Fruticultura e Horticultura

Secretário da Agricultura da Bahia propõe ações para dar sustentabilidade do cacau cabruca

O cacau cabruca foi e é o grande responsável pela conservação do que resta da Mata Atlântica na Bahia, mas precisamos de ações para alcançar a sustentabilidade econômica das fazendas que utilizam esse sistema?


Publicado em: 14/11/2012 às 14:40hs

Secretário da Agricultura da Bahia propõe ações para dar sustentabilidade do cacau cabruca

Este foi um dos pontos defendidos pelo secretário estadual da Agricultura, (Seagri), engenheiro agrônomo Eduardo Salles, ao abrir oficialmente, representando o governador Jaques Wagner, na noite deste domingo (11), no Centro de Convenções de Ilhéus, o III Congresso Brasileiro do Cacau (III CBC), evento que reúne cerca de mil pesquisadores, produtores, políticos e estudantes.

Além da sustentabilidade do cacau cabruca, o secretário destacou a importância da defesa fitossanitária, com ações preventivas com relação à Monilíase do Cacaueiro, um perigo eminente; pregou a união dos produtores da região; a expansão de novas fronteiras, com cacau irrigado; a manutenção do parque industrial baiano, e o avanço na produção de cacau e chocolates de alta qualidade, além da busca de preços diferenciados para as amêndoas de cacau cabruca.

Responsabilidade de todos


Eduardo Salles afirmou que a preservação da Mata Atlântica na Bahia é dever de todos e não pode ser responsabilidade apenas dos produtores de cacau, que devido a isso não conseguem produtividade suficiente. Ele informou que já discutiu o assunto com o secretário de Meio Ambiente (Sema), Eugênio Spengler, que aguarda apenas a sanção do Código Ambiental para ver as possibilidades de executar o projeto apresentado pelos cacauicultores, Ceplac e Seagri, permitindo o manejo sustentável do cacau cabruca, através da utilização de árvores e replantio.

Trata-se de manejo florestal. Os produtores querem o direito de retirar algumas árvores por ano, repondo-as em número muitas vezes maior. ?A exploração florestal sustentável, além do cacau, representa sustentabilidade para os cacauicultores?, avalia o secretário da Agricultura.

Outra medida visando a sustentabilidade do cacau cabruca defendida por Salles é a realização de campanha de esclarecimento e de convencimento junto aos compradores nacionais e internacionais de cacau, com o objetivo de obter preços diferenciados para amêndoa de cacau cabruca. ?Temos que mostrar a importância social desse produto. Podemos comparar aos prêmios pagos aos produtos orgânicos e ao ?Fair Trade?, produtos que beneficiam a agricultura familiar?, afirmou.

Salles pregou mais uma vez a necessidade de os produtores de cacau da região se unirem, para construir uma forte representação, fator facilitador da defesa de suas demandas e avançar nos programas voltados para o cacau.

Lembrando que a região cacaueira é e sempre foi muito importante para a Bahia e para o Brasil, o secretário afirmou que ?além de diversificar, valorizar o cacau cabruca e avançar na agroindustrialização, precisamos expandir as fronteiras e produzir cacau irrigado, com alta tecnologia, no Extremo Sul e no Oeste do Estado, com o objetivo de manter o parque industrial existente?.

Monilíase do Cacaueiro


Além de destacar a importância da Defesa Fitossanitária, com relação à vassoura-de-bruxa, o secretário da Agricultura alertou para o perigo que representa a Monilíase do Cacaueiro, praga existente no Peru, perto do Acre. A Bahia saiu na frente dos demais estados produtores, elaborou um plano de contingência, e já formalizou parceira com a Ceplac para aprofundar as pesquisas sobre a praga. Uma especialista da Seagri/Adab já esteve em países produtores que fazem fronteira com o Brasil para ver como os técnicos estão enfrentando o problema.

Para o secretário, a Ceplac e a Fapesb, ligada à Secretaria de Ciências e Tecnologia (Secti) têm participação importantíssima nesse processo?, destacou Eduardo Salles, que na próxima semana terá audiência em Brasília, com a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, para tratar dessa questão.

Em fevereiro deste ano, o secretário da Agricultura e o diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres percorreram os estados do norte, e celebraram com eles termos de cooperação técnica, com o objetivo de desenvolver ações para prevenir a introdução da Monilíase do Cacaueiro (considerada uma das mais graves doenças da cacauicultura no mundo, e que causa perdas entre 50% a 100% dos frutos produzidos) em território nacional.

O risco de introdução da praga no território brasileiro e sua disseminação para os demais estados produtores de cacau é cada vez maior, haja vista o aumento do trânsito de pessoas e material vegetal entre as regiões com ocorrência da Monilíase na costa oriental da Cordilheira dos Andes e os estados brasileiros fronteiriços.

O congresso

Aberto oficialmente neste domingo pelo secretário da Agricultura e com as presenças do secretário de Produção de Agroenergia do Ministério Agricultura, Gerardo Fontelles, representando o ministro Mendes Ribeiro; do novo diretor geral da Ceplac, Helinton Rocha; reitora da Uesc, Adélia Pinheiro; diretor executivo da Car/Sedir, Vivaldo Mendonça; dos presidentes das câmaras setoriais do cacau nacional e estadual, respectivamente Durval Libânio e Isidoro Gesteira; do presidente da Associação de Produtores de Cacau (APC), Guilherme Galvão; do diretor da Biofábrica de Cacau, Henrique Almeida, e Adonias Filho, chefe do Centro de Pesquisas do Cacau/Ceplac, e um dos coordenadores do evento, dentre outros, o III Congresso Brasileiro do Cacau prossegue até o dia 14, debatendo o tema ?Inovação Tecnológica e Sustentabilidade?.

De acordo com Vivaldo Mendonça, diretor executivo da Car/Sedir, ?o congresso é uma iniciativa de grande importância pela discussão de arranjos tecnológicos para aumento da produção, índices de produtividade e estratégias de verticalização?.

O novo diretor geral da Ceplac, Helinton Rocha, destacou que a cultura do cacau na Bahia é diferente da realidade do Espírito Santo e do Pará, e assinalou que a parceria com a Seagri é estratégica para desenhar o fortalecimento e desenvolvimento da cacauicultura.

Fonte: SEAGRI BA - Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

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