Apesar do grande potencial, principalmente quando falamos do seu uso em usinas durante a entressafra da cana, o sorgo sacarino ainda é pouco explorado no país. Em meados da década de 70, o governo federal lançou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) para tentar substituir parte dos combustíveis derivados do petróleo pela produção do álcool etílico. Neste período, foram testadas alternativas de fonte de matéria-prima na produção do álcool, além da cana-de-açúcar, como por exemplo, a cultura do sorgo sacarino, uma excelente cultura complementar à cana-de-açúcar para produção de etanol, pois pode ser colhido na entressafra, reduzindo assim o período de ociosidade da indústria e favorecendo o corte da matéria-prima após sua maturação completa. Visando esse aproveitamento, a Embrapa Milho e Sorgo vem desenvolvendo cultivares de sorgo mais produtivas e adaptadas às diferentes condições climáticas do país.

Com a derrocada do Proálcool, os recursos para pesquisas foram ficando escassos e pouco se falou sobre a cultura. Atualmente, a previsão de esgotamento das fontes de petróleo para o futuro próximo e o apelo global pela redução na emissão de CO2 de origem fóssil têm feito com que o mundo, incluindo o Brasil, busque fontes alternativas de energia, que possam ser empregadas diretamente e de maneira sustentável na produção de energia. Nesse cenário, o sorgo sacarino ressurge como uma boa alternativa para a produção de etanol em áreas onde o cultivo da cana-de-açúcar não é possível ou como cultura complementar a cana-de-açúcar — explica o Dr. Alexandre Ferreira, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.
 
Segundo ele, a Embrapa Milho e Sorgo vêm trabalhando no desenvolvimento de cultivares mais produtivas de sorgo sacarino e adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas do Brasil, além de desenvolver sistemas de produção compatíveis a essas diferentes realidades, visando obter uma alta eficiência na produção de etanol.

Serão geradas informações técnicas sobre a cultura que auxiliará o produtor na escolha da cultivar, época de plantio e tratos culturais de acordo com o nível tecnológico e a finalidade de sua lavoura — diz.

Ainda de acordo com Ferreira, os esforços para o aprimoramento dos sistemas de produção de sorgo sacarino em diferentes regiões do País e o desenvolvimento de novos cultivares possibilitará ao produtor maior estabilidade de produção.

Há várias pesquisas, em diferentes estágios, que estão sendo conduzidas pela Embrapa Milho e Sorgo. Por exemplo, na safra de 2012/2013 há expectativa de lançamento de duas novas cultivares pelos Drs. Rafael Parrela e Robert Schaffert. Espera-se que nessa mesma época as informações sobre os ensaios de sistema de produção que estão sendo conduzidos em diferentes regiões do Brasil estejam disponíveis para os produtores — conta ele.

Por outro lado, Ferreira não acredita que o sorgo sacarino possa vir a substituir a cana-de-açúcar.

Vejo o sorgo sacarino como uma cultura complementar à cana-de-açúcar para produção de etanol, podendo ser colhido na entressafra da mesma, assim reduzindo o período de ociosidade da indústria e favorecendo o corte da matéria-prima após maturação completa — afirma.

Para ele, a utilização das duas culturas como matéria-prima para a produção de álcool pode permitir um melhor uso dos colmos da cana-de-açúcar após atingirem a maturação completa, o que representa teores mais elevados de açúcares.

Gostaria de salientar que já há informações que possibilitam o cultivo do sorgo sacarino. O que estamos buscando é adequar ou refinar o sistema de produção às diferentes regiões do Brasil, visando maior estabilidade de produção — acrescenta o entrevistado.

Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Milho e Sorgo através do número (31) 3027-1267.