Publicado em: 27/02/2012 às 13:40hs
Estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é que sejam colhidas 9,8 milhões de toneladas no ciclo 2011/2012. Este volume era calculado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para ser atingido daqui a duas temporadas agrícolas, de acordo com a projeção realizada para até 2021.
Motivos para este comportamento dos empresários do campo estão nos preços e no clima. Desde que houve valorização considerável no preço da saca, que durante o ano passado saltou de R$ 11 para R$ 23, muitos produtores começaram a investir no milho, comprando insumos, sementes e reservando área para o plantio.
Superintendente do Imea, Otávio Celidônio, revela que a decisão foi tomada entre setembro e outubro do ano passado, quando houve de fato a valorização. Naquele período, a demanda mundial pelo grão cresceu, havia pouca oferta e os preços dispararam, primeiro no mercado internacional e consequentemente no Brasil. Outra avaliação feita por Celidônio é de que tais projeções, como a realizada pelo Mapa para produção até safra 2020/2021, são lineares e que por isso as mudanças que ocorrem entre o início e o fim do período determinado podem ser alteradas, porque o mais importante é chegar no ano projetado com o volume, independentemente da trajetória.
Economista Adriano Figueiredo, especialista em agronegócio, afirma que existe toda uma conjuntura para explicar o atual momento da commodity. Segundo ele, o milho sempre tem que ser pensado paralelamente à soja, uma vez que ambos traçam comportamentos semelhantes com relação ao preço. Existe também o mercado de rações para produção de todos os tipos de carnes e como o consumo está em alta é natural que a demanda pelo cereal aumente.
Por fim, o economista apresenta o milho como alternativa para rotação de cultura, para depois da retirada da soja, assim como ocorre com algodão e girassol. “É um conjunto de fatores que atuam ao mesmo tempo, forçam os preços e apontam a direção para os produtores”.
Investidores - Expectativa foi grande com relação ao mercado do milho que uma pequena parte dos produtores mato-grossenses plantou o grão já na primeira safra, em detrimento da soja. Foi o que fez Antônio Lira, de Lucas do Rio Verde, que semeou 100 hectares, produzindo o milho safra, como é chamado. Explica que com relação à produtividade e preço, a experiência foi considerada positiva, porém que devido a ocupação dos silos pela soja, está difícil encontrar local para secagem do grão.
Diretor do Centro Grãos, João Birkhan, defende que esta antecipação em duas safras da produção em Mato Grosso é um bom sinal, visto que significa que os produtores terão maior renda. “Não se investe em uma cultura se o cenário não aponta que haverá mercado. Economicamente esta alternativa se mostra viável”. Mesmo com as quedas de preço que o grão vem passando nas últimas semanas no mercado internacional, Birkhan acredita em uma safrinha com bons preços este ano. Isso porque, analisa, a quebra de safra na região Sul fez com que o mercado interno também precisasse da produção mato-grossense.
Em Washington, para o Fórum Outlook da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o diretor-executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo revela que durante as apresentações foi apontado que os produtores de etanol de milho norte-americanos estão tendo prejuízos porque o governo retirou benefícios. Com isso, ele explica que deverá haver queda de produção para o próximo semestre, o que significa que haverá menos demanda e mais oferta de milho, apontando para uma possível desvalorização no mercado internacional.
Outro lado da produção - Enquanto os agricultores aproveitam o momento para investir no plantio do milho e aumentar a renda, aqueles que dependem do grão para produção de outras commodities amargam alta nos preços. Avicultura em Mato Grosso tem 50% de seus custos relacionados a rações, cujas principais bases são milho e soja. Presidente da Associação Mato-grossense de Avicultores (Amav/MT), Tarcísio Schroeter revela que o desembolso para produção teve uma alta de 30% no último ano em conseqüência da alta no preço.
Segundo ele, esta elevação não foi repassada ao consumidor final porque o mercado é regulado pela oferta e procura, ou seja, quando há demanda por carne e ovos os preços aumentam, caso contrário, independentemente do custo, eles caem. Com isso, a margem de lucro do segmento caiu de 20% a 22% para 12% a 15% em um ano.
Criadores de gado em confinamento também tiveram que repensar o planejamento depois da alta nos preços. Guilherme Tonhá, proprietário de um dos maiores confinamentos no Estado, revela que somente em Cuiabá reduziu de 17 mil para 9 mil o número de animais confinados. Ele explica que este tipo de investimento precisa ser bem avaliado para evitar prejuízos. Com os custos altos e os preços da arroba apontavam uma ligeira queda o número de animais a serem confinados foi revisto.
Seneri Paludo considera que a preocupação com custos de rações é mundial. Como explica, no Fórum Outlook foram debatidas alternativas para o segmento de carnes. “Caso os preços das carnes sejam mantidos ainda há viabilidade para produção, porém, se houver desvalorização os custos irão inviabilizar o negócio”.
Fonte: A Gazeta
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