nos EUA pode pressionar os preços para baixo.

Outro fator relevante é a menor participação da China no mercado internacional de milho. As importações chinesas devem recuar 57% no ciclo 2024/25, totalizando 10 milhões de toneladas. A produção local deve crescer 2%, alcançando 294,9 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais devem atingir 203,2 milhões de toneladas, uma queda de 4%, mas ainda em níveis confortáveis.

Por fim, um fator que pode impactar o fluxo global de milho é a possibilidade de encerramento dos conflitos no Mar Negro. Caso isso ocorra, os embarques de milho e trigo da Ucrânia e da Rússia poderão ser retomados, influenciando a dinâmica do mercado internacional.

Fonte: Portal do Agronegócio

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