Publicado em: 16/04/2013 às 17:30hs
A situação, que à primeira vista pode parecer um contrassenso, é mais um efeito devastador do caos logístico que assola o País. Produto há. O que não tem é transporte para levar o milho do Centro-Oeste para o Nordeste.
Hoje, apesar dos enormes congestionamentos nos portos, tem sido mais fácil atravessar 17 mil km de oceano até a China do que transpor 3,5 mil km entre Sorriso (MT), Recife (PE) e Fortaleza (CE), por exemplo. Com a safra de soja à plena carga e estradas em péssimas condições, os caminhoneiros se recusam a levar o milho até as cidades nordestinas. Quando raramente aceitam, o preço do frete dobra o valor do produto.
Uma das justificativas, além das deficiências da malha rodoviária, é que no transporte até os portos, o caminhão vai com soja e volta com fertilizantes, por exemplo. Para o Nordeste, além de gastar entre oito e 10 dias (dependendo da cidade) de viagem, a carreta sobe cheia, com milho, e volta vazia. "Junta-se a isso a nova lei dos caminhoneiros, que reduziu a carga horária dos profissionais e, consequentemente, diminuiu a frota de veículos disponível para o transporte no Brasil", afirma o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho.
A Conab, do Ministério da Agricultura, decidiu fazer três leilões para aquisição do produto, com para o Nordeste cláusulas que obrigam o vendedor a entregar o produto na região. No primeiro, realizado em março, o governo comprou 50 mil toneladas de milho por R$ 43 a saca - em Campinas, SP, uma das referências, o preço é de R$ 25.
Leilão nesta quarta-feira
Nesta quarta-feira, 17, a Conab promove outro certame para 103 mil toneladas de milho, que deverão ser entregues nos portos do Nordeste, das quais 30 mil virão para o Ceará. A expectativa é usar a cabotagem para fazer o transporte. "Neste caso, vamos fazer uma doação aos estados que poderão vender o produto a R$ 18,12 a saca", diz o diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Marcelo de Araújo Melo. Haverá outro leilão para compra de mais 70 mil toneladas.
Mais caminhões
Para os produtores locais, será preciso muito mais para resolver os problemas.
"Só entre os pequenos produtores a demanda é de 300 mil toneladas de milho", diz o presidente da Associação Cearense de Avicultura, João Jorge Reis.
Fonte: Diário do Nordeste
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