Publicado em: 03/05/2012 às 19:20hs
Ampliação de lavoura: o produtor do Mato Grosso Nelson Vígolo plantou três mil hectares a mais de milho safrinha
Foi a época em que o milho segunda safra poderia ser chamado de safrinha. Isso porque em meados de 2005, quando o Brasil colhia sete milhões de toneladas na segunda safra do grão, contra os 27 milhões de toneladas da primeira colheita, o cereal ainda era visto meramente como opção para complementar a renda dos produtores, que apostavam principalmente no algodão, feijão e sorgo no plantio após a primeira colheita. Hoje, o Brasil já planta uma área de milho safrinha muito próxima, a área de primeira safra. Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a perspectiva para 2011/2012 é de uma produção de milho segunda safra de 25,8 milhões de toneladas, contra os 35,8 milhões de toneladas da estimativa da primeira safra deste ano. Enquanto a safra de verão deste ano se igualou aos volumes registrados no ano passado, a safrinha de milho deve crescer 20% em relação aos 21,4 milhões de toneladas de 2011. Segundo o diretor da Agroconsult, André Pessoa, três razões levaram a esse crescimento da safrinha: os altos valores pagos no ano passado, os problemas climáticos que afetaram o Sul do País, e a quebra esperada para a Argentina, que pode chegar a 7% da safra estimada. Sem contar a expectativa de estoques apertados nos Estados Unidos, que não conseguem expandir sua produção. “Esses fatores mostraram aos produtores que, se produzirem mais milho safrinha, ganharão mais”, diz Pessoa.
10,8 milhões de toneladas é o volume esperado para a segunda safra recorde do Mato Grosso, neste ano
Tanto isso é verdade que o produtor matogrossense Nelson José Vígolo, dono do Grupo Bom Jesus, de Rondonópolis, a 218 quilômetros da capital Cuiabá, resolveu ampliar sua área de milho de inverno, que já era extensa – 20 mil hectares –, para 23 mil de hectares nesta safra. “O milho está pagando bem, e a demanda está aquecida, então diminuímos a área de algodão para elevar nossos ganhos”, diz Vígolo, que espera colher aproximadamente 120 mil toneladas de milho este ano, contra as 100 mil toneladas do ano passado. O exemplo de Vígolo não é um caso isolado no Estado, que já plantou 2,4 milhões de hectares de milho safrinha – 38% a mais que no ano passado. Esse montante deve elevar a produção da segunda safra em Mato Grosso para mais de 10,8 milhões de toneladas de milho, um crescimento de 50% sobre 2011, e o novo recorde de produção estadual no País. “A pressão do mercado interno será tão grande que os importadores terão de pagar muito bem para levar o milho daqui”, diz Cleber Noronha, analista de mercado do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea). As perspectivas estão tão boas, com preços altos e clima favorável, que 70% da safra do Mato Grosso já foi comercializada até o mês passado. No mesmo período em 2011, apenas 32% da safra havia sido negociada.
O mesmo acontece em Goiás, na fazenda do produtor Eliezer Goulart, do Grupo Goulart. Ele não costuma vender antecipado, mas com os preços elevados não teve dúvida e negociou 15% de sua futura colheita. Goulart plantou 2,4 mil hectares de safrinha neste ano, 400 hectares a mais que no ano passado. Sua expectativa é de colher 11,5 mil toneladas, pouco mais de 10%. “Goiás inteiro resolveu ampliar a produção de milho safrinha por causa das quebras que vimos”, diz Goulart. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o Estado deve produzir nesta safra mais de 3,1 milhões de toneladas – 3,6% a mais que em 2011 – em uma área de 591 mil hectares, que supera em 10% a área anterior. “Se tudo continuar bem, os produtores terão margens maiores este ano com a venda de milho”, diz Goulart, que conseguiu até R$ 20 por saca em 2012 com as vendas antecipadas, valor 17% maior, que o obtido no mesmo período do ano passado”. Com isso, o Estado já é o quarto maior produtor de milho safrinha, atrás apenas do Paraná e Mato Grosso do Sul, que devem registrar uma safra de 6,7 milhões de toneladas e 3,9 milhões de toneladas, respectivamente.
Fonte: Revista Dinheiro Rural
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