Publicado em: 07/01/2025 às 16:30hs
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou em 12 de dezembro seu último Boletim de Acompanhamento de Safras, estimando o plantio da segunda safra de milho em 2025 em 16,596 milhões de hectares, um crescimento de 1% em relação ao ciclo anterior. Apesar do otimismo quanto à expansão da área cultivada, o clima e a janela de plantio seguem como fatores críticos para o sucesso da safra.
Após um ano de dificuldades em 2024, a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) projeta uma recuperação na produção para 2025, ainda que aquém do recorde de 2022/2023. Daniel Rosa, diretor técnico da entidade, acredita que as condições climáticas e a regularização do plantio da soja podem favorecer um cenário mais positivo:
"Esse deve ser um ano de recuperação. A expectativa é de voltar a crescer, não no recorde, mas com um bom desempenho," afirmou Rosa.
A normalização do ciclo da safra de verão, após atrasos iniciais no plantio da soja, trouxe otimismo. O analista Anderson Galvão, da Céleres Consultoria, destaca que muitas regiões devem semear milho dentro da janela ideal entre janeiro e fevereiro, o que sustenta o crescimento projetado.
João Luiz Pinton, produtor rural de Paracatu (MG), exemplifica a transição do sorgo para o milho, motivada pela perspectiva de uma janela de plantio mais adequada. "A colheita da soja deve começar em 20 de janeiro, dando uma boa janela para a safrinha," explicou.
No Paraná, especialmente na região de Campo Mourão, há otimismo quanto ao aumento da área cultivada, impulsionado pela aquisição antecipada de insumos. O diretor técnico da AEACM, José Petruise, confirma: "A expectativa é positiva, com certeza haverá incremento em relação à safra passada."
No Mato Grosso, principal estado produtor de milho, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) projeta o plantio de 6,84 milhões de hectares, um aumento de 0,7% em comparação com estimativas anteriores. Esse crescimento é atribuído à melhora nos preços futuros do milho, que cobrem os custos operacionais dos produtores.
Além da janela de plantio, as condições de mercado também são favoráveis. Segundo Enilson Nogueira, analista da Céleres Consultoria, os preços futuros para julho e setembro de 2025 são remuneradores, incentivando os produtores a expandirem suas áreas. A demanda crescente por etanol de milho e alimentação animal também deve ajudar a absorver os estoques, reforçando a perspectiva de lucratividade.
"Os preços de insumos caíram e, apesar de algumas queixas, a relação de troca é positiva para os produtores," afirmou Rosa.
Embora o cenário seja promissor, o clima permanece como um fator de preocupação. Desirée Brandt, meteorologista da Nottus, alerta para chuvas intensas no Centro-Norte do Brasil em janeiro, que podem atrasar a colheita da soja e postergar o plantio do milho.
"A chuva é positiva para o solo e reservatórios, mas pode dificultar a colheita em regiões como Goiás e Mato Grosso," observou Brandt.
Rogério Coimbra, professor da UFMT-Sinop, ressalta que a concentração da colheita em curtos períodos exige planejamento adequado. Apesar dos desafios, ele vê um cenário favorável para o milho em 2025, desde que os cuidados com o manejo sejam mantidos.
O ano de 2025 desponta com boas perspectivas para a cultura do milho, tanto pela recuperação da produtividade quanto pelo fortalecimento do mercado. No entanto, produtores e analistas seguem atentos aos riscos climáticos e ao gerenciamento da janela de plantio, fatores cruciais para garantir o sucesso da safra.
Fonte: Portal do Agronegócio
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