Publicado em: 29/08/2012 às 14:50hs
As pesquisas têm evidenciado os impactos negativos gerados pela adoção de tecnologias e práticas agrícolas inapropriadas, principalmente em áreas de clima tropical. A degradação dos solos brasileiros, por exemplo, seguiu padrões históricos semelhantes em diversas regiões.
Inicialmente, as florestas foram substituídas por lavouras, rompendo a ciclagem de nutrientes do ecossistema natural; em algumas décadas, a fertilidade do solo reduziu drasticamente, agravada pelo processo erosivo, e mais recentemente, o uso exacerbado de adubos sintéticos altamente solúveis e agrotóxicos contribui para o aumento da contaminação de água e dos alimentos.
De acordo com Anástácia Fontanetti, Professora da Universidade Federal de São Carlos, durante o 29º Congresso Nacional de Milho e Sorgo, que está sendo realizado em Águas de Lindóia, não se pode ignorar a necessidade de aliviar a degradação e pressão sobre os recursos naturais, se não pela tomada de consciência dos produtores, mas ao menos para atender as exigências do mercado. “Consumidores estão cada vez mais exigindo alimentos sadios, cuja produção não tenha posto em risco o ambiente e a saúde do trabalhador rural. Além disso, a sociedade deve valorizar e recompensar de forma adequada os produtores que manejem responsavelmente o ambiente e os recursos naturais como forma de compensação e incentivo pela conservação”, afirmou a Pesquisadora.
Neste contexto, os produtos gerados através do sistema orgânico de produção estão ganhando destaque no cenário mundial. Segundo Anastácia Fontanetti, a legislação brasileira considera sistema orgânico todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável. De acordo com a Organics Brasil, que reúne 72 empresas exportadoras de produtos processados, o mercado brasileiro cresceu 40% ao ano em 2010. No Brasil, as normas de produção, certificação e comercialização dos produtos orgânicos começaram a ser regulamentadas por meio da Instrução Normativa nº 7, de 17 de Maio de 1.999. Em 2001, foram criados os Colegiados Estaduais e o Colegiado Nacional de Produção Orgânica, além da Câmara Setorial da Agricultura Orgânica, no Ministério da Agricultura.
Sobre a produção de milho orgânico, a Pesquisadora destacou a importância da produção para as cadeias e aves e suínos. “Cerca de 70% a 80% da produção de milho no Brasil são destinados à avicultura e suinocultura. “No Censo de 2006, verificou-se que em 41,7% das propriedades orgânicas brasileiras, a atividade econômica predominante foi a pecuária. Este fato ressalta a necessidade da produção de milho em sistema orgânico, uma vez que esse cereal constitui boa parte das rações utilizadas”, afirmou. A Instrução Normativa Nº 46 estabelece que no sistema de produção orgânico-animal a alimentação deve ser oriunda da própria unidade de produção ou de outro sistema sob manejo orgânico. “Devido à baixa oferta e ao elevado preço dos componentes, o quilo da ração orgânica é aproximadamente 70% mais caro que o da ração convencional”, disse Anastácia Fontanetti. A chave para baratear este custo é o aumento da produtividade do milho orgânico. “Em 14 anos de produção, somente utilizando compostos orgânicos, temos atingido 5,5 hectares de produtividade. É notório o aumento das pesquisas e do desenvolvimento de tecnologias apropriadas ao sistema orgânico. A maior dificuldade é obter genótipos de milho não transgênico e ainda produzir o milho orgânico devido a necessidade do seu isolamento em relação às lavouras de milho transgênico , já que as próprias normas de coexistência estabelecidas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) não estão sendo obedecidas” , destacou.
Eduardo Prochnou, Engenheiro Agrônomo da Korin, empresa especializada na produção e venda de produtos orgânicos, destacou durante o 29º Congresso Nacional de Milho e Sorgo, o crescimento deste mercado. “Estamos atuando em grandes redes de supermercados e abrindo áreas também para franquias. Infelizmente temos a dificuldade da pouca oferta do milho orgânico e do alto custo para manter a produção de frango”, disse. “Em nosso centro de pesquisa, Mokiti Okada, desenvolvemos um grande trabalho neste sentido e vamos buscar cada vez mais o desenvolvimento deste mercado que tem um grande potencial econômico”, destacou.
O 29º Congresso Nacional de Milho e Sorgo é promovido Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS) e realizado pelo Instituto Agronômico (IAC), em conjunto como o Instituto Biológico (IB), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), os Polos Regionais (Apta Regional), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), que são órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O evento conta com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Milho e Sorgo) e do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).
Fonte: Assessoria de Imprensa 29º Congresso Nacional de Milho e Sorgo
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